14. Azul tão peculiar

141 23 6
                                    

Quando os sacerdotes do templo acordaram, descobriram que o Deus da Guerra e Faraó do Egito tinha chegado em Themmis.

Eles ficaram muito exaltados, pois eles ainda não tinham feitos todos os preparativos para a recebê-lo e nem esperavam que ele trouxesse o seu primogênito junto. Então pode imaginar a quantidade de sacerdotes gaguejado ao se dirigirem ao Governador do Egito.

O deus da guerra pouco se importou com a falta de uma recepção adequada. Ele apenas pediu para falar com o alto sacerdote responsável pelo templo, para discutir um assunto com ele. Já o semideus, decidiu conversar com os novos sacerdotes para saber como as coisas estavam andando.

-Que tipo de assunto o meu senhor gostaria de falar? -Perguntou o alto sacerdote, um homem idoso com as costa já fracas, então tinha que andar sempre com uma bengala.

-Eu vim aqui atrás de alguém. -Comenta Seth, estudando a sala em que eles estavam. -Eu soube pela minha fera que a encontrou nesse templo há dois dias atrás. Sabe se alguém esteve aqui durante esses dias?

O ancião lambeu os lábios secos e se sentou em uma cadeira. Ele ficou batendo os dedos da mão na bengala, talvez relembrar sobre se tinha visto um visitante novo no templo, o deus sha só esperava que ele não demorasse muito pra se lembrar. Então, o ancião bateu a bengala duas vezes no chão e se virou pro ser divino.

-Um menino.

-O que? -Seth levantou uma sobrancelha, mas o cocar o escondia.

-Há duas noites, um soldado trouxe um menino perdido para o templo. -Começou o ancião. -A criança estava desabrigada e carregava um falcão nos braços. Ele também é meio pequeno, acho que ele tem sete ou oito anos, mas parece ser bem saudável. -O idoso se virou para olhar pro faraó com os seus olhos pretos. -Esse menino foi o único que apareceu por aqui nos últimos dois dias, meu senhor.

Seth refletia sobre as palavras do sacerdote. A sua marca tinha surgido há quatro décadas atrás, mas o único ser que tinha aparecido ali era uma criança?

Ele descartou o soldado da história, pois o seu sha permaneceu no templo durante dois dias e duas noites, então o sujeito que ele estava procurando ainda estava no templo. Mas saber que era uma criança o deixava meio estranho.

-O menino...ele ainda está por aqui?
---
-Como é que você conseguiu isso, Hórus? -Perguntou Tarek pro menino de olhos azuis.

Os três garotos estavam no pátio do templo, aproveitando a luz do sol e comendo alguns petiscos que Tarek tinha roubado da cozinha, o que lhe rendeu um sermão do Chons sobre seguir os mandamentos de Maat.

-Você vai pra Duat se continuar roubando comida. -Comenta o mais, mas ele também estava comendo os petiscos, afinal, era as poucas vezes que o templo preparava tanta comida e eram os seus preferidos de qualquer maneira.

-Sei. -Disse o menino se virando pro amigo, depois voltou o seu olhar pro Hórus, que estava ao lado deles e comendo os petiscos também, mas o grande canino estava com ele também, por algum motivo. -Ei, Hórus! Ainda não respondeu a minha pergunta.

O menino virou o rosto para encarar o amigo. -Desculpe, me distrai. Qual foi a pergunta?

-Como é que você conseguiu fazer ele te seguir? -Perguntou apontando pro cão ao seu lado.

O menino apenas deu de ombros. -Não sei. Ele apenas me segue.

-Porra. Cê é um imã pra animais, guri. -Tarek disse, enquanto recebia um tapa na nuca. -Ai!

-Controle a língua, garoto. -Disse uma idosa que estava caminhando por lá. -Principalmente hoje. -Depois, ela foi embora, junto com outras sacerdotisas.

No Meio Do DesertoOnde histórias criam vida. Descubra agora