VII. Passeio.

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ELLIE CARTER

A brisa suave de Paris acariciava meu rosto enquanto caminhávamos pelo estádio em direção à saída, rodeada pelas risadas das meninas e a energia vibrante das minhas filhas. No entanto, por mais que eu tentasse me focar no presente, meu coração estava em tumulto. O jogo havia sido incrível; marcar dois gols e ajudar minha equipe a vencer sempre trazia uma sensação de realização. Mas hoje, havia algo a mais, algo que me deixava inquieta, como uma sensação que eu não conseguia identificar completamente.

Conforme caminhávamos, Lily estava encantada com as ginastas ao nosso redor, especialmente Rebeca. Ela não parava de pular de alegria e fazer perguntas sobre as competições, mas meus pensamentos estavam em outro lugar. Eu me peguei observando Rebeca de soslaio, tentando entender o que estava acontecendo dentro de mim.

Desde que nos conhecemos, Rebeca havia se tornado uma presença constante em meus pensamentos. Eu tinha tentado racionalizar tudo isso como uma conexão natural, considerando nossas vidas similares como atletas, mas ultimamente, percebi que não era só isso. O sorriso dela, a forma como seus olhos brilhavam quando falava de algo que amava, a ternura que demonstrava com minhas filhas, tudo isso mexia comigo de uma maneira que eu não esperava.

Olhei para Celine, que dormia tranquilamente em seu carrinho, e para Lily, que agora segurava a mão de Rebeca enquanto caminhavam. O sorriso de Lily me derretia, mas também trazia à tona uma confusão dentro de mim. Eu sabia que estava me aproximando de Rebeca, mas havia algo mais profundo, algo que estava crescendo lentamente e me pegando desprevenida.

Tentei desviar o foco para a conversa ao meu redor, mas a presença de Rebeca era constante, uma espécie de conforto misturado com um nervosismo que eu não conseguia explicar. Durante o jogo, ao marcar meus gols, eu olhava para a arquibancada e a via torcendo por mim, aquele sorriso que iluminava todo o estádio. E, de repente, o futebol, algo que sempre foi minha paixão e foco principal, se tornou secundário. Eu jogava por mim, pela equipe, mas também por ela, para que Rebeca me visse, para que ficasse orgulhosa de mim.

Quando chegamos à saída do estádio, as meninas discutiam animadamente para onde iríamos. Rebeca, ainda segurando a mão de Lily, se virou para mim com aquele sorriso que agora parecia gravado na minha mente.

- O que acha, Ellie? - perguntou, e eu quase me perdi na suavidade de sua voz. - Vamos para aquele café que você mencionou?

Eu assenti, mas por dentro, meu coração estava em caos. Cada vez que Rebeca estava perto de mim, eu sentia essa mistura de alegria e confusão, um desejo de me aproximar mais, mas também um medo de cruzar um limite que eu não estava pronta para enfrentar.

Lily puxava minha mão, ansiosa para que eu me apressasse, e eu a segui, com Rebeca ao meu lado. Eu sabia que estava me apaixonando por ela, mas não sabia como lidar com isso. Depois de tudo o que aconteceu com Chloe, eu não tinha certeza se estava pronta para abrir meu coração novamente, para permitir que alguém entrasse na minha vida e na vida das minhas filhas dessa maneira.

Enquanto andávamos, eu me peguei refletindo sobre tudo o que havia passado. Perder Chloe havia sido o golpe mais duro da minha vida, e desde então, eu me concentrei totalmente em minhas filhas e na minha carreira. Mas agora, Rebeca estava aqui, me fazendo sentir coisas que eu não sentia há muito tempo, me fazendo questionar se era possível amar de novo, de uma maneira que eu nunca tinha amado antes.

- Ellie, você está bem? - a voz de Rebeca me tirou dos meus pensamentos. Eu a olhei, seus olhos cheios de preocupação.

- Sim, só... pensando - respondi, tentando sorrir, mas ela parecia ver através de mim, como se soubesse que havia algo mais.

- Se precisar conversar, estou aqui - ela disse suavemente, e a sinceridade em suas palavras fez meu coração apertar. Eu queria, mais do que tudo, abrir-me para ela, compartilhar o que estava acontecendo dentro de mim, mas o medo me impedia.

- Obrigada, Rebeca. - Consegui dizer, sentindo a mão dela tocar de leve meu braço. Era um toque suave, mas suficiente para fazer meu coração disparar.

A decisão de onde ir foi finalmente tomada, e começamos a caminhar para o café. Enquanto as outras meninas continuavam conversando animadamente, eu segui ao lado de Rebeca em silêncio, minhas emoções em turbilhão.

Eu sabia que não poderia continuar ignorando o que sentia. Rebeca era incrível; ela era tudo o que eu poderia querer em uma amiga, e talvez até mais. Mas as cicatrizes da perda de Chloe ainda estavam ali, e a ideia de me permitir sentir algo profundo por outra pessoa me aterrorizava.

No entanto, enquanto a noite parisiense envolvia a cidade em uma calma reconfortante, e Rebeca me lançava um daqueles sorrisos que faziam meu coração derreter, eu percebi que, talvez, fosse hora de dar um passo à frente, de deixar o medo para trás e seguir meu coração, por mais assustador que fosse. Afinal, a vida me ensinou que momentos preciosos não deveriam ser desperdiçados. E quem sabe? Talvez, só talvez, Rebeca fosse o próximo capítulo da minha história.

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⏰ Última atualização: Aug 21 ⏰

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𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒, ᴿᵉᵇᵉᶜᵃ ᴬⁿᵈʳᵃᵈᵉOnde histórias criam vida. Descubra agora