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Pov Lauren:

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Pov Lauren:

A semana se passou sem nenhuma outra tentativa de contato da parte da empresária, o que me aliviou. Durante esses dias, me mantive focada na limpeza da boate (já que essa se tornou minha função por um tempo indeterminado) e nos meus ensaios. Obviamente, a mulher de olhos castanhos estava impregnada na minha mente, mas tinha consciência de que precisava me manter longe por um tempo.

Poucas pessoas me reconheceram na matéria publicada e isso me tranquilizou de uma forma absurda. Ainda ouvia uma piada aqui e ali, mas quem ligava para isso? Eu ainda tinha um emprego, meu apê e minhas amigas, então estava satisfeita.

Bem, quase satisfeita.

Uma pequena parte de mim - aquela que eu me recuso a dar ouvidos ou qualquer tipo de importância - implorava para responder Camila, ouvir suas desculpas e seguir adiante com o nosso "lance". Mas em compensação, a outra parte insistia em me lembrar das besteiras que ela fez. Já conseguia imaginar o título da postagem caso a Allyson não tivesse resolvido a questão sozinha.

"A empresária de sucesso, Camila Cabello, é flagrada discutindo em boate por causa da sua nova diversão: a dançarina Lauren Jauregui."

Só de imaginar algo assim, um calafrio passa por minha coluna. Não que eu possuísse qualquer tipo de vergonha por causa da minha profissão, só tinha consciência de que o mundo não é cor de rosa e que fariam o possível para me rebaixar a um nível inferior ao de Camila.

- Vou sonhar com esses passos - Normani me tirou dos meus devaneios.

- Ótimo - estalei a língua - Não podemos errar nenhuma vez, aquela idiota só quer mais um motivo para nos pôr na rua.

- Vocês estão impecáveis - Dinah surgiu no salão - Desculpem o atraso, tinha uma fila enorme naquela merda.

Desliguei o som e fui pegar as sacolas que minha ex carregava, minha boca salivando ao notar o conteúdo da marmita. Normani e eu estávamos ensaiando desde quarta feira praticamente sem parar, e Dinah se ofereceu para ser a responsável pela nossa alimentação.

Minha relação com Mani ainda seguia estremecida, mesmo depois que aleguei ter feito a denúncia contra Michael. Não tocamos mais no assunto e eu sei que ela finge que não aconteceu nada, como um grande elefante branco na sala. Eu queria poder resolver isso, mas minha amiga se fechou para mim de uma forma que me doía. Então, permiti que o tempo curasse nossas feridas e nos aproximasse no momento certo.

Devorei meu estrogonofe rapidamente, praticamente gemendo com o sabor maravilhoso daquele manjar dos deuses. Não entrei na conversa das minhas amigas, estava tão tensa que só iria pesar o clima leve entre elas. Dinah e Normani estavam cada vez mais próximas, saindo juntas a passeios e fazendo maratona filmes no meu sofá. Vez ou outra eu era convidada para esses programas, mas só de olhar para Mani, eu sabia que apenas iria atrapalhar elas.

Resumindo, eu estava sempre sozinha.

Isso me deixava cada vez mais carente por Camila, desejando nossas conversas animadas e seus beijos. Novamente, senti vontade de pegar em meu celular e enviar respostas às suas mensagens.

Fechei meus olhos e repousei minha cabeça em meus joelhos, criando uma cortina com meus cabelos que me afastavam um pouco da realidade. Ainda não havia recebido nenhum sinal do meu pai, ou da delegacia, mas estava ansiosa para resolver tudo isso.

- Lauren?

- Oi - ergui meu rosto.

Era difícil encarar aqueles olhos negros sem me sentir culpada, principalmente por que ainda restava um resquício do corte em seu lábio inferior. Sendo assim, me contive em olhar o ambiente, o teto, o chão, qualquer lugar que não estampasse a minha culpa.

- Está tudo bem?

- Está - menti - Só preciso prestar atenção na coreografia.

- Você nunca errou em nada nas coreografias - apontou com cautela - Sei o que está fazendo, e chegou a hora de parar, hm?

- Não estou fazendo nada - desmenti.

- Lauren - estreitou os olhos - Chega dessa auto punição. Sabemos muito bem que você não vai ser demitida, porque mesmo negando ajuda eu vi a Allyson conversando com a vaca da nossa chefe. Então chega ok?

- Não posso depender de Camila para tudo - murmurei - Mal nos conhecemos e não vou pôr toda a minha fé nela!

- Mas deveria - Dinah se meteu - Não temos com quem contar além de nós três, que mal tem aceitar ajuda de fora? Porra, sua amiguinha tem influência o suficiente para te manter nesse lugar mesmo se você cagar nos clientes!

- Mas eu quero estar aqui por mérito próprio - me estressei - Estou a anos me dedicando, não quero jogar toda a minha história e dedicação no lixo só porque peguei uma riquinha que vai bancar tudo.

Era essa a merda do meu problema. Camila era incrível, linda, maravilhosa. Mas eu não poderia ficar refém do seu dinheiro, da sua imagem, do seu nome. Tenho trabalhado duro para me manter, economizar meu dinheiro, conquistar cada coisinha na minha vida. Não quero jogar isso fora agora.

- Receber ajuda não diminui o quanto você é foda Laur - Normani suspirou - E nós sabemos muito bem que ela poderia nos ajudar em outras coisas também.

Meu corpo ficou tenso ao absorver suas palavras. Ela estava falando do meu pai, sobre a denúncia que fizemos. Eu não poderia envolver a Camila nisso, poderia? Como contar a ela que meu pai era um babaca nesse nível? Não, a impressão que passaria é que eu só voltei a falar com ela por puro interesse.

- Eu sei que se culpa pelo que Michael fez - Normani prosseguiu - E eu confesso que senti raiva de você no início, por todas as vezes que escolheu ficar em silêncio ao invés de denunciar ele. Mas não posso te responsabilizar pelo erro dele, não é justo. Então... Pare de se martirizar querida, eu estou em paz e acho que você merece se sentir assim também.

Emocionada, a puxei para um abraço, me sentindo aliviada por não ser odiada pela minha melhor amiga. Depois de esclarecer tudo entre nós, optei por ouvir os conselhos de Dinah e encerrei o ensaio.

As minhas amigas respeitaram meu silêncio quanto pedir ajuda a Camila, principalmente por saberem que eu ainda a ignorava. Ainda precisava de um tempo para pensar sobre isso, me acalmar e perdoar a mancada que ela deu na segunda feira.

- Vamos? - Mani perguntou ao indicar a saída da boate.

Apenas concordei com a cabeça e suspirei, olhando pela última vez as mensagens de Camila.

Em mais uma dança (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora