CAPITULO 9

17 4 0
                                    

Layla

Frio, estava muito frio e meus pulsos doíam por conta do aperto da corda, meus olhos estavam tapados e automaticamente minha audição ficou aguçada,pude ouvir o som de árvores balançando com o vento e das folhas no chão enquanto eu tentava me soltar.

— Alguém me ajuda! — Gritei.

— Layla? — A voz de Louise soou próxima, ela parecia estar de frente para mim.

— Lou?

— Sim, sou eu, você também está amarrada?

— Sim. — Pela sua pergunta, soube que ela também estava vendada.

— Como vamos sair daqui?

— Como você está amarrada? — Dependendo de como ela estivesse, poderia me ajudar.

— Mãos para frente e acho que contra uma árvore. — Ela tinha uma vantagem maior, pois as minhas estavam amarradas atrás do meu corpo e eu estava de pé.

— Está sentada ou em pé?

— Sentada. — Aquilo tinha sido proposital, seja lá quem fosse, queria que nós nos soltássemos.

— Lou, veja se consegue encontrar algo com o pé. — Um segundo depois, ouvi as folhas se mexerem com mais veemência.

— Acho que encontrei algo. — Ela falou, e eu sabia que graças à nossa flexibilidade seria possível levar até suas mãos. — Consegui!

— Se soltou?

— Ainda não, mas acho que está indo.

Um silêncio e uma tensão pairou entre nós me tornando mais consciente do meu corpo, percebi então que eu estava vestida somente com as minhas roupas íntimas e meia calça.

O frio congelante penetrou minha pele, minha boca tremia quando senti o aperto das cordas em meu abdômen diminuir, as mãos delicadas e geladas de Louise estavam em meus pulsos, meus olhos logo a encontraram na penumbra, tudo que havia para nos iluminar era a luz da lua que estava escondida atrás das nuvens, seu brilho esparso criou um jogo de luz e trevas sobre o solo coberto de folhas secas.

Louise também estava sem roupa e tentava conter o frio abraçando a si mesma, o cabelo loiro estava desgrenhado e cheio de folhas, assim como o meu.

— O que aconteceu? — Louise olhou em volta. — Eu estava no carro quando me pegaram.

— Comigo foi a mesma coisa, mas precisamos tentar encontrar um lugar.

Lou assentiu e começamos a caminhar de mãos dadas em busca de qualquer lugar ou do barulho de água, eu estava tensa e em alerta o tempo todo, andamos por um longo tempo,meus dentes batiam um no outro, minha cabeça e pernas estavam doendo, avançamos com cautela, nossos passos eram abafados pela camada de folhas, mas ainda assim, cada movimento era amplificado pelo silêncio profundo da floresta, mas esse silêncio foi substituído por uivos e estampidos de armas, Lou arregalou os olhos e paralisou olhando para um ponto atrás de mim, não tive coragem de seguir seu olhar.

— Lou, a gente precisa ir! — Falei, tentando fazer com que ela andasse. Ouvi passos se aproximarem, estávamos sendo caçadas.

— Lay... — Louise apontou para onde estava olhando, me fazendo virar, mas não havia ninguém.

— Não... Louise? — Ela tinha desaparecido, minhas pernas vacilaram por um instante, mas o som de alguém se aproximando me fez correr.

Corri entre as árvores sem olhar para trás para ver o que ou quem estava junto comigo, minha respiração estava ofegante e o ar que entrava nos meus pulmões estava tão gelado que os queimava, minha respiração estava descompensada e um zumbido começou no meu ouvido, estava cansada de correr quando encontrei um lugar para me esconder e de trás da árvore consegui ver a figura que me perseguia,era um homem usando uma máscara que cobria seu rosto e sua boca, sua jaqueta era preta com capuz.

A Herança que você deixou (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora