CAPITULO 11

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LAYLA

Um, dois, três...Merda!

Preciso começar outra vez,eu preciso executar essa sequência com perfeição quarenta e duas vezes.

Um, dois,três, quatro...

A Lucy hoje parecia desconcentrada, preciso corrigir o Grand Battement dela.

Cinco, seis,sete, oito...

Acho que deixei o forno elétrico da Louise ligado, preciso encontrar uma casa para mim.

Nove... dez...

Preciso comer alguma coisa, mas não posso engordar, tenho que ser exemplo.

Onze...

Preciso conversar com a Jane.

Doze...

— Argh! — Rosnei quando errei outra vez, eu precisava fazer quarenta e duas vezes, não mais e nem menos, a sequência tinha que ser perfeita.

Já estava anoitecendo, e eu sentia meu corpo exausto, fiquei horas dançando e pensando, pensar, eu não conseguia parar, precisava tomar um banho também.

— Layla? — Isaac apareceu na porta, eu não o via há uma semana, desde o dia em que voltamos para casa, estava evitando ele, e era fácil, pois sua casa já estava limpa. — O que ainda está fazendo aqui?

— Eu... eu estava ensaiando. — Ele se aproximou, e seus olhos verdes me analisaram com cautela. 

Droga, ele sabia.

— Você está pálida e suada, ficou quantas horas ensaiando? — Eu deveria mentir para ele.

— Não foram muitas horas. — Dei de ombros e o contornei, me sentei no banco de madeira para tirar as sapatilhas.

Não esteja machucado, não esteja machucado.

— Não é o que seus pés e o seu suor estão dizendo. — Eu estava suando frio, meus pés estavam bem machucados e minha barriga roncava. — Você comeu?

— O que foi? Agora vai começar a me encher o saco? — Ele me encarou com seriedade, minha resposta foi irritadiça, não porque eu estava com raiva dele, mas porque odiava que pegassem no meu pé. — Desculpe, só estou cansada, preciso de um banho. — Me levantei para arrumar as coisas na bolsa.

— Quantas vezes você tomou banho hoje? — Isaac sabia, ele sabia que meus pensamentos e comportamento obsessivo tinham voltado. — Layla, quantas horas você ensaiou? Quando foi a última vez que comeu?

— Pare de fazer tanta pergunta. — Eu não olhava para ele, pois qualquer mísero olhar já daria suas respostas.

— Layla. 

Suspirei cansada, deixando minhas sapatilhas em cima da bolsa e me sentei ao seu lado outra vez; seus olhos não se perderam de mim nem por um segundo.

— Tomei quatro banhos, um para cada aula, estou desde ontem sem comer, ensaiei desde a última aula que foi às três horas da tarde.

— Agora já são oito da noite.

— Eu sei. — Murmurei. — Voltou apenas, eu tinha ficado quatro anos sem nada disso, mas simplesmente voltou.

— Entendi. — Ele assentiu e pareceu pensar um pouco. — Vem, vamos lutar um pouco. — Ele se levantou, pegando minha mão.

— Não, eu.

—Vai te fazer bem, sempre fez.

Ele tinha razão lutar me ajudava a colocar a raiva para fora, vesti uma calça e o segui, Isaac estava lindamente vestido com seu kimono preto, quando chegamos na sala um outro kimono vermelho foi jogado para mim, ele arqueou as sobrancelhas e de braços cruzados esperou eu colocar, era como se tivéssemos voltado no tempo quando  ficava comigo depois da aula para me ensinar, pois segundo ele, eu precisava saber me defender.

A Herança que você deixou (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora