Looking At Me - Baladin

01 - Prólogo;

Os gritos estridentes ecoavam a cada movimento de qualquer pessoa presente na quadra. Os holofotes, em suas múltiplas cores, embelezavam o ambiente impregnado pela tensão das atletas. Em posição de espera, Cecília permanecia agachada, com os joelhos levemente flexionados. Seus olhos semicerrados estavam fixos exclusivamente na bola que se aproximava em sua direção.

O suor escorria por sua testa, mas ela não desviava o foco. O momento era crucial. A bola foi lançada ao ar e, em um piscar de olhos, já estava em movimento, descrevendo uma trajetória veloz e precisa. Cecília respirou fundo, sentindo o peso da responsabilidade em suas mãos. Com um salto ágil, ela se posicionou para receber o saque, os músculos de suas pernas trabalhando em perfeita harmonia.

O impacto da bola contra suas mãos ecoou pela quadra, e o som foi seguido por um breve silêncio, onde a atenção de todos estava voltada para o próximo movimento. A bola subiu, girando no ar, antes de ser passada para uma de suas companheiras. Daher havia feito uma ótima recepção ao conseguir amortecer o saque em seus braços, fazendo o jogo prosseguir como uma espécie de coordenada em força, habilidade, agilidade e estratégia. Cada jogadora sabia exatamente onde estava, movendo-se como uma unidade coesa em busca da vitória.

O público, envolvido pela intensidade do momento, aplaudia e gritava a cada ataque e defesa de ambos os times. As expressões de concentração e determinação estavam gravadas nos rostos das atletas, que davam tudo de si em cada jogada. Cecília sentia o coração bater acelerado, a respiração irregular por conta da ansiedade e nervosismo em marcar aquele ponto e assim fechar o último set.

Com um último esforço, ela se preparou para o ataque decisivo. A bola foi salva, sendo impedida de cair na linha que limitava seu campo com precisão e, com um salto poderoso, Cecília levantou a bola de maneira espetacular para a central de seu time, que com um ataque absurdo, mandou a bola direto para o chão do lado adversário sem ao menos dar chance para o bloco do outro lado reagir.

A quadra irrompeu em aplausos e gritos de celebração no momento em que o match point foi conquistado. Com um sorriso de satisfação e os braços erguidos em triunfo, Cecília compartilhou a alegria com suas colegas de equipe. O abraço coletivo proporcionou a Daher uma sensação de acolhimento e calor, envolvendo-a no momento emocionante compartilhado com sua equipe.

Sua surpresa foi evidente quando seu corpo foi erguido no ar pelas mãos de Emine, a jogadora central responsável por fechar o último set e levar o Hava Yollari à fase mata-mata do Campeonato Turco de Voleibol. Suas companheiras não economizavam nem um pouco os elogios, pois acreditavam que, se não fosse pela liderança e esforço de Daher, elas não teriam chegado onde estavam.

A energia no ginásio era palpável, com os torcedores entoando cânticos e batendo palmas em uníssono, celebrando mais uma entre muitas outras vitórias que viriam futuramente.

✧

Após o fim de jogo, toda a equipe se encontrava no vestiário, se preparando para sair em trajes limpos e livres de qualquer resquício de suor. Em seus pensamentos perdidos sobre o que iria fazer no seu tempo livre durante a tarde, Daher não se deu conta da roda que havia se formado em um canto específico dentro daquele compartimento.

Ao ser desperta de seu transe, ela ouviu um xingamento prolongado seguido por uma discussão aparentemente interminável.

A sala estava repleta de tensões, as vozes elevadas reverberavam nas paredes. Ela piscou, tentando ajustar sua visão à realidade agitada ao seu redor. Os rostos conhecidos de suas colegas agora estavam com traços marcados pela raiva e frustração.

— O que houve? — Perguntou rapidamente com certa preocupação que carregava em sua voz, chamando a atenção de suas companheiras que permaneciam com semblantes nenhum pouco amigáveis.