O vento associava nos seus ouvidos com força, sua juba loira perdia os seus cachos, mas ele poderia refaze-los depois, eram fáceis de fazer.
O que não era fácil, era viver sem o seu filhote.
Shehbui ainda se lembra de quando o segurou nos seus braços, uma vida tão pequena e frágil, mas que possuía tanta felicidade nos seus olhos que simplesmente iluminaram a vida solitária do homem.
O loiro não se dava bem com os seus semelhantes, mas de vez em quando caminhava entre eles, afinal, entre os humanos ele não poderia se misturar facilmente. Cedo ou tarde, alguém iria suspeitar da sua aparência e começar a fazer perguntas.
Mas depois do seu primeiro filhote, ele não estava mais solitária.
Anen. Foi esse o nome que ele tinha escolhido para o seu primeiro filhote.
Anen era um leão, assim como ele, mas com algumas características de bode e não tinha asas, mas elas não eram importantes, afinal, voar era uma coisa difícil de qualquer maneira. E como todo filhote, era cheio de energia e curioso sobre tudo ao seu redor.
Durante os próximos anos, Shehbui teve que vigiar o seu filho para que ele não se machucasse ou fosse picado por uma serpente. Foram longas centenas de anos criando aquele pequeno ser até ficar mais alto que o próprio pai.
Foram os anos mais felizes da sua vida.
Mas esses anos tinham que acabar...
Quando a maturidade do seu filho chegou, Shehbui sabia que iriam ter que despedir. Anen já tinha dois séculos de vida, a idade que todo Feral é considerado um adulto e sair dos cuidados dos seus pais.
Apesar dele ser um leão, e leões viviam em bandos, Shehbui queria que o seu filho vivesse a sua própria vida e fosse feliz. Assim como o Shehbui foi o criando.
Foi uma despedida dolorosa nos primeiros anos. A solidão nunca tinha sido tão evidente assim para ele na sua existência antes.
Mas então em um dia qualquer, algo mudou.
No início, o loiro sentiu uma leve coceira nas suas costas, como se alguém estivesse desenhando nele com a ponta de uma pena, achou que fosse uma lembrança sua de quando o seu filhote ainda era pequeno e ficava subindo nele para morder as suas orelhas. Então, ele notou algo estranho no seu corpo quando foi se banhar no rio Nilo.
Pontas de asas eram visíveis nas laterais do seu corpo, e elas se originaram das suas costas.
Ele estranhou a princípio, mas depois de longos dias tentando entender, Shehbui percebeu que poderia ser uma marca. A marca da sua alma gêmea.
Será que os primeiros deuses tiveram pena dele? Talvez sim. Afinal, o Grande Nun era um ser solitário antes da chegada do seu companheiro.
Seja que for o motivo, o leão tinha um novo motivo na sua longa vida.
Achar o seu companheiro, e ter mais filhotes.
Então ele vagou pelo Egito, procurando o seu companheiro destinado, mesmo ele não tendo ideia de quem deveria procurar especificamente. Entre os humanos ele não achou, entre os ferais, ele também não achou. Sua única alternativa foi procurar entre os deuses, mas tinha um problema.
Os deuses não gostavam muito dos ferais.
Apesar dos ferais serem considerados pelos humanos como deuses também, as duas espécie não se davam muito bem. Os deuses achavam os ferais como selvagens que viviam nas cavernas, e os ferais achavam os deuses seres mesquinhos com um grande ego.
Mas se Shehbui quisesse ter os seus futuros filhotes, ele teria que ser arriscar entre os deuses para achar o seu futuro companheiro.
Primeiro, ele começou com os deuses menores ou que eram poucos conhecidos, que era um número surpreendentemente grande, então provavelmente ele levaria mais tempo procurando entre eles.
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No Meio Do Deserto
FanfictionENNEAD- AU soulmate Depois da criação do mundo e da Deusa Rá, todos os seres vivos, tanto humanos quanto deuses tinha a marca da sua alma gêmea, mas Seth não tinha a marca e seu erro foi viver sem ela. Então, depois de matar Osíris e assumir o pod...