Capitulo 3 -Eu nem sei se você existiu

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Eu nem sei se você existiu
Ou é um devaneio que eu criei pra mim
Se quiser partir, deixa tudo assim
Nós somos personagens pra morrer no fim
Eu nem sei pra onde você vai
Quando cê decide ir pra longe de mim
Se quiser partir, deixa...
Deixa tudo assim
Bem longe do fim

O fim entre Rayssa e Nathalia foi uma lenta deterioração, como uma corda desgastada que, com o tempo, finalmente cede. Apesar dos inúmeros altos e baixos que enfrentaram juntas, o esgotamento emocional, combinado com a pressão constante de suas vidas públicas, culminou em uma despedida inevitável.

Após a vitória de Rayssa no campeonato em São Paulo, um triunfo que deveria ter sido um momento de celebração, a dor e o esgotamento prevaleceram. A queda que ela sofreu durante a competição foi um reflexo físico da batalha interna que travava, uma batalha que já durava semanas. A dor física parecia insignificante em comparação à dor emocional que corroía lentamente a relação com Nathalia.

A decisão de terminar foi tomada durante uma ligação telefônica que começou hesitante, como se ambas tivessem medo das palavras que estavam prestes a ser ditas. Nathalia, já em sua casa no Rio de Janeiro, não conseguia mais sustentar a relação sozinha. A mágoa acumulada pelas brigas e pela distância emocional era um peso insuportável em seus ombros.

— Eu não consigo mais, Rayssa — disse Nathalia, com uma voz que parecia tão frágil quanto sua determinação. — Eu tentei, mas tô cansada de lutar sozinha. A gente se perdeu, e eu... eu não tenho mais forças pra continuar.

Rayssa ouviu em silêncio, as palavras de Nathalia atingindo-a como um golpe inesperado, mas de certa forma, esperado. Ela sabia que esse momento chegaria, mas a realidade de ouvir aquelas palavras ainda era devastadora. Queria lutar, queria pedir para que Nathalia ficasse, mas o cansaço era avassalador. A luta interna para ser a pessoa que Nathalia precisava tinha exaurido cada pedaço de energia que ainda lhe restava.

— Eu entendo, Nathalia... — Rayssa respondeu, sua voz falhando enquanto tentava manter a compostura. — Eu queria ser mais forte, queria ser capaz de consertar as coisas... Mas parece que tudo que a gente faz é se machucar. E eu não quero mais te ver sofrer por minha causa.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Nathalia sabia que essa era a decisão certa, mas a dor de abrir mão de alguém que amava era como arrancar uma parte de si mesma. Ela sentiu as lágrimas queimando em seus olhos, mas manteve a voz firme.

— Eu também te amo, Rayssa. Sempre vou amar, mas eu preciso ir — Nathalia sussurrou, a voz embargada pelas lágrimas.

Rayssa, com o coração partido, respondeu com um tom tão suave quanto a dor que a esmagava. — E é por isso que eu vou te deixar ir. Eu só quero que você seja feliz, mesmo que não seja comigo.

A ligação terminou, deixando ambas em um vazio que era ao mesmo tempo um alívio e uma tortura. Para Nathalia, a sensação era de que a decisão de terminar era inevitável, mas o peso da perda era algo que ela não havia previsto. Retornar ao Rio sem Rayssa significava encarar uma nova realidade, uma vida onde a ausência de Rayssa seria tão palpável quanto sua presença. Era como se cada canto de sua casa, cada rua da cidade, guardasse uma memória delas juntas.

Rayssa, por outro lado, ficou em São Paulo, rodeada pela confusão e pelo caos da vida de uma campeã, mas sentindo-se completamente sozinha. O brilho das luzes do campeonato, os aplausos da plateia, tudo parecia vazio agora. O celular em sua mão era um lembrete constante da ligação que mudou tudo, da escolha que ela fez de deixar a pessoa que amava partir. O sucesso no skate, algo que sempre foi sua maior paixão, agora parecia insignificante diante da perda de Nathalia.

Enquanto Rayssa tentava se ocupar com compromissos e treinamentos, a dor do término permeava cada momento de silêncio, cada pausa em sua rotina frenética. O que deveria ser um período de celebração pela conquista do campeonato tornou-se uma reflexão amarga sobre o que ela perdeu. Nathalia era mais do que uma namorada; ela era sua confidente, sua maior apoiadora, a pessoa que sempre acreditou nela, mesmo quando ela mesma duvidava.

No Rio de Janeiro, Nathalia tentava seguir em frente, mas as lembranças de Rayssa estavam em todos os lugares. Cada música que tocava, cada lugar que visitava, tudo parecia ser um lembrete constante do que elas tinham e do que foi perdido. O esforço para se distanciar emocionalmente era inútil. Nathalia sentia falta de Rayssa de uma maneira que ela não sabia como lidar.

Dias se passaram, e a dor da separação só parecia aumentar. As duas estavam presas em suas próprias tempestades emocionais, tentando encontrar uma maneira de seguir em frente. Mas cada tentativa de esquecer só tornava as memórias mais vivas. O término não era apenas o fim de um relacionamento; era o fim de uma parte delas que elas não sabiam como recuperar.

A ligação que encerrou tudo foi o fim de uma era para Rayssa e Nathalia. Não havia vencedores nessa situação, apenas duas pessoas que se amavam profundamente, mas que não conseguiam mais se encontrar. O amor que as uniu agora era uma lembrança dolorosa do que poderia ter sido, um constante lembrete do que elas perderam. E assim, ambas seguiram em frente, mas sempre com a sombra de uma ligação telefônica que mudou tudo.

Quando o Silêncio Fala - Rayssa Leal Onde histórias criam vida. Descubra agora