Capítulo 3

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A minha relação com meu querido novo chefe se tornou muito boa em pouco tempo. Se tornou boa, a ponto de parecer uma grande fantasia da minha cabeça, sendo honesto. Isso porque, vejamos, eu sou acostumado a fazer amizades de modo muito, muito fácil. Eu não sou uma pessoa difícil de lidar, eu gosto de coisas que são gosto comum, eu tenho um filho adorável que todo mundo adora... Eu sou uma boa pessoa para se tornar amigo.

O problema, é que tão rápido quanto percebi ter feito amizade com meu chefe, também percebi que ser seu amigo é um pouco estranho. Estranho porque eu gostaria de ser mais. Não é como se fosse um grande problema, porque não é. No entanto, com zero envolvimentos nos últimos anos, é de se esperar que seja um pouco novo me sentir assim.

— Papai, minha cabeça dói. — Ouço a voz de meu pequeno e prontamente caminho até ele.

Quando coloco a mão em sua testa, sinto-a tão quente que deve estar ardendo. Ótimo, um resfriado. Jeongsan é muito dengoso, então eu sei que ele não vai me largar por nenhum segundo que seja. E como eu ainda estou em fase de treinamento, ficaria ruim se eu pedisse para faltar estando no começo da minha relação profissional, seja com meu chefe ou com Taehyung.

Por isso, pego meu celular corporativo e envio uma mensagem diretamente a Jungkook, informando que meu pequeno está mal. Me surpreendendo, ele me oferece duas opções: um turno de folga ou que eu leve meu filho para o trabalho. Em outros momentos, talvez eu ficasse muito pensativo sobre o que fazer. Dessa vez, contudo, eu sei o que é certo, e tirar uma manhã de folga não faria muito sentido.

— Você vai para o trabalho com o papai, bebê. — Digo. — Você vai tomar um banho quente, vou te dar um café reforçado e um remédio, e depois vamos trabalhar.

Meu filho não se opõe a nenhuma das minhas demandas, mas não parece empolgado om elas também. E eu sei que a razão é o seu estado. Jeongsan não é do tipo de criança que consegue fingir uma doença, ele não consegue fingir que está amuado ou qualquer coisa assim. Por isso, sei e vejo que não é fingimento de sua parte.

Diferente da sua autonomia diária com banhos, dessa vez ele me pede ajuda. E eu ajudo sem o menor problema, mais o dando apoio e companhia do que qualquer outra coisa. Eu só fico próximo dele e o garanto que estou aqui ao seu lado. Depois, eu o faço rir com uma sessão de cócegas sobre a cama enquanto seco seu corpo e o visto como se ele fosse um bebê.

Jeongsan não se empolgou durante o percurso para o meu trabalho. E eu não o julgo em momento algum, pois ele está dodói como ele próprio denomina e tudo que quer é ficar agarrado em mim. Sorte a minha trabalhar em uma empresa familiar que não vai me julgar por estar sendo, de certa forma, antiprofissional. Mas meu pequeno é minha prioridade, no fim das contas.

Assim que chegamos, ele segura minha mão, e eu carrego sua mochila e mais a minha no outro ombro, para poder o segurar próximo a mim.

— Eu seguro para você, Jimin. — É a voz do meu chefe que diz, me dando um susto.

Eu sequer o percebi dentro do elevador.

— Sr. Jeon, perdão, eu não o vi. — Tento me retratar. — Pequeno, esse é o chefe do papai. Sr. Jeon, esse é Jeongsan, meu filho.

Jungkook sorri pequeno, pega as mochilas de meus braços e, na sequência, ele estica a mão até deixar nítido que meu filho deve segurá-la para um cumprimento. Eu acho graça da agradável interação entre eles e os dou um sorriso.

— É um prazer conhecê-lo, pequeno Jeongsan.

Meu pequeno fica todo tímido, mas sorri todo bobinho pela importância que meu chefe o fez sentir apenas pela sua presença. Jungkook caminha comigo até minha mesa e coloca as duas mochilas sobre a superfície.

— Taehyung vai fazer alguns exames hoje e eu o liberei para trabalhar remotamente, caso precise de algo eu estarei em minha sala.

E eu apenas concordo com a cabeça, puxando uma cadeira para meu filho se sentar e já o entregando algumas folhas e lápis para ele desenhar um pouco caso queira.

○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu não sou de criar falsas esperanças sobre algo que está longe de ser real. Mas eu obviamente me encantei por meu chefe desde o primeiro contato, e agora estou feito um bobo sorrindo para a cena mais linda que já presenciei – exceto nas primeiras coisinhas que meu filho fez, como andar, falar e por aí vai.

Eu não queria o levar para almoçar fora, porque além de frio também está chovendo. Jungkook me disse que tomava conta de Jeongsan enquanto eu buscava o almoço para nós três. E eu fiquei aflito, é lógico, porque mesmo sendo lindo e meu chefe, ele é um estranho, eu o conheço pouquíssimo.

Mesmo assim, eu fui. Porque meu próprio filho me olhou e disse que eu podia ir. Sério! Quase chorando pela independência repentina do meu pequeno, eu guardei em meu bolso o cartão corporativo que Jungkook exigiu que eu utilizasse e corri para o restaurante. Comprei comida saudável para todos nós, e uma porção de batata-frita para agradar um mocinho dodói. Além disso, comprei uma barra de chocolate para todos dividirmos, mesmo que eu sequer saiba se meu chefe aprecia tal doce.

Agora, ao retornar, eu me deparo com essa cena linda. Jeongsan está sentado ao lado de Jungkook sobre um tapete, de frente para a mesa de centro da sala dele. Os dois estão rindo, alto, e desenhando e pintando o que ainda não identifiquei ao ver de longe. Mas a cena... os sorrisos, o som da risada deles.

Eu pareço ter esquecido nos últimos anos o quanto eu sonhava em me casar com um alfa e ter um filho. Mas ver essa interação dos dois trouxe à tona todos aqueles sonhos bobos e adolescentes que eu mantive trancados em meu subconsciente por tanto tempo.

Tanto é, que sinto vontade de chorar ao me deparar com isso.

Porque é lindo. E genuíno.

— Goo hyung, posso pedir uma coisa? — Meu filho diz baixinho, e eu derreto todo apenas pelo modo que ele chama meu chefe.

— Você pode sim, pequeno San.

— Você pode ser bonzinho com o meu papai? Ele cuida muito de mim e é muito bom, ele é o melhor papai do mundo. Você pode cuidar dele também?

Com a autenticidade de sua frase, eu sinto meus olhos cheios de lágrimas e pisco algumas vezes para absorver se eu, de fato, ouvi isso. Eu sei o quanto meu filho me ama, isso sempre se faz muito nítido, mas seu singelo pedido não deixa de me pegar de surpresa também.

E Jungkook parece atordoado também, especialmente com o jeito de Jeongsan. Crianças são honestas até demais algumas vezes.

— Seu papai será bem cuidado aqui, San. Você não precisa ter medo. — Jungkook garante, o que só me deixa mais surpreso. — Eu sinto cheiro de comida misturado ao doce de amora, mas cadê o dono dessa fragrância?

Sinto minhas bochechas esquentarem ao ponto de quase arderem, mas log me apresso e caminho na direção deles. Jungkook me dá um sorriso leve, contido, e me ajuda a distribuir os talheres e os potes recheados de comida boa.

A sensação que fica em meu peito é avassaladora, ela quase dói.

E o sentimento que Jungkook já está impregnando dentro de mim, apenas se intensifica. 

Connected by Love | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora