Entre as linhas do Ouro

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Manuela ainda estava tentando entender como tudo aquilo havia acontecido. Sentada em uma cafeteria parisiense no meio da noite, com ninguém menos que Rosamaria ao seu lado, parecia uma cena tirada diretamente de seus sonhos mais loucos. A atmosfera acolhedora do lugar, com luzes amareladas e o suave aroma de café, deixava o momento mais perfeito.

Rosa levou a xícara de café aos lábios, tomando um gole enquanto olhava para Manuela com curiosidade.

"Você parece surpresa," disse ela, com um leve tom na voz, quebrando o silêncio que se formara entre elas.

Manuela soltou uma risada nervosa, tentando relaxar. "É um pouco surreal, para ser honesta. Nunca imaginei que acabaria tomando café com você, no meio de uma noite em Paris."

Rosa sorriu. "A vida tem dessas, né? Tantas coincidências que a gente nunca espera." Ela fez uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras. "Mas e você? O que te trouxe a Paris, além das Olimpíadas, claro?"

Manuela se recostou na cadeira, pensando por um momento. "Na verdade, foi um sonho antigo. Eu e meu melhor amigo, Nicolas, sempre quisemos viajar juntos, e as Olimpíadas foram a desculpa perfeita. Queríamos aproveitar a oportunidade de conhecer a cidade."

Rosa assentiu, interessada. "E como estão as coisas até agora? Paris está correspondendo às expectativas?"
Manuela sorriu "Paris é incrível, muito mais do que eu imaginava. A energia dos jogos, a cidade, a estrutura. Tudo tem sido incrível".

Manuela e Rosamaria continuaram conversando, a conversa fluindo com uma naturalidade surpreendente. As risadas se tornavam mais frequentes, e a tensão inicial entre elas havia se dissipado completamente. Rosa ouvia atentamente as histórias de Manuela sobre suas saídas em Paris e sobre como ela e Nicolas eram inseparáveis desde a época do colégio. Por outro lado, Manuela se encantava cada vez mais com a simplicidade e o carisma de Rosa, tão diferente da figura poderosa que ela via em quadra.

Em um momento de pausa, Rosa apoiou o cotovelo na mesa, descansando o queixo na mão, e olhou para Manuela com uma expressão curiosa e atenta. “Sabe, você é diferente do que eu imaginei,” confessou Rosa, seu tom de voz suave.

Manuela arqueou uma sobrancelha, curiosa. “Como assim? Como você me imaginou?”

“Bem… geralmente, quando alguém se aproxima de nós, jogadoras, é sempre com aquela energia de fã, sabe? Você tem um jeitinho mais calmo, mais... autêntico. Eu gosto disso,” explicou Rosa, seu olhar fixo no de Manuela, como se tentasse entender mais sobre a mulher à sua frente.

Manuela sentiu as bochechas esquentarem um pouco, mas manteve a compostura. “Acho que só estou sendo eu mesma. Mas devo admitir que estar aqui com você é um pouco intimidador...”

Rosa sorriu com gentileza, apreciando a honestidade de Manuela. “E é exatamente isso que te torna tão interessante.”

Por um momento, ambas ficaram em silêncio, apenas trocando olhares havia algo novo e sutil se formando ali.
No entanto, o encanto do momento foi interrompido quando Rosa olhou para o relógio em seu pulso e percebeu a hora. Seus olhos se arregalaram levemente. “Nossa, já está tão tarde... ou tão cedo!” Ela riu, mas havia uma pitada de preocupação em sua voz. “Eu preciso voltar para a Vila Olímpica. Na verdade, eu saí meio que sem ninguém perceber.”

Manuela, um pouco triste em encerrar a noite, entendeu a urgência na voz de Rosa. “Claro, não vamos causar problemas para você. Foi muito bom conversar com você, de verdade,” disse, tentando esconder a pontada de decepção que sentiu ao ver o encontro chegar ao fim.

Rosa se levantou, ainda com aquele sorriso que agora parecia um pouco mais íntimo. “Eu também gostei muito, muito. Quem sabe a gente se vê de novo por aí?”