"Dois"

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Introdução.

A imagem me fez pensar em mim, como se ao olhar no espelho realmente tivesse dois de mim, como se a cada passo meu tivesse um maldito segundo eu que não cala a boca e me faz pensar 3 à 4 vezes em tudo que faço e fiz, em todos os meus erros e tudo que não sou hoje, todas as oportunidades perdidas e todas as desesperanças que em mim se acumularam e hoje em dia surto dia após dia pensando que se eu me deixar levar pelos outros e pelos remédios eu provavelmente já sei onde vou parar. É com ele que brigo o tempo todo e faço pugnas do amanhecer ao noitecer, acredito que é com ele que vou morrer e viver.

(Ficou um pouco maior mas é isso, boa leitura. 😃)

Sabe, quando olho para ti acredito que talvez tenha esperança...

— Que esperança?

— A esperança de um dia não ser igual a você. Conheço o final dessa história e sei que você é meu mal.

— Hipocrisia devia ser pecado, não fui eu que te fez usar aquilo, que te fez sofrer pelo coração e mesmo que eu estivesse errado quem liga? Você tá fadado a isso e depois me culpa?

– Eu prometi que pararia e mesmo assim não consigo, você é minha morte e reclama quando estende a foice no meu pescoço e diz que gritar não vai ajudar? Dói, mas eu não ligo, eu prometi que largaria esses remédios e que nunca mais te ouviria!

— Me ouvir nunca foi o problema, sempre foi você, sua razão indaga a percepção e depois vulga a minha presença dizendo que do céu não vim, logo, devo ter nascido das chamas mas você sabe que eu nasci e cresci contigo e não é agora que vamos se separar.

— Cresci? Nasci? Nunca nasci adjunto a ti, sempre cheguei perto do fim e você só apareceu nos piores momentos! Na merda da ficha que eu carrego você é a mancha no panfleto, a lágrima no papel, a mancha na roupa. Você nunca nasceu comigo, cresceu quando eu estava pra baixo e agora que tudo é igual você ataca e não larga! Desgrudar nunca foi teu desejo e sabe que eu não posso mudar.

— Não pode mesmo, sempre soube que mãe, pai, amigos ou terapia iria te ajudar, não buscou ajuda porque sabe que não tem coragem, não tem coragem para depois de se abrir porque sabe que nunca mais vai se encarar do mesmo jeito! Nunca teve motivos pra ser feliz e quando vem pra mim eu que sou o culpado? Faça mil favores e vulgo a si, você vicia e eu sou seu vício, não importa a maldita escolha que faça, sou eu que sempre tô do teu lado.

— Juro que não queria...

— Mentira.

— Juro que não tô bem...

— Mas não quer se curar.

— Juro que não tô bem...

— Mas só você pode se ajudar.

— Juro que amanhã me mato...

— Não tem coragem.

— Já entendi! mesmo estando sozinho você perdura comigo e me diz, agora o que faço?

— Não me importo, no fim você sabe que é um fracassado e mesmo quando todos se forem eu vou estar ao teu lado.

— Maldita seja você! Maldito sejam esses números, bares, bebidas e drogas.

— Juro que se não fosse você...

— Se não fosse eu?

— Nada...

> - J.B.L. Uzumaki

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