04 - Ajuda

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Horas se passaram, e eu já me sentia sonolenta

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Horas se passaram, e eu já me sentia sonolenta. Nunca havia ficado acordada por tanto tempo assim, meu corpo já pedia o descanso de uma rotina monótona.

— Você não vai acreditar no que aconteceu. — Gina surge na minha frente.

Ela estava sempre se distanciando de mim para fazer algo, e eu, já cansada preferia ficar sentada agora, só observando o que acontecia a minha volta, no lugar menos iluminado possível. Em consequência disso, tinha que presenciar casais aos beijos e se apertando ao meu lado do sofá.

— O que houve? — De repente, começo a me sentir estranha, algo dentro de mim estava errado, mas mesmo assim tentei relevar.

— Eu acabei beijando um garoto quando subia para ir ao banheiro. — A esse ponto da festa, beijar alguém já nem me surpreendia mais, já que, metade deles sempre vão para algum canto qualquer fazer isso. — Só que eu fiz merda, muita merda.

— Do que você está falando? — Coloco as pontas dos dedos sobre a cabeça, massageando minhas têmporas, afim de aliviar aquela dor interna que surgia em mim, mas não estava adiantando muito.

— Eu não sabia que ele usava um maldito piercing na língua, e acabei arrancando! Parecia cena de filme de terror... Eu paguei a maior vergonha da minha vida. — Gina contava envergonhada, tampando o seu rosto.

Só então eu desço o olhar dela para a sua roupa, vendo pequenas manchas de sangue espalhadas pela sua blusa. E isso me deixou pior do que eu já estava. Passei a sentir náusea, minha visão ameaçava a ficar turva, e minhas mãos tremiam como nunca, havia alguma coisa muito errada comigo.

— Katherine? Está tudo bem?

— Eu não sei... — Fechei os olhos fortemente, na tentativa de me livrar de toda essa sensação angustiante, mas tudo isso só se intensificou no momento em que Gina se aproximou mais de mim. — Não! Sai... Saia de perto de mim.

— Que merda está rolando? Eu só quero te ajudar.

— Por favor... Não se aproxime de mim... Eu só quero que isso passe...

E sem eu perceber, já se juntavam várias pessoas em volta, assistindo o meu desespero naquele sofá. Ouvia cochichos, perguntarem o que havia de errado comigo, e isso só fazia com que eu me sentisse mais ansiosa e envergonhada.

— Aí, Rapha. Vem ver isso.

— Mas que porra ela está fazendo aqui? — Levantei a cabeça, vendo Raphael se aproximar com o ódio estampado em sua face. — Foi você quem a trouxe?

— Vai se ferrar! Não vê que ela não está bem?! — Gina responde alterada.

A essa altura eu já estava encolhida naquele sofá, chorando de vergonha, enquanto sentia aquela maldita náusea e agora, até os meus dentes doiam.

— Ela está tendo uma crise de pânico. — Ele responde, puxando o meu braço com brutalidade.

— Não parecia ser isso.

Sem dar mais palco para os que me assistiam daquela forma, Raphael me levou para o andar de cima, me arrastando até o banheiro, onde me levou para debaixo do chuveiro, ligando-o sobre mim. A propósito eu gritei, com a surpresa daquela água fria caindo sobre mim, e apesar do seu jeito rude de tentar me ajudar, eu finalmente pude sentir a náusea e todo o resto ir embora, junto com aquela água fria.

— O que deu em você? Por que infernos veio a essa festa? — Foi a primeira coisa que saiu de sua boca ao me ver recuperada.

— Eu só queria ver como era... — Agora o frio começava a incomodar, fazendo eu abraçar o próprio corpo de forma automática.

— Se meus pais ficarem sabendo disso, eu juro que acabo com você. — Rosna de forma seria, fazendo eu me encolher ainda mais, no canto daquele azulejo gelado.

— Desculpa, eu não sei o que aconteceu... Eu só vi o sangue na roupa da Gina e...

— Que ótimo. Mais uma fobia agora, você é toda ferrada mesmo.

— Por que é sempre tão rude comigo? — Pela primeira vez em anos eu tive a coragem de perguntar, ou talvez seja só pelo fato de estarmos próximos a mais tempo do que já estivemos antes.

— Tira essa roupa. — Ignorando a minha pergunta, ele ordena. — Vamos! Ou prefere pegar um resfriado?

Sem questionar, comecei a tirar o meu suéter, e antes de tirar o vestido, me certifiquei de que ele não estava olhando, o seu rosto permanecia virado, mas só depois de ficar apenas de peças íntimas é que eu me dei conta do espelho enorme que nos refletia ao lado.

— O que eu faço agora?

Em resposta, Raphael retira o seu moletom e joga em minha direção, para que eu vestisse. Ele era bem mais alto do que eu, então me cabia perfeitamente como espécie de vestido.

— Obrigada. — O agradeço, recolhendo minhas roupas encharcadas do chão.

Ele nada diz, apenas sai do banheiro, me deixando sozinha. Descer por aquela escada enquanto era cercada pelos olhares dos demais era vergonhoso demais para mim, tudo que eu queria agora era ir embora daqui.

— Ei, como você está? — Dou um passo para trás ao ver Gina se aproximar. — Eu consegui dá um jeito no meu problema. — abaixo o olhar até a sua blusa, vendo estar úmida, e sem as manchas que lá estavam.

Ela também percebeu que o motivo havia sido esse? Ou será que Raphael havia contado?

— Quer saber? Acho que devíamos ir embora. Essa festa já deu o que tinha que dar. — Vendo que eu permanecia calada e visivelmente sem graça, Gina sugere, claramente ela sabia que era o que eu queria, e eu agradecia mentalmente por isso.

Antes de sair, pude ver Raphael em um canto, com a mesma garota que estava no quarto com ele. E por um micro segundo, digamos assim, nossos olhares se cruzaram, antes que eu cruzasse a porta de saída.

Apesar do seu jeito diferente, ele havia me ajudado hoje, ele sempre viu de longe todas as vezes em que tive crises de pânico, sendo socorrida pelos meus pais, e hoje, pela primeira vez, pude senti-lo perto. Mas conhecendo o seu jeito de ser, presumo que tudo isso tenha sido só uma forma de cuidar das coisas, para que eu não estragasse tudo, quero dizer, se nossos pais descobrissem onde e a hora que estávamos, não seria uma situação legal, sem contar que pegaria super mal pra ele depois na escola.

Ou seja, ele só me impediu de envergonha-lo ainda mais.

Katherine Em: Morando Com O InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora