Capítulo 10 - Dora Espinosa

34 3 0
                                    

                                                     17 anos atrás

Faz 10 dias, desde que estava trabalhando e recebi a notícia que me deixaria sem chão. Aurora e seus filhos e minha filha estavam mortos. Eu sinto como se não tivesse mais alma, e só tivesse restado uma casca vazia. Desde lá eu e Oscar não fomos mais trabalhar, eu não ia mais para o restaurante em que era chefe de cozinha e meu marido não ia para o seu emprego de segurança de um jovem magnata de Nova York.

Já passava da hora do jantar, eu continuava na sala olhando para a janela sem prestar atenção em nada, como vinha fazendo desde que recebi a notícia, quando alguém tocou a campainha.

Percebi que Oscar estava indo abrir a porta apenas pelos seus passos, já que não tinha vontade nem de virar meu rosto para verificar a movimentação. Após alguns minutos, Oscar veio até mim, se ajoelhou na minha frente com os olhos marejados, tentando chamar minha atenção:

- Dora, minha vida. - Assim ele me chamava desde que nos conhecemos, e depois que veio Diana, ele a chamava de vidinha. Não olho para o seu rosto, mas ele continua a falar. - Tem dois policiais na porta, eles trouxeram alguém para nós identificarmos. Preciso que você seja forte, caso não seja quem esperamos, saiba que estarei ao seu lado para te darmos apoio um ao outro. - Após isso, finalmente me viro contemplando através de seus olhos cheios de lágrimas, algo como esperança.

Ele se levanta, vai até a porta e pede para os policiais trazerem a pessoa, enquanto isso, ele retorna ao meu encontro, ficando em pé a minha frente segurando minha mão direita, e desta vez minha visão está fixa na porta e pela primeira vez, em dias, minha atenção realmente está em algo.

Escuto passos do que parece 3 pessoas se aproximando da porta, um deles é mais leve que os outros dois. Os três passam pela porta principal adentrando a sala, quando de repente, entre os dois policiais há uma menina que só preciso olhar para os cabelos para reconhecer. Antes mesmo que eu possa me levantar, ela vem ao nosso encontro, pulando sobre nós e nos abraçando.

- Mamãe, papai! - Ela diz em meio aos soluços de choro, e sua voz me traz de volta a realidade.

- Está tudo bem meu amor, nós estamos aqui. - Digo enquanto aliso sua cabeça para deter seu medo, e segurando meu choro para passar segurança para ela.

- Nada mais irá acontecer mais com você vidinha. - meu marido fala para nossa filha. Ele se agacha para nós três ficarmos na mesma altura.

Nós ficamos assim por um bom tempo, até que Oscar vai até os policiais para saber o que aconteceu, alguns minutos depois ele se despede dos dois homens. Nós três ficamos sentados unidos no sofá até Diana adormecer. Após isso, eu e Oscar nos sentamos à mesa da cozinha, para podermos conversar. Então eu pergunto:

- O que aconteceu?

- Os policiais contaram que no acidente faleceram Aurora e seus filhos, mas Diana sobreviveu, e alguns bandidos passaram pelo local antes do socorro chegar. Ao verem o carro de luxo, pensaram que Diana era filha de Aurora, então decidiram sequestrá-la para pedir resgate. - Oscar conta. Analiso a história por um longo tempo, e não me parece convincente.

- Você acredita nisso? - Finalmente eu pergunto.

- Sinceramente? Não. Essa história parece ter muitas pontas soltas. - Ele para e pensa um pouco até que prossegue. - Você se lembra que uma vez te contei que minha irmã Ramona trabalhou por muitos anos para a máfia e agora está aposentada? - Assenti em confirmação. - Então, acredito que ela ainda tenha muitos contatos, e pode nos dar pistas sobre o que aconteceu. Vou usar os nomes dos bandidos que a polícia me passou e descobrir mais pistas.

Tudo bem meu amor, nós vamos descobrir a verdade e proteger nossa filha, nem que pra isso Nova York tenha que ruir. - Prometo enquanto observarmos nossa filha dormir no sofá.

Entre a Máfia e as RevelaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora