33: Não exatamente

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Rhaenyra se viu empoleirada em um banco desgastado pelos elementos, a madeira sob seus dedos contando histórias de inúmeras estações. O ar carregava um toque sutil de sal marinho, e o bater rítmico das ondas contra os penhascos abaixo criava um cenário relaxante. O céu acima pintava uma tela de tons em transição do crepúsculo para a noite, um espetáculo celestial que parecia pausar o tempo.

No meio dessa cena atmosférica, a confusão de Rhaenyra se agarrava a ela como um véu. A familiaridade do ambiente provocava sua memória, mas as circunstâncias que levaram a esse momento a iludiam. Uma brisa suave despenteava seu cabelo, e ela examinou a paisagem, esperando desvendar os segredos contidos nos contornos dos penhascos e no horizonte distante.

"Há quanto tempo", uma voz, rica em familiaridade, anunciou. Rhaenyra se virou, seu olhar encontrando o de Abagal, que ocupava o banco ao lado dela. Rhaegar, aninhado no colo de Abagal, mordiscava um dragão de brinquedo com a inocência da infância.

"Estou morta?" As palavras de Rhaenyra, carregadas pela brisa, pairavam no ar. Seus olhos vasculharam as profundezas do olhar de Abagal, buscando respostas que pareciam escapar do alcance de suas lembranças fragmentadas. A memória do sangue, os ecos dos gritos de Alicent - cada pedaço de seu passado parecia um eco distante, deixando-a suspensa no enigma deste momento etéreo no banco do penhasco.

Os olhos azuis brilhantes de Abagal, espelhos do céu acima, estudaram sua esposa por um momento contemplativo. Um ruído que lembrava um "eh" escapou de seus lábios, uma mistura de diversão e indiferença. "Não exatamente", ela respondeu.

"Não exatamente?" Rhaenyra ecoou, sua risada dançando no ar enquanto ela olhava para a mulher ao seu lado. Abagal parecia inalterada, uma visão de beleza atemporal com seus longos cabelos castanhos esvoaçantes e aqueles cativantes olhos azuis, beijados por sardas que adornavam seu rosto como poeira estelar.

"É complicado", Abagal explicou com uma risada.

"Droga", Rhaenyra murmurou com um suspiro, balançando a cabeça como se tentasse dissipar a perplexidade que pairava em seus pensamentos.

"O que foi?" Abagal perguntou, seus olhos azuis brilhantes refletindo curiosidade e diversão.

"Isso significa que Alicent estava certa", Rhaenyra admitiu, recostando-se no banco. O crepúsculo lançou um brilho sutil em suas feições, acentuando a mistura de descrença e realização gravada em seu rosto. "Que existe uma maldita vida após a morte."

Abagal caiu na gargalhada, o som ecoando contra os penhascos e se misturando com a calmaria suave das ondas abaixo. "Essa é sua preocupação no momento?", ela provocou, sua risada carregando uma leveza que sugeria a brincadeira atemporal que definia sua conexão.

"Bem, eu não estou completamente morta," Rhaenyra gracejou, seu tom misturado com um encolher de ombros indiferente. Um sorriso irônico dançou em seus lábios, refletindo um alívio peculiar diante do inexplicável.

"Isso é verdade", Abagal concordou, seu olhar caloroso e terno enquanto observava seu filho engatinhando no colo de Rhaenyra. A visão das interações afetuosas da Rainha com seu filho trouxe suavidade aos olhos de Abagal, seu amor e admiração por sua esposa evidentes na maneira como ela os observava. "Você envelheceu."

Rhaenyra riu do comentário de Abagal, uma mistura de diversão e exasperação afetuosa. "Você sempre soube o que dizer para me fazer desmaiar", ela retrucou com um escárnio brincalhão.

Abagal, longe de ser dissuadida, esclareceu sua intenção com um soco bem-humorado no braço de Rhaenyra. "Não é um insulto", ela esclareceu, sua voz cheia de provocação afetuosa. "É uma observação. Você envelheceu."

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⏰ Última atualização: Aug 24 ⏰

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𝓕𝐈𝐑𝐒𝐓 𝓞𝐅 𝓗𝐄𝐑 𝓝𝐀𝐌𝐄     ᵃˡⁱᶜᵉⁿᵗ ᴀɴᴅ ʳʰᵃᵉⁿʸʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora