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Acordo com a claridade que entra pela janela.
António ainda está a dormir.
Fico por alguns minutos deitada a encarar o seu lindo rosto.
Pouco tempo depois levanto-me e vou preparar uma panqueca para cada um, o mais silenciosamente possível.
Quando terminei de cozinhar, subi as escadas, levei as suas roupas que já estavam secas e fui até ao meu quarto, para acordar o António.

Sento-me na beirinha da cama, coloco a mão no seu rosto e chamo por ele.
Não demorou muito até ele acordar, ele olha para mim, confuso à procura pelas suas roupas e eu aponto para elas, que pousei nos pés da cama.

- Bom dia. - digo a sorrir.

- Bom dia. - diz ele, seco, a levantar-se para vestir.

- Tenho pequeno almoço preparado lá em baixo toni - digo enquanto me dirigo à porta.

- Ah, a.. eu não posso. Tenho de ir. - diz a descer as escadas. - Obrigada e tal. - sai pela porta a fora.

Obrigada e tal? Mas quantos baldes de merda é que ele têm na cabeça?
O que é que lhe deu?
Constança não é Constança se não fizer barraca.
Abro a porta e vou até ele.

- Olha lá mas tu podes me explicar o que caralhos se está a passar? - pergunto-lhe com um tom de voz mais alto enquanto ele já está quase a chegar ao carro dele.

- Nada. Apenas tenho de ir. - diz ele, sem olhar para mim.
Agarro-lhe no braço e faço com que ele pare, vira-se e olha para tudo menos para mim.

- Eu tratei bem de ti, trouxe-te para minha casa porque estavas podre de bêbado, dei-te banho, cuidei de ti como se fosses meu filho e é assim? "Obrigada e tal"? - explodi.

- Constança, eu já te disse. Tenho que ir. - diz depois de finalmente olhar me nos olhos.

- Ai tens? Onde? - pergunto-lhe.

- Casa, t-tenho treino. - eram quase 11, e esta semana ele só ia ter treinos às 13.

- Além de estúpido, és mentiroso. Sinceramente António.

Dei meia volta e fui para casa, pela janela vejo António e entrar no seu carro com a cabeça para baixo.
Isto tudo fez me lembrar o porquê de eu nunca querer entrar num relacionamento sério.

António Silva pov:
Depois disto tudo, entro no meu carro a derramar lágrimas por todo o meu rosto.
Eu finalmente voltei a apaixonar-me, e o medo de estragar tudo tornou-se numa realidade.
Estou, outra vez, a depender emocionalmente de uma pessoa.
A minha tortura voltou.
Fui embora da casa da concha com medo que ela não me quisesse como eu a quero.
Não pensei duas vezes e cometi um erro. Um grande erro.
Não me lembro muito da noite de ontem. Não sei como fui parar à casa dela, lembro-me de a encarar nos olhos enquanto ela me lavava o cabelo e recordo-me também de ter criado uma alcunha para ela.
Não sei como, mas tenho de arranjar uma solução para isto tudo.

Constança pov:
Estou a chorar, não muito, porque não sou muito disso.
Passado pouco tempo, mando mensagens às meninas com o nosso código "📈❌️" para elas virem ter a minha casa. Não me perguntem o porquê destes emojis, foram escolhidos aleatoriamente, nós não somos muito normais da cabeça.
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Já estão em minha casa, conto-lhes tudo e elas nem acreditaram.

- Como pode alguém ser TÃO estúpido? - perguntou a Laura.

- Não sei, se eu fosse gajo não te deixava escapar Constança. - diz a Maria e faz-me rir.

- Isto tá a ser uma seca, baza às compras? - sugeriu a Laura.

- Oh meu Deus, sim! Aproveitamos e comemos lá, já é 12:18.

- Ajudem me a escolher o outfit pls. - pedi-lhes.

Pouco tempo depois escolhemos um body branco com uns calções pretos e os meus all star bota.

Fomos no meu carro e o sitio de hoje foi o Colombo.
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Foi uma tarde divertida, elas compraram carradas de roupas e eu controlei-me, tenho só duas partes de cima e uma parte de baixo.
Elas tentaram sempre manter-me feliz.

Já estava em casa, as meninas tinham ido embora e eu recebi uma notificação no meu telemóvel.
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Tiaguitxo
Olá giraça, tudo bem?

Alo, tudo sim e contigo?

Claroo. Andas ocupada?

Nem por isso, porque?

A menina gostava de me acompanhar?

Agradeço Tiago, mas não estou com cabeça para tal. Quero ficar no meu cantinho.

E gostavas de companhia?

Claro! Porque não?

A caminho 😉
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Não estava muito arrumada mas também não me importei. Estava com umas calças de fato de treino e um top justo branco, com um coque solto no cabelo.

Passado pouco, o Tiago tocou à campainha, dirigi-me até à porta, abri-a e comprimentamo-nos com um abraço, dei-lhe passagem e fomos até ao sofá depois de trancar a porta.

- Pareces xoxinha, o que se passa concha? - perguntou-me.

- Cansaço apenas. - respondi-lhe com um sorriso amarelo, estava fora de questão eu dizer o que se passou ao Tiago.

- Acredito, e os 20 como estão a ser?

- Iguais, não mudou nada. Vamos ver algum filme? - perguntei a tentar desviar o assunto.

- Claro.

Pouco tempo depois escolhemos "Através da minha janela".

A meio do filme adormeci com a cabeça no seu ombro, não era totalmente mentira quando lhe disse que estava cansada.
Quando se apercebeu, acordou-me para eu ir dormir para a minha cama.
Perguntei-lhe com a minha voz de sono se ele queria ficar, o mesmo respondeu que sim.

Fomos até ao meu quarto, deitamo-nos na minha cama e adormecemos.

Difícil - ANTÓNIO SILVAOnde histórias criam vida. Descubra agora