Cap.5- Planos crusados

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Duas semanas após a cerimônia de apresentação dos Rodríguez...

Eu sinto uma imensa vontade de explodir... E não é de felicidade.
Eu sou do tipo que trabalha sozinho. Eu aperto o gatilho, sujo as mãos com os MEUS trabalhos.
Alejandro ter me colocado como dupla de uma mulher me deixou muito mais do que insatisfeito. E pelo que entendi, ela está ainda mais insatisfeita do que eu.

De onde aquele velho tirou que dois executores independentes iriam trabalhar bem juntos? Eu andei pesquisando sobre essa tal de Alice e, fora dos Rodríguez, ninguém sabe nada sobre ela. É como se ela não existisse fora de lá. E Lince é apenas um fantasma.

Recebi mais cedo uma ficha completa sobre o homem que descobri ter envolvimento com Xavier, Jason O'Brien, caporegime substituto de Antônio García, morto na luta contra a máfia italiana... na mesma noite em que Alejandro quase perdeu a vida.

- Jason era cunhado de Antônio? - falo comigo mesmo e releio as informações nas folhas uma vez mais, para ter certeza de que nada passou despercebido. - Confiar cegamente na família às vezes é um grande problema...

Lembro de meu próprio caminho enquanto termino de ler a papelada. Jogo os papéis sobre a escrivaninha, pego o copo de whisky ao lado e tomo um grande gole.

- Se O'Brien faz parte da família Rodríguez, mas estava de "falácia" com estrangeiros que estão aprontando por aqui, Alejandro com certeza não sabe.- levanto-me rapidamente e saio da sala, indo direto até o galpão onde ficam todas as nossas mercadorias por essa região.

Os dados de toda a família Rodríguez são praticamente de conhecimento público entre os membros, mas não sou exatamente um membro original, então Heitor vai poder me dizer alguma coisa útil, já que saiu de Guadalajara para vir até aqui me encher a porra do saco.

No caminho, alguns soldados me cumprimentam enquanto caminham de um lado para o outro, fazendo suas tarefas. É minimamente estranho ter todas essas pessoas aqui amontoadas; parece que somos uma empresa... o que de fato é para parecer.
Mas há centenas de pessoas a mais do que havia no cartel Aretas quando era regido unicamente por mim.

- Armando! - o garoto ergue o braço para que eu o aviste entre a multidão de homens.

Naturalmente, já não seria difícil; não tem muitos loiros de olhos azuis e vestindo milhões de pesos passeando por aqui.

Caminho tranquilamente até ele, mas o impaciente vem rapidamente em minha direção, já jogando seus braços em torno de mim. Eu cerro os dentes, cheio de impaciência, mas não o impeço. Seu sorriso branco e olhos de cachorro abandonado na chuva fazem parecer que estou lidando com uma criança, principalmente pelo comportamento dele. Acho que, de todos eles, o que mais saiu ao pai foi esse.

- Heitor... o que faz por aqui? Não estava na Espanha? - meu tom é completamente desinteressado. É porque realmente não tenho interesse; só quero fazer uma abordagem sutil para o tema "seu tio Jason".

- Eu voltei mais cedo. Soube que os cartéis andaram se estranhando novamente e voltei para ficar ao lado do Juan Carlos. Ele é bem forte e inteligente, mas geralmente tende a ser bruto desnecessariamente. Eu sou o intermédio entre a arma dele e a cabeça "inocente" de alguém. Mas gosto de vir sempre até o cartel Aretas; alguém tem que ficar meio que de olho em você, e tem que ser alguém da família, então eu fui o escolhido. Porém, quando a Alice começar a trabalhar sério com você, não vai mais ser necessário.

Caminho lentamente em direção à sala no final do galpão, onde ficam as papeladas, documentos, até armas e dinheiro. É o que chamaríamos de escritório improvisado. Heitor acompanha meus passos.
Caminhamos devagar enquanto atravessamos o galpão.

Hasta el fuego- Armando Aretas Onde histórias criam vida. Descubra agora