𝐂𝐚𝐢𝐫 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐋𝐞𝐯𝐚𝐧𝐭𝐚𝐫

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**POV Paige**

Eu podia sentir a pressão crescendo dentro de mim. Os músculos estavam tensos, o ar parecia mais pesado, e, a cada minuto que passava, a expectativa só aumentava. Eu sabia que a competição estava acirrada e que precisava fazer algo que ninguém esperava. Precisava de um truque que mostrasse a todos que Paige Heyn não era apenas mais uma competidora. Que eu tinha o que era necessário para ser a melhor.

O locutor anunciou meu nome mais uma vez. A multidão se aquietou, e, por um segundo, tudo ao meu redor ficou em silêncio. Mas, lá no fundo, sabia que o barulho interno continuava. Aquela voz que sempre me dizia que, independentemente do que eu fizesse, nunca seria boa o suficiente. Que sempre haveria alguém melhor. Que sempre haveria Rayssa.

Fechei os olhos por um momento, buscando concentração. Minha respiração estava rápida e superficial, mas eu precisava de foco. Precisava me recompor.

Eu ia fazer algo grande – uma manobra arriscada. Algo que, se desse certo, poderia mudar a maré a meu favor. Mas o risco também era alto. Eu sabia disso, mas talvez parte de mim quisesse o perigo. Queria testar os limites, ver até onde eu poderia ir.

Posicionei-me no topo da rampa, meu skate firme debaixo dos pés. Era agora ou nunca. O silêncio na minha mente foi rapidamente substituído pelo som da multidão, pela batida dos meus pés contra a madeira, pelo zumbido da adrenalina correndo em minhas veias. Eu estava voando.

Eu vinha preparada para tentar um *720 flip*, uma das manobras mais difíceis que eu poderia executar. Sabia que se acertasse, poderia impressionar até os mais céticos. Rayssa estava na minha mente, mas de uma forma que parecia me puxar ainda mais para o risco. Era quase como se eu estivesse competindo diretamente com ela, e não com as outras competidoras.

Subi ao ar, sentindo o skate girar sob meus pés. Era como se o tempo tivesse desacelerado, e por um momento, eu pensei que havia conseguido. O vento batia forte contra meu corpo, e, por uma fração de segundo, tudo parecia perfeito. Mas então… a gravidade me puxou de volta, e foi rápido demais. Meu corpo não estava na posição certa para aterrissar.

Eu caí com força.

A dor explodiu no meu tornozelo, irradiando pela perna, e todo o meu corpo parecia colidir com a rampa. Eu ouvi o "oooh" coletivo da plateia, mas não consegui me concentrar neles. Tudo o que eu conseguia sentir era a dor latejante e a sensação de falha. Meu orgulho estava destruído.

Lutando para me levantar, fiz o possível para não demonstrar a extensão do meu desconforto. Sabia que todos estavam olhando. Eu podia sentir os olhos de Rayssa sobre mim. Não queria que ela me visse assim, vulnerável, falha. Isso só a faria pensar que eu era mais fraca do que ela já achava.

Mas eu estava derrotada. O peso da expectativa, o fracasso público... tudo era demais para suportar.

Com o coração acelerado e o corpo gritando de dor, fiz o impensável: fugi. Deixei meu skate de lado e saí da pista, apressada, ignorando os olhares preocupados e as perguntas da equipe. Eu só queria um lugar onde pudesse desmoronar sem ser vista.

Corri em direção ao banheiro, minha visão embaçada pelas lágrimas que eu me recusava a deixar cair. Abri a porta com força, quase derrubando alguém que estava saindo, e me joguei dentro de uma das cabines. Abaixei a tampa do vaso e me sentei, apoiando os cotovelos nos joelhos e enterrando o rosto nas mãos. As lágrimas finalmente caíram.

Por que eu estava chorando? Não era só pela dor física. Eu já tinha caído antes, mais vezes do que podia contar. Mas era o peso de tudo – a expectativa, a pressão, a comparação constante com Rayssa. Por mais que eu tentasse não me importar, por mais que eu dissesse a mim mesma que não precisava competir com ela, algo sempre me empurrava nessa direção. Sempre era ela.

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**POV Rayssa**

Quando vi Paige cair, algo dentro de mim se apertou. Eu sabia que o que ela estava tentando era arriscado, mas eu também sabia o quanto ela se pressionava. E essa pressão... bem, eu conhecia bem aquela sensação. Mas havia algo mais. Talvez fosse a forma como ela se levantou rapidamente, tentando parecer que estava bem, mesmo quando claramente não estava. Era o jeito como ela fugiu da pista, sem sequer olhar para ninguém, claramente querendo esconder sua dor.

Eu hesitei por um segundo. Não tínhamos exatamente a melhor das relações. Ela mal falava comigo, e, quando falava, era com aquele tom de desprezo que eu fingia ignorar. Mas, por alguma razão, não consegui deixar isso de lado. Não consegui simplesmente ignorar o fato de que ela estava machucada – e, se eu fosse honesta comigo mesma, não era apenas fisicamente.

Enquanto todos os outros ficavam distraídos com o próximo competidor, eu segui Paige discretamente. Vi quando ela entrou no banheiro e esperei um momento, perguntando-me se isso era realmente uma boa ideia. Talvez ela quisesse ficar sozinha. Talvez eu só piorasse as coisas ao aparecer.

Mas, no final, decidi que não podia simplesmente fingir que não vi. Respirei fundo e entrei no banheiro. O som abafado de soluços veio de uma das cabines. Eu sabia que era ela. Meu coração apertou de novo.

"Paige?" chamei baixinho, me aproximando da porta entreaberta.

Não houve resposta imediata. Apenas mais silêncio, como se ela estivesse tentando se recompor rapidamente. Mas eu sabia que ela estava ali. Respirei fundo e bati de leve na porta.

"Paige, sou eu. Rayssa," murmurei, tentando manter minha voz suave. "Você está bem?"

A resposta foi uma risada amarga e engasgada. “Claro que não estou bem,” ela murmurou, com a voz embargada pelas lágrimas.

Abri a porta devagar e vi Paige sentada no chão, as pernas puxadas para o peito e os olhos vermelhos. A visão me fez parar por um segundo. Era estranho ver essa versão dela, tão vulnerável. Tão diferente da garota forte e destemida que eu estava acostumada a ver na pista.

Sem pensar muito, me ajoelhei ao lado dela. "Você não precisa fazer isso sozinha," falei suavemente, hesitante.

Ela ergueu os olhos para mim, e por um segundo eu vi toda a dor e frustração que ela estava carregando. “Por que você está aqui?” A pergunta dela não foi dura, mas sim exausta. "Você deveria estar rindo de mim, não?"

Balancei a cabeça. "Não estou aqui para rir, Paige."

Ela ficou em silêncio por um momento, e eu também. O som dos soluços abafados foi diminuindo até que restou apenas o som da nossa respiração. Fiquei ali, ao lado dela, sem dizer mais nada. Às vezes, não há palavras que possam consertar algo. Às vezes, tudo o que podemos fazer é estar lá. paige diz

Por Que Logo Você? - Paige X RayssaOnde histórias criam vida. Descubra agora