Capítulo um, parte um - De algum jeito, eu sei que Perseu vai estragar tudo.

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_*Pov: Amara*_
Ah, oi. Você voltou. Eu não achava que ninguém ia querer ler isso, mas ok.
Como eu disse no final do último capítulo, meu nome é Amara Le Blanc, e eu me mudei de cidade. Mas, isso já faz sete anos. Tenho doze anos de idade, fiquei pulando de escola em escola assim como Mizuki, porque seu irmão, Perseu, vivia sendo expulso. Minha última escola até agora foi a Academia Yancy, isso mesmo, a escola para crianças problemáticas. Eu não sou problemática, bom, mais ou menos, mas não é porque eu quase comprei mercúrio ilegal que eu devia estar em um internato! É tudo culpa do Perseu por ficar sendo expulso de todas as escolas que a gente frequenta. Enfim, ia tudo de mal a pior, mas nada poderia ter sido mais horrível do que o que aconteceu no último mês de maio, quando nossa turma do sexto ano fez uma excursão a Manhattan. Trinta crianças e dois professores em um daqueles ônibus escolares tão amarelos que te dão dor de vista indo para o Metropolitan Museum of Art, só pra ver umas estátuas, e estatuetas, e figuras, e sei lá mais o quê, gregas e romanas. A maioria dessas excursões da Yancy eram torturas psicológicas disfarçadas de passeios escolares, mas o nosso professor de Latim, sr. Brunner, era quem guiaria a nossa excursão, o que dava esperanças para mim, Mizuzu e Perseu.

Sr. Brunner, um homem de meia-idade que usava uma cadeira de rodas motorizada, tinha uma barbicha meio desregulada, cabelo ralo e vivia com um casaco desgastado que SEMPRE cheirava a café. Algumas crianças não gostavam dele, mas o seu humor e personalidade me deixavam cativada, principalmente por conta de sua coleção de armas e armaduras romanas, então eu sempre ficava mais entretida em suas aulas.
Nós esperávamos que desse tudo certo pra essa excursão. Ou, no mínimo, rezamos para que Perseu não se metesse em encrencas de novo e acabassemos todos mudando de escola novamente.
Eu não sabia o quão errada eu estava.
Entendam: coisas ruins sempre acontecem quando o Perseu Jackson está por perto. PRINCIPALMENTE em excursões escolares. Ele explodiu um ônibus da escola uma vez, sabiam? E outra vez, ele encharcou a turma inteira por conta das bobeiras dele. E uma outra vez, ele... Ah, não vale nem a pena ficar falando.
Eu fiz ele PROMETER que não ia fazer nada ruim nessa viagem.

Ao longo do caminho para a cidade, eu fiquei conversando com Mizuki, e de vez em quando olhava pro lado só para ver aquela sarnenta da Bobofit acertando a cabeça do pobre Grover com pedaços de um nojento sanduíche de manteiga de amendoim com ketchup.

— Ugh... Será que essa garota não vai amadurecer nunca? — sussurrei para Mizuki
— Eu ainda vou deixar essa menina careca, Amara. Você vai ver, eu ainda vou estourar com essa garota... — ela disse com raiva, ela obviamente estava tão irritada quanto eu sobre a situação.
— Deixa quieto. A gente não quer ser expulsa, não é? Mudar de escola é um saco.
Eu disse com um tom calmo, mas meu sangue estava fervendo enquanto via o garoto magrelo tentar se desviar dos pedaços de pão.
— Do mesmo jeito... Eu sinto vontade de colocar ela no lugar dela. Quem ela acha que é para ficar tratando os outros assim? Ela se acha a última bolacha do pacote ou o que? Isso é completamente injusto! Os professores sabem o que os alunos sofrem nas mãos dessa garota e não fazem nada em relação a isso.
— Não é problema nosso. Depois a gente ajuda ele a se limpar, não podemos arriscar tudo só por isso... — eu sussurrei. Grover era um garoto do sétimo ano, com espinhas na testa, uma pequena barba crescendo, como dito antes, magrelo, e como Perseu gostava de chamá-lo às vezes, aleijado. Mesmo com esse apelido, ele ainda era o cara que sempre chegava primeiro quando comidas boas estavam na cafeteria.
Bobofit continuou com a palhaçada, sabendo que nenhuma das pessoas que realmente se importassem poderiam fazer algo.
— Ah, que droga... Como eu quero acabar com ela... — murmurei.
Toda vez que eu penso sobre isso... Nossa, como eu queria ter socado a fuça daquela sarnenta. Expulsão era mil vezes melhor do que estava prestes a acontecer.

O sr. Brunner estava guiando o passeio pelo museu.
Em sua cadeira de rodas, ele conduzia a gente pelas enormes galerias, nossos passos causando ecos por mais quietos que tentávamos ser, enquanto passávamos pelas antiguidades que eram as estátuas de mármore e cerâmica protegida por caixas de vidro.
Só de pensar no quão velho isso tudo era... Me dava arrepios.
Ele nos reuniu em volta de uma coluna de pedra de uns 4 metros de altura, e uma grande esfinge ao seu topo.
Ele explicou que o que víamos era um marco tumular, uma "estela", feita para uma menina de uns 12-13 anos, e contou-nos sobre as inscrições em sua lateral. Eu estava achando a explicação interessante, porém muitos outros não pareciam pensar o mesmo, pois eles continuavam falando. Perseu tentou os silenciar, mas a sra. Dodds, a outra professora que estava conosco, calava ele com o olhar feio dela. Sinceramente, foi um dos únicos momentos em que eu gostaria que ouvissem Percy mais...
A sra. Dodds era nossa professora de matemática, ela usava roupas de couro como se quisesse parecer descolada, e havia entrado no meio do ano quando a outra moça que nos dava aula teve um colapso nervoso por eu viver corrigindo ela. Eu não fiz por mal, tá bom? Eu só... Via coisas erradas e fazia questão de corrigir elas! Não achei que ela se sentiria mentalmente pressionada!
Bom, enfim. Desde o primeiro dia da Dodds, ela sempre teve favoritismo com aquela sarnenta, e sempre agiu como se eu, Mizuki e Perseu fôssemos o Anti-Cristo, sempre ameaçando o Perseu com detenção, suspensão e até mesmo expulsão, se é que ela podia fazer isso…

Surpreendentemente, ninguém morre no final - Percy Jackson e o Ladrão de RaiosOnde histórias criam vida. Descubra agora