002. There Is Something Wrong

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C A P Í T U L O  02
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But you’ll never know unless you walk in my shoes
You’ll never know 엉켜버린 내 끈
Cause everybody sees what they wanna see
It’s easier to judge me than to believe”

You Never Know, BlackPink

No hospital, Seul —— 01h53am

Sunoo corria pelos campos de flores, seus pés descalços afundando suavemente no tapete macio de pétalas. O perfume das flores envolvia o ar, doce e reconfortante, enquanto uma brisa suave brincava com seus cabelos, fazendo com que as mechas esvoaçassem em torno de seu rosto. À sua frente, um garotinho de cabelos dourados corria com passos rápidos, sua risada ecoando pelo campo como sinos ao vento. Cada som que escapava da criança fazia o coração de Sunoo se encher de uma alegria inocente, quase pura. A luz do sol tingia o cenário em tons suaves, fazendo cada flor brilhar com intensidade.

Sunoo sentia a relva sob seus pés, uma sensação de liberdade e leveza invadia seu corpo. O campo parecia infinito, um oceano de flores que se estendia além de qualquer horizonte, e ele não queria parar. A felicidade simples daquele momento fazia seus problemas parecerem insignificantes. O garoto estava sempre à frente, mas Sunoo não conseguia alcançá-lo. Quanto mais ele tentava correr, mais distante o menino parecia ficar.

—— Espere! Não vá tão longe! —— ele gritou, sua voz ecoando com uma leve urgência.

O garotinho se virou por um breve momento, seus olhos brilhando como o próprio sol, mas antes que Sunoo pudesse compreender a profundidade daquele olhar, o cenário ao seu redor começou a mudar. De maneira sutil, as flores começaram a murchar, perdendo suas cores vibrantes e se transformando em sombras. O chão antes macio tornou-se áspero, a relva confortável desaparecendo sob seus pés, substituída por uma terra fria e dura. O calor do sol deu lugar a um vento cortante e gelado, e as risadas da criança se dissiparam, deixando um silêncio pesado.

A escuridão avançou, como uma cortina negra sendo puxada sobre o campo, e Sunoo sentiu uma pressão no peito, como se a realidade estivesse puxando-o de volta. Ele tentou resistir, tentou permanecer naquele lugar de paz, mas a sensação de dor e desconforto o envolveu, forçando-o a abrir os olhos para um novo mundo.

Um som constante e agudo cortou o silêncio —— bip, bip, bip —— o eco de uma máquina que acompanhava cada batida de seu coração. Ele piscou os olhos lentamente, lutando para abrir as pálpebras pesadas. A luz fluorescente acima de sua cabeça piscava ritmicamente, e o cheiro inconfundível de antisséptico inundou suas narinas. Aos poucos, a imagem embaçada ao seu redor começou a tomar forma. As paredes brancas e estéreis, o monitor de sinais vitais ao lado da cama, e a sensação familiar do colchão do hospital debaixo de seu corpo dolorido.

Sunoo tentou se mover, mas seu corpo parecia feito de chumbo. Um gemido suave escapou de seus lábios quando tentou virar a cabeça, uma dor aguda perfurando seu crânio. Sem poder mover o pescoço, ele desviou os olhos pelo quarto, tentando entender onde estava. Seu olhar se fixou em um detalhe familiar: uma bolsa jogada em um canto do sofá. Um pequeno chaveiro de flor, desgastado pelo tempo, balançava na alça da bolsa —— o mesmo que ele havia dado à sua mãe anos atrás. O coração de Sunoo apertou. Ela está aqui.

Sua mão, trêmula e dolorida, desceu suavemente até sua barriga, e ele acariciou o local com delicadeza, como se estivesse à procura de algo. O pânico cresceu em seu peito, enquanto uma pergunta ecoava repetidamente em sua mente: A criança ainda está aqui? Ou também haviam tirado isso dele?

Let The World Burn For You  ┆  𝐒𝐔𝐍𝐒𝐔𝐍Onde histórias criam vida. Descubra agora