𝟰° 𝗖𝗔𝗣𝗜𝗧𝗨𝗟𝗢

143 33 8
                                    

PETE SAENGTHAM

A cada suspiro, uma dor em meu peito se mostrava presente. Eu não entendia o motivo disso e nem queria saber. Vegas disse ser algo "normal", uma sequela da grande cirurgia recém-feita, então acabei não me preocupando com esse tipo de coisa.

E bem, sobre Vegas... Ele tem sido uma companhia tão boa para mim. Algo que era para ser sofrido - ficar sozinho, comendo essa comida ruim e sem sal do hospital, vendo TV e mexendo no celular 100% do meu dia - virou algo divertido. Conversar com ele sobre minha vida, sobre o irmãozinho dele, que eu acabei descobrindo ser um fã... Está sendo tudo tão novo, tão bom ter alguém comigo.

Olhando no relógio ao lado da TV, podia ver os ponteiros se mexendo. A hora não passava nunca. Pode parecer bobo, mas eu decorei os horários em que Vegas vem checar as coisas. E por sinal... Acho que é mais do que o necessário. Enfim... Não falta tanto tempo, por sorte.

As coisas por aqui têm sido bem diferentes. Como eu disse, ter uma companhia real já muda tudo. Mas... Eu estou tão desocupado. Normalmente, meus dias eram cheios de reuniões, ensaios, entrevistas e blá-blá-blá. Agora? Hospital, hospital, hospital.

— Bom dia! - Ouvi aquela voz rouca, levemente doce, e virei meu rosto rapidamente, podendo ver a imagem de Vegas à minha frente. Ele é lindo... Cabelos longos, um corpo que parece ser bem delineado, seu rosto levemente quadrado, esses olhos...

— Bom dia! Fiquei com saudades. - Disse, sorrindo, vendo ele se aproximar com o mesmo tablet de sempre. Sorri, esticando minha mão, logo tendo o aparelho em minha posse.

— Saudades de mim ou dos joguinhos que eu deixei você instalar? - Ele disse com um sorriso no rosto. E porra, que sorriso, filhadaputamente lindo.

— Ah, quando você fica preso em uma cama de hospital, sente saudade até da enfermeira chata que vem aqui me entregar aquela comida ruim. - Eu disse, resmungando, ouvindo a risada dele ecoar pelo quarto. Ele então se sentou, vendo o joguinho de comidinha passar pela tela de seu aparelho.

— Que foi, hein? Quer jogar? - Perguntei.

— Não, eu só estou pensando o que fariam comigo se descobrissem isso... Sabe, esse tablet é do hospital... E não é como se você não tivesse celular, não é, senhor Pete?

— Ah, mas eu já te expliquei, meu celular... Hm... Ele não roda esse joguinho.

Ok, eu estava mentindo. Não sei o motivo certo, mas eu quis o tablet dele. Talvez seja apenas uma desculpa para que ele não saia da sala tão rápido, para que ele fique mais tempo ao meu lado.

Quando você está preso a uma sala, qualquer pessoa é bem-vinda. Eu não menti quando disse que sinto falta até da enfermeira chata. Essa é a parte ruim, ou uma das piores, de não se ter um amigo ou alguém que possa te visitar.

— Pete? Eu preciso ir, um paciente está tendo... acho que uma convulsão. Não sei, o Mhok escreveu tudo errado. Até mais tarde.

Vi ele sair correndo para fora, falando algo com uma mulher antes de sair a passos rápidos pelo corredor. Ele havia deixado seu tablet... Ótimo! Ele vai ter que voltar.

Eu estava prestes a voltar a jogar quando vi a mulher entrar na sala com um sorrisinho, se aproximando e checando meus aparelhos.

Cure For Love - vegaspete Onde histórias criam vida. Descubra agora