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Já era madrugada e todos no quarto estavam dormindo profundamente. O silêncio era interrompido apenas pelo som suave da respiração das meninas. No entanto, Eloise não conseguia encontrar paz. Seu sono foi invadido por pesadelos perturbadores, todos relacionados à sua lesão. Na escuridão do quarto, ela se remexia na cama, angustiada, revivendo o momento doloroso repetidas vezes em sua mente.

Finalmente, Eloise acordou, ofegante. Sentiu a testa úmida de suor e, com um suspiro pesado, mexeu no cabelo tentando se acalmar. Pegou o celular ao lado da cama e viu que eram 04:00 horas. Tentou fechar os olhos novamente, desejando desesperadamente voltar a dormir, mas o sono não veio. Aquele pesadelo ainda pairava sobre ela, não deixando sua mente em paz.

Decidida a não ficar ali deitada, se levantou com cuidado para não acordar as outras meninas, pegou seu skate e saiu silenciosamente do quarto. Desceu até o primeiro andar do hotel, onde as luzes estavam fracas e a recepção vazia. Ao passar pela porta de vidro, sentiu o ar fresco da madrugada tocar seu rosto. Sem pensar muito, decidiu ir para uma pista pública ali perto, um lugar que ela havia notado durante o dia.

Chegando à pista, Eloise colocou o skate no chão e começou a praticar. A cada manobra, ela desafiava os fantasmas do passado, revisitando justamente aquelas que haviam causado sua lesão. O medo estava lá, presente em cada movimento, mas ela se forçava a enfrentá-lo, a superá-lo. A madrugada avançava, e o som das rodinhas do skate ecoava solitário na pista, acompanhando a determinação silenciosa de Eloise em superar o trauma que ainda a assombrava.

Sua frustração aumentava a cada erro, cada falha trazendo à tona a lembrança dolorosa de sua lesão. Eloise tentava se concentrar, mas a pressão que colocava sobre si mesma tornava tudo ainda mais difícil. Após mais uma tentativa frustrada, ela finalmente parou, sentindo o peso da exaustão física e emocional. Sentou-se na beirada da pista, olhando para o horizonte enquanto suspirava profundamente, tentando acalmar o turbilhão dentro de si.

Por mais que quisesse continuar, sabia que seu corpo e mente precisavam de descanso. Com o coração ainda pesado, pegou seu skate e começou a caminhar de volta para o hotel, os passos lentos refletindo seu cansaço. Quando chegou ao quarto, as meninas ainda dormiam tranquilamente. Eloise se deitou na cama, mas o sono não veio facilmente. Seus pensamentos giravam em torno das classificatórias que se aproximavam, alimentando sua ansiedade.

Ela sabia o quanto essas preliminares eram importantes, o quanto queria se redimir e mostrar que estava pronta para chegar à final. No entanto, quanto mais pensava, mais a ansiedade crescia. O medo de falhar novamente era um peso constante em seu peito. Ela olhou para o teto, tentando encontrar alguma calma no silêncio da madrugada, esperando pacientemente até que fosse hora de se levantar e se preparar para o dia decisivo que a aguardava.
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Eloise finalmente conseguiu pegar no sono, embora não fosse um sono profundo e reparador. Foi como se tivesse piscado os olhos quando, de repente, Liz a acordou, sacudindo-a suavemente.

— Diaz, acorda. Tá na hora de se arrumar para as classificatórias — disse Liz, com um tom gentil, mas firme.

Ainda meio sonolenta, Eloise se levantou da cama, tentando afastar o cansaço que ainda pesava sobre seus ombros. Sabia que precisava se concentrar e preparar a mente e o corpo para o que estava por vir. Sem perder tempo, foi direto para o banheiro, onde tomou um banho rápido e revigorante. A água fria ajudou a clarear seus pensamentos, trazendo um pouco mais de foco.

Depois do banho, escolheu uma roupa leve com detalhes do Brasil, algo que a fizesse sentir confortável e conectada ao país que representava. Colocou a camiseta com orgulho, sentindo a responsabilidade e o peso daquele momento, mas também a motivação que isso. Logo depois pegou seu skate e, respirando fundo, saiu do quarto pronta para enfrentar o dia que a aguardava.

As classificatórias estavam logo ali, e Eloise sabia que era agora ou nunca. A ansiedade ainda estava lá, mas ela tentou transformá-la em determinação enquanto caminhava com as meninas para o local da competição.

Assim que chegamos ao local da competição, nos deparamos com a agitação habitual antes de um grande evento. Skatistas de vários países já estavam por ali, aquecendo e trocando palavras de incentivo. Cassandra e eu nos aproximamos de Paola Garcia, uma skatista com quem sempre era bom conversar. Enquanto estávamos ali, rindo e conversando sobre as expectativas para o dia, meu olhar foi atraído por uma cena do outro lado da pista.

Vi Rayssa conversando animadamente com Yuto e alguns outros skatistas. Algo nele me fez parar por um momento. Enquanto o observava, um estranho déjà vu tomou conta de mim, como se eu já tivesse conhecido Yuto em algum lugar antes, mesmo sabendo que isso era improvável. A sensação era inquietante, mas não consegui desviar o olhar de imediato, tentando entender de onde vinha aquela familiaridade inesperada. Era como se uma parte de mim estivesse tentando lembrar de algo perdido no tempo.

As classificatórias começaram com os meninos primeiro. Eu, Cassandra e Rayssa encontramos algumas cadeiras próximas à pista e nos sentamos, observando as posições dos skatistas na tabela. Enquanto Cassandra comentava sobre os favoritos, Rayssa compartilhava suas expectativas com entusiasmo. Eu tentava manter a calma, mas a ansiedade era difícil de ignorar. Sabia que, quando chegasse nossa vez, a competição seria intensa.

Cassandra percebeu meu nervosismo e, em seu estilo descontraído, olhou para mim com um sorriso.

— Você quieta assim é estranho, Diaz — disse, brincando, tentando aliviar a tensão.

Olhei para Cassandra e ri, aliviando um pouco a tensão. Ela bagunçou meus cabelos com um gesto carinhoso, e nos voltamos para a competição. O primeiro a entrar na pista foi Nyjah Huston. Ele começou com alguns flips para aquecer e, em seguida, mandou suas manobras com precisão. Saiu da quinta posição direto para o primeiro lugar.

Logo depois, era a vez do Giovanni, da nossa seleção. Ele conseguiu garantir o segundo lugar, levantando o moral do nosso time. Vários outros skatistas marcaram seus pontos, mas o que me deixou mais atenta foi quando chegou a vez de Yuto. Rayssa, já animada, começou a gravar a performance do amigo.

Cassandra olhou para mim com um sorriso malicioso e comentou.
— Seu namorado vai começar agora.

Ri e entrei na brincadeira, dizendo:

— Ele vai mandar uma manobra incrível só pra mim, pode esperar.

Começamos a rir, e Rayssa, ouvindo a conversa, se juntou a nós com um sorriso travesso.

— Vou mostrar essa gravação pro Yuto e traduzir tudo o que vocês disseram — ameaçou, brincando.

Eu, sem perder o ritmo, retruquei.
— Nem ouse, Rayssa!

— Nem ouse, Rayssa!

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ᴛʜᴇ ᴘɪꜱᴛ | Yuto horigomeOnde histórias criam vida. Descubra agora