A sala do trono estava vazia, exceto pela figura solitária de Aegon II Targaryen, sentado no assento que tantos haviam cobiçado. A glória do Trono de Ferro havia se transformado em uma prisão de aço e lembranças dolorosas. O crepitar das tochas lançava sombras dançantes nas paredes, mas nada poderia iluminar a escuridão que envolvia o coração de Aegon.
Aegon odiava admitir que com o tempo o trono começou a machua-lo, corta-lo, odiou descobrir que se tornou digno de sentar naquele trono, de usar aquela coroa.
Ele fitava a coroa sobre a mesa ao seu lado. Era um símbolo de poder, mas para ele, era um lembrete constante das vidas que haviam sido perdidas. Seus irmãos, seus parentes, todos aqueles que haviam morrido na busca por um trono que agora parecia sem valor. Ele sentia a ausência deles como um peso sufocante, um vazio que nenhuma quantidade de poder ou riqueza poderia preencher.
"Será que tudo isso valeu a pena?" Aegon se perguntava, sua voz ecoando na vastidão da sala vazia. "Todos os sacrifícios, todas as mortes... E para quê? Para me encontrar aqui, sozinho, com nada além de arrependimento e dor."
Ele fechou os olhos, lembrando-se de seus irmãos. Helaena, cuja doçura e inocência foram esmagadas pela brutalidade do mundo ao ver seus filhos serem associados em sua frente. Aemond, cuja determinação e coragem não puderam salvá-lo do destino cruel que o aguardava delas mãosde seu tio Daemon. E Daeron, o mais jovem, cujo brilho foi apagado cedo demais. Suas memórias eram como facas afiadas, cortando sua alma a cada lembrança.
"Eu deveria ter sido mais forte. Deveria ter protegido vocês." Aegon murmurou, lágrimas escorrendo por seu rosto. "Mas falhei. Falhei com todos vocês."
O peso da culpa e do arrependimento era insuportável. Aegon sabia que não havia como desfazer o passado, mas ele desejava desesperadamente uma chance de corrigir seus erros, de redimir-se de alguma forma.
Com um suspiro profundo, Aegon se levantou e caminhou lentamente até uma mesa ao lado do trono. Em cima dela, um cálice de vinho repousava, inofensivo à primeira vista. Mas Aegon sabia que o líquido escarlate estava envenenado. Ele havia preparado tudo meticulosamente, desejando apenas um fim para sua agonia.
"Talvez, ao me juntar a vocês, eu possa finalmente encontrar paz." Aegon pegou o cálice, suas mãos tremendo ligeiramente. "Talvez, na morte, eu possa fazer as pazes com os fantasmas que me assombram."
Ele ergueu o cálice aos lábios, sentindo o amargor do veneno misturado ao vinho. Em um único gole, ele esvaziou o cálice, deixando-o cair ao chão com um tilintar suave. Aegon sentiu o veneno se espalhar por seu corpo, um calor ardente que logo deu lugar a uma frieza crescente.
Com um último olhar ao trono que havia sido sua maldição, Aegon caiu de joelhos, a visão se escurecendo. Enquanto a vida se esvaía de seu corpo, ele sussurrou uma última prece.
"Perdoem-me, meus irmãos. Eu estou a caminho."
E com isso, Aegon II Targaryen, o Rei Dragão o Usurpador, sucumbiu à escuridão, esperando encontrar na morte a paz que tanto lhe faltara em vida.
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Renascimento do Dragão
FanfictionApós os eventos devastadores da Dança dos Dragões, Aegon II Targaryen, o Usurpador consumido pelo arrependimento e pela culpa, decide tirar sua própria vida com um cálice de vinho envenenado. No entanto, ao invés de encontrar a morte, Aegon acorda n...