Cap.3- Conhecendo "Ela"

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Aquele dia miserável já havia começado uma merda. Sou arrancado da cama mais cedo do que de costume; as batidas na porta, tão cedo, quase me fizeram sair atirando no desgraçado que veio aqui ao invés de fazer uma ligação e esperar a minha boa vontade de retornar. Mas, antes de explodir, lembro que hoje é o dia da maldita reunião com os Rodríguez.

Me arrasto até a porta e troco duas palavras com os homens-porta. Eles aguardam pacientemente enquanto eu me arrumo. Faço questão de me preparar lentamente... a minha vontade de ir a esta reunião está tão grande quanto a minha vontade de levantar agora há pouco.

Checo o relógio antes de sair. São 10:55... É, talvez eles não estejam adiantados, mas sim, eu atrasado.

O trajeto é silencioso e um pouco demorado. É quase fora da cidade. As paisagens urbanas vão ficando para trás à medida que adentramos estradas e mais estradas de terra. Em certo ponto, quando nos aproximamos das terras dos Rodríguez, a mansão pode ser avistada no horizonte. A vasta área onde os olhos alcançam também esbanja as riquezas da família.

Aparentemente, eu sou o último a chegar; espero que não pegue mal. Estou perdendo noites de sono por culpa da bagunça que andam os negócios estrangeiros do Alejandro Rodríguez. Em todo esse tempo como traficante e movendo o tráfico por aqui, nunca vi um roubo tão bem bolado como esse que estamos tentando investigar. Por mais peixes que caiam na nossa rede, são sempre peixes pequenos.

Quando achamos que estamos um passo mais perto, o cabeça nos mostra o quanto somos lentos e estúpidos, praticamente andando em círculos. Isso está começando a me irritar profundamente. Eu nunca fui feito de idiota nos meus próprios negócios; eu quem sempre estava um passo à frente dos meus inimigos e alvos.

Estar aqui servindo a outra pessoa não me agrada nada. Mas não é como se eu tivesse muita escolha. Eu poderia ter me oposto à decisão de Alejandro de tomar o cartel Aretas em seus serviços, mas isso seria jogar meses do meu esforço para reerguer esta merda. Então, apenas entrei no jogo. Ele não atrapalha os meus negócios e nem se mete na maneira como lido com as coisas. O velho realmente só quer minha ajuda; percebi isso uns três meses depois que ele tomou meu cartel para si.

Para um Don temido, achei que a personalidade dele seria mais... previsível.

(...)

O carro me deixa em frente à propriedade. Vejo a quantidade de carros luxuosos e potentes ali presentes. Já posso deduzir que há gente importante por aqui...

Ao adentrar naquele ambiente, não deixei de sentir o peso do poder presente. O que as pessoas chamariam de energia pesada. Talvez seja isso mesmo, mas já estou acostumado com isso. Virou mais um... instinto.

Alejandro está sentado bem na frente da entrada, com vários outros homens ao seu redor. Até algumas mulheres estão naquele meio, mas não passam de acessórios, como não é uma reunião séria, devo presumir que isso aqui seja uma espécie de "festa".

Assim que os olhos dele alcançam minha figura se aproximando, seu sorriso amarelado se abre de orelha a orelha. Ele se levanta e vem até mim. O velho é um pouco maior que eu; acompanho seus passos andando em sua direção, sempre olhando em seus olhos.

Alejandro joga seu braço direito sobre meus ombros e me arrasta para aquele bando diante de nós.

- Aretas! Meu bom menino, junte-se a nós. Só faltava você.

- Me atrasei por conta da...

- Não se preocupe, você deve estar cansado com as últimas missões que designei ao seu cartel e equipe. Teve bons resultados, estou satisfeito. - ele sacode meus ombros e continuamos a caminhar.

Hasta el fuego- Armando Aretas Onde histórias criam vida. Descubra agora