Chuva Viva

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Introdução:

Este pequeno texto que escrevi foi resultado de uma bonita reflexão que tive na tarde de terça-feira. Estava chovendo bastante e, mesmo com uma foto não muito clara, acabei expressando meu lado reflexivo e até sobrenatural. Com isso, registrei tudo o que passava pela minha mente e pelo meu ser.
É um pouquinho enigmático, mas foi como se eu tivesse despertado, vendo além do que era superficial. Refleti sobre algo simples e insignificante, colocando-me em seu lugar. Comecei fazendo meu esboço e, em seguida, revisei e até alterei as palavras para melhorar a estética. Desejo-vos uma ótima leitura!

Uma...
Duas...
Três...
Milhares de gotas descendo simultaneamente, unindo-se e espalhando-se ao mesmo tempo.

De onde vêm, elas descem e encontram o chão.

Uma breve narrativa sobre uma simples gota que caiu. Porém, seria realmente tão simples assim?

É possível que essa única gota tenha vivido de maneira tão efémera, apenas para concluir sua trajetória? Tão leve, tão singular.

E se essa gota podesse narrar sua história, revelando a extraordinária jornada que vivenciou?

Originando-se de uma nuvem suave, ela impulsionada pela caprichosa Mãe Natureza, a mergulhar no vasto e profundo céu.

Sem perder de vista que essa mesma gota se extingue para renascer, talvez um dia, em um rio, no oceano ou no próprio solo que tocou.

E se eu fosse essa gota...
Viveria mil aventuras em uma fração de segundos, onde a vida se revelaria ainda mais singular e enigmática?

Seria possível que maravilhas surgissem de um ser distante da humanidade?

Desvendaria ele um mundo além do que conhecemos e exploraria ao lado de outras entidades semelhantes?

Seriam, de fato, tão semelhantes? Pode parecer uma ideia excêntrica da minha parte afirmar que uma simples gota possui vida.

No entanto, ao refletir sobre isso...

Quem me dera que fosse assim.

Em comparação com o ser humano, considero que até mesmo uma gota composta por diminutos átomos possui mais dignidade em relação á vida.

Refletindo sobre isso, não o faço com tristeza ou alegria, mas sim de uma maneira que transcende a superficialidade das emoções.

Seria uma gota capaz de sentir como um ser humano?

Em minha profunda reflexão, chego à conclusão de que, caso ela sentisse alguma emoção, seria a raiva.

Uma gota pura, em seu ambiente natural, sem dificuldades ou interrupções, abandona o seu ninho e despenca em um solo degradado. Um solo que, outrora vibrante de vida, agora encontra-se marcado pela impureza. Um solo que abrigava sonhos, mas que atualmente sepulta as aspirações de outros.

Essa gota poderia se encher de indignação, alimentando um sentimento de desprezo pela nossa existência. Sentiria repulsa por nossas ações reprováveis.

Ela teria plena justificativa para sentir raiva da nossa espécie, se estivesse em sua posição, poderia nutrir os mesmos sentimentos.

Sua retirada de seu habitat a expôs a um mar de desafios decorrentes das ações humanas.

Enfim...

Sinto que até uma gota de chuva experimentou mais alegria em seu breve momento de existência do que eu ao longo da minha vida.

Nicele Teixeira
Nicole300607

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