04|| Uma conversa com amor

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Eu havia chegado em casa tarde novamente. Monique estava sentada na sala me esperando em silêncio.

Nada novo até então.

O que era um tanto incomum foi sua expressão irritada - Tão incomum em Monique - ao se levantar de uma vez do sofá e me encarar.

-Aonde você estava?! - Ela cruzou os braços, apesar do tom de voz irritado ela, seus olhos estavam brilhantes com lágrimas contidas.

-Eu... Eu estava no trabalho.

-Até agora?! Você não chegava tarde antes, não com tanta frequência...

-O trabalho tá puxado, eu acabo ficando mais tempo... Uma hora extra não remunerada, sabe? - Minto, não que eu esteja fazendo algo errado antes de voltar para casa.

Mas parte de mim sente que eu estou fazendo algo errado ao passar tanto tempo na floresta com aqueles três.

Uma vozinha na minha orelha me diz que é errado eu estar lá, que Monique vai falar com meus pais e... E eu acabo.

Metaforicamente e literalmente.

-Sirius, eu liguei pro seu trabalho. E adivinha? Você não estava lá! Então aonde você estava? - Não existe mais tanta raiva na sua voz agora.

Eu me sinto mais em pânico ao escutar sua voz se manter doce. E, em um instinto nervoso, coloco as mãos trêmulas no bolso e dou um passo para longe de Monique.

Eu não digo nada, eu me mantenho quieto, olhando para o chão e mordendo o interior da bochecha.

Monique respira fundo, olhando para o chão também, e ela deixa escapar um suspiro triste e cansado.

-Sirius, me diz a verdade. Onde você tava? - Ela não olha para mim, a voz ainda doce e baixa, mas com um tom quase choroso.

-Eu...

-Sirius, por favor. Eu não vou ficar com raiva, eu sei que você não gosta de mim. Eu só quero saber... - A voz de Monique agora é totalmente chorosa e ela olha para mim com o lábio trêmulo.

Eu arregalo os olhos ao ver seu rosto choroso e corro para segurar seu rosto.

-Monique... Eu não estava fazendo nada de mais, eu só... - Eu respiro fundo - Você ouviu falar sobre os animais da floresta?

Ela concorda com a cabeça.

Eu respiro fundo e seguro sua mão, nos levando para sentar no sofá.

Eu explico sobre essa nova amizade repetina com os três mascarados, torcendo para ela acreditar em mim, porque caso ela não acreditasse em mim, eu não sei o que eu faria.

Sua feição chorosa se tranforma em algo curioso e um tanto confuso.

-Porque você mentiu sobre isso? Você... fez amizade com os carinhas das máscaras de animal, o que tem de mais nisso?

-Eu não sei... Eu... - Agora ê minha vez de ficar com a voz trêmula de choro.

Um nó se forma na minha garganta e eu não entendo o motivo disso tudo.

Quando eu me dou conta eu estou chorando, apertando minhas mãos em nevorsismo.

-Eu não sei... - Eu escondo meu rosto entre as mãos - Eu sinto que estou fazendo algo errado ao sair com eles, mas não sei o que!

Monique fica em silêncio, eu não posso ver seu rosto, mas seu silêncio aos poucos começa ser desesperador.

Eu levanto a cabeça para olhar para seu rosto. Eu não consigo respirar direito pelo bolo na garganta e seu rosto gentil e silêncio não me ajuda a ficar tranquilo.

Monique dá um sorriso entendedor, se esticando para me dar um abraço apertado.

Ela continua a não dizer nada por muito tempo e, apesar de estar confuso e ansioso, seu abraço me acalma um pouco.

-Você quer parar com isso? - Monique diz depois de muito tempo de silêncio, beijando minha cabeça.

-O que? - Olho para ela, frazindo as sombracelhas.

-Parar de ser um casal. Vamos continuar casados! - Ela se apressa a dizar ao ver meu olho arregalar - Até porque nenhum de nos queremos problemas com nossos pais. Mas podemos ser só amigos, sem as coisas de casal.

-Mas precisamos criar o herdeiro...

-A gente dá um jeito. Qualquer coisa eu falo que sou infértil.

-Que? Não! Você vai ser mal falada!! Você não pode fazer isso, a gente pode dar outro jeito, eu... - Ela coloca a mão no meu ombro.

-Sirius, relaxa, isso não importa agora. Isso não é tão importante quanto você acha, tá bom?

-Mas...

-Tá tudo bem. - Monique beija minha testa - Quer que eu faça o jantar hoje?

Ela muda de assunto sem aviso prévio, um tom de voz casual e gentil.

-Eu... - Dou um sorriso pequeno, me sentindo um pouco mais leve - Quero.

Monique sorri com carinho, se levantando e dando um sorriso bobo.

-Você lava a louça! - Ela aponta para mim.

Enquanto Monique faz o jantar eu olho para parede. Um sorriso eterno no meu rosto.

Na primeira vez em muito tempo eu sinto a sensação de família.

Pela primeira vez eu me sinto em casa ao sentar na mesa com Monique.

Pela primeira vez não ficamos em silêncio.

Pela primeira vez eu deitei do lado de Monique com um sorriso.

Eu fui dormi calmo naquela noite e pela primeira vez eu não vi apenas tristeza e cansaço no espelho enquanto me arrumava para o trabalho.

Havia uma boa quantidade de alegria ali.

☆*._.*☆

Essa fanfic vai acabar mais cedo do que eu pretendia pq eu acabei perdendo a magia por ela, mas eu não quero deixar ela inacabada.

Até a próxima!!

☆*._Máscara da Alma - Marotos AU_.*☆Onde histórias criam vida. Descubra agora