⁰³. ᶜᵃᵖᶦ́ᵗᵘˡᵒ ᵈᵒᶦˢ

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O barulho alto já começava a incomodar sua cabeça sonolenta e bêbada. O horário se encontra perto das quatro horas da madrugada e você não tinha a mínima noção de como aguentou toda aquela multidão por tanto tempo. Seus pés estão mais doloridos do que normalmente ficam, e sua saia gruda em suas coxas por ficar um bom tempo na pista de dança. Você anda de um lado para o outro, tentando localizar Saeko em um dos quartos daquele lugar, mas até aquele momento não teve sucesso nenhum, o que te deixa esgotada.

O andar de cima estava mais lotado do que o de baixo, Nishinoya havia sumido desde que o viu na área da piscina e nenhum sinal de Tanaka. Parando para pensar, você sequer tinha o visto desde que colocou os pés naquela festa. Na sua mente, a única coisa que se passa é um bom banho quente, uma dose de café sem açúcar e sua cama confortável que lhe daria boas horas de sono. Não iria se levantar antes do meio-dia, isso já era um fato óbvio em sua mente.

Você não confiava mais em seus olhos, enxergava tudo embaçado conforme caminhava pelos corredores, abrindo as portas que estavam fechadas e tentando ver alguma mecha de cabelo loira por aí. Foi em uma dessas que conseguiu achar Saeko. Ela estava curvada sobre uma mesa junto de outras duas pessoas, o cheiro de maconha daquele lugar irrita suas narinas conforme se aproxima da garota. Ela parece não te notar, rindo de algo que um dos garotos fala. A mesa tem várias garrafas de vodka, cerveja e dois sacos de algo branco dentro, que não conseguiu distinguir por sua mente não conseguir focar em uma só coisa.

— Saeko — você diz em um tom mais alto do que a música, para que ela pudesse te ouvir. — O que está fazendo? — pergunta, sentindo seus olhos doerem.

— Amiga — sua voz é assustada, quase como se estivesse surpresa em te ver ali. — O que está fazendo aqui? — se levanta da cadeira, pegando na sua mão e te puxando para o lado de fora do quarto sem muita delicadeza.

— Te procurando, você sumiu desde que chegamos e isso já faz horas — diz como se fosse óbvio, notando uma pequena mancha branca em seu nariz. — O que é isso aqui no seu nariz? — seus dedos são rápidos em passar pelo pó, mas antes que você pudesse ver melhor o que aquilo pudesse ser, Saeko pega sua mão e limpa seus dedos com o tecido do vestido.

— Não é nada, acho que exagerei no pó de arroz quando fui retocar a maquiagem — Saeko passa o braço pelo rosto, limpando o que quer que fosse que estivesse ali.

— Tudo bem — você sente uma pontada na sua cabeça, notando que sofreria de ressaca quando acordasse. — Podemos ir embora? Estou cansada.

— Não posso ir agora, Tanaka se perdeu em algum lugar.

Saeko se assusta com o barulho da porta, onde um homem loiro passa por ela, suas mãos são tatuadas e tem uma garrafa de álcool pela metade em uma delas. Ele acomoda o braço livre pelos ombros de sua amiga, puxando-a em sua direção e começando a distribuir beijos pelo pescoço de Saeko. Você não diz nada, observa a cena com uma expressão confusa. Ele não parece agradável para você, é quase como se uma aura de perigo estivesse em volta dele.

— Ei, gata, que demora toda é essa? — o garoto pergunta, não dando espaço para Saeko responder. — E essa gracinha aqui, Sae — ele nota sua presença, abrindo um sorriso malicioso nos lábios que te causa náuseas. — Quer se divertir lá dentro conosco, princesa? Tenho certeza que vai sair daqui muito relaxada.

— Ei, Terushima, ela já está de saída — sua amiga interrompe, se virando para você de forma rápida. — Depois eu te ligo, preciso ir.

Saeko puxa o homem para dentro do quarto sem te dar tempo para responder, te fazendo soltar um grunhido irritado quando a porta bate na sua cara. Você passa as mãos pelos seus fios bicolores, tentando entender o que estava acontecendo e pensando em alguma outra forma de voltar para casa. Você sequer conhece aquele condomínio e muito menos sabe se havia ônibus disponíveis naquele horário.

𝐓𝐎́𝐗𝐈𝐂𝐎, 𝑘𝑎𝑔𝑒𝑦𝑎𝑚𝑎 𝑡𝑜𝑏𝑖𝑜Onde histórias criam vida. Descubra agora