BILLFORD: Mentor intergaláctico

Capítulo 7

*Stanford Pines*

Stan havia saído para jantar com Lazy Susan, e me deixou tomando conta das crianças, o que era o momento ideal para responder suas perguntas sobre meu relacionamento.

-E como você se beijam? Ele tem uma boca secreta?- Perguntou Dipper.

-Seu olho pode também ser uma boca, é algo meio confuso, mas com o tempo você se acostuma.

-Ele tem alguma forma humana super sexy?- Disse Mabel, quase pulando de animação pela novidade.

-Hum... Ele tem várias formas humanas super sexy. O Bill é metamorfo, pode se transformar em qualquer coisa.

-Enquanto vocês estavam no laboratório, eu fiz vááários desenhos de como imagino a forma humana do Bill! Espera um minuto, vou buscá-las no quarto!- A garota correu até as escadas, me deixando sozinho com Dipper na sala.

-Tivô Ford, mesmo depois de tudo, você realmente confia no Bill?

-Pode ser estranho, mas sim. Antes de vocês chegarem nós passamos alguns dias juntos, e Bill está mudado!

-Como ele fez para vir até aqui? Pensei que estivesse morto!

-Eu não entendi isso direito, acho que esteve vagando por outras dimensões para se recuperar, e então voltou para essa.

O menino respirou fundo e me olhou triste.

-Então era isso o "nada de interessante"? Meu Tivô namora um demônio de um olho, e isso é "nada de mais"?! E aquele papo de "sem segredos entre nós" no último verão?- O menino me questionava fazendo gestos com as mãos.

-Entenda Dipper, é para a sua segurança!

-Mas eu amo lidar com monstros e viver aventuras com você! Por favor, Ford!

-Tente convercer o Stan, ele que me proibiu de te manter como aprendiz! Realmente acha que eu não gostaria qud continuassemos trabalhando juntos?

Mabel voltou carregada de desenhos do Bill.

-E então, Tivô Ford? Algum deles se parece com a forma humana do Bill?

Segurei um deles.

-Esse aqui até lembra a que ele costuma usar... Mas nem todas são tão adoráveis, uma das formas do Bill me faz ter os piores tipos de pesadelo!

-Como essa forma é?- Ela perguntou me entregando uma caneta e uma folha em branco. Desenhei um ser com aparência de mais de 60 anos, baixo, com poucos fios de cabelo, dentes enormes olhos amarelados com cílios longos. É claro que não podia faltar a cartola e gravata borboleta.

-Mas que horror!

-Bill só costuma usar essa forma para me dar sustos, e o pior é que sempre funciona...

Dipper estava calado, provavelmente pensando em como convencer o Stan a deixá-lo participar dos meus estudos. Mabel quebrou o silêncio com mais uma pergunta.

-Tá bem, última pergunta! Por que vocês terminaram?

-O Bill costumava ser um grande manipulador, uma vez ele me usou de fantoche e se automultilou como forma de tortura para que eu abrisse o portal. E acredite, essa não foi a pior coisa!

Depois de contar mais histórias malucas sobre vezes que Bill me usou de fantoche, mandei que as crianças fossem escovar os dentes, pois estava perto da hora de dormir. Desci para o laboratório, e me deparei com seis velas ao redor de um tapete em formato de hexágono e com um triângulo estampado. Também haviam duas pequenas pirâmides de cristal, e no centro de tudo isso, um bilhete.

"Façamos como nos velhos tempos, medite até que eu tome controle de tua mente e seus sonhos, e te leve para outro mundo, onde vamos sem dúvidas nos divertir."

Obedeci o que estava escrito no bilhete. Logo tive uma visão de diversos olhos me encarando fixamente, e assim que abri os meus, percebi que estava no escritório particular de Bill. A música "You meet again" passou a ser tocada pelo mesmo, que estava em sua forma humana.

-Você não cansa dessa música?

Ele flutuou até mim, mas as teclas do piano continuaram tocando sozinhas, como se tivessem vida própria.

-Estarmos juntos é algo que me faz feliz, Ford. Não vou deixar que nada e nem ninguém estrague o temos.

Meu rosto corou ao ouvir seu comentário.

-Você nunca falou assim antes.

Uma taça de vinho surgiu em suas mãos.

-Aceita?

Quando tentei pegar a taça, Bill a puxou para sí e deu risada da situação.

-Mas o que você está-

Antes que eu terminasse minha fala, ele virou a taça com vinho sobre mim. Senti o líquido escorrer da minha cabeça até a camisa.

-Oh, desculpe! Como eu sou desastrado! É melhor você tirar essas roupas, não acha?

O encarei indignado com a situação.

-Você é tão imprevisível...

-Pena que eu não posso dizer o mesmo.

Tirei a camisa e ela desapareceu de minhas mãos. Ele se aproximou com um sorriso de satisfação, e me abraçou por trás, apoiando a cabeças em meu ombro.

-Não sabe o tanto que eu esperei por isso.- Ele disse em um sussurro.

Por impulso, virei meu corpo de uma vez, ficando de frente para Bill. Segurei seu rosto e encostei nossos lábios com agressividade. Sua primeira reação foi de surpresa, mas logo retribuiu o beijo. Senti algo me puxar para o sofá, como se fosse algum tipo de "imã de humanos" . Algemas mágicas surgiram em meus pulsos, tornozelos e pescoço, eram azuis tal qual as que usou no Estranhagedon.

-Lembra delas?

-Como poderia esquecer?

-Realmente... até hoje lembro da sua expressão de desespero. Diria que foi "colírio para os meus olhos".

Sorri, e logo nos beijamos novamente. Nossos corpos estavam colados, e suas mãos sobre as minhas, me prendendo no sofá. Quando distanciamos nossos rostos, o olhei satisfeito.

-Bill, por que você se importa comigo? Sou apenas mais um "mero mortal" na sua vida.

A minha dúvida o fez pensar por um tempo, ao estalar seus dedos, as algemas sumiram e eu pude me sentar ao seu lado.

-Nós temos o dom de ver além de como as coisas realmente são, Ford, e por isso todos nos taxam de anomalias... Sermos igualmente defeituosos nos faz entender melhor um ao outro.

Olhei para minha mão e mechi meu sexto dedo.

-Quando eu era o "monstro de seis dedos" não imaginava que chegaria até aqui...

-Eu sempre soube que meu lugar era nas estrelas. A minha antiga dimensão era um saco, o povo de lá não tinha sonhos! Mas um certo dia, um monstro mostrou o céu a eles, e no final, acabaram todos mortos.

-Monstro? Você não era capaz de enfrentá-lo?

-Esse monstro é incontrolável, Ford. Quando está bravo, nem ele mesmo pode se controlar.

-Entendo...

-Bem, o passado deve ficar para trás! Anda, vamos continuar de onde paramos.

As algemas reapareceram e meu corpo foi novamente puxado para o sofá. Bill se apoiou em suas mãos e joelhos, e com um olhar e sorriso maliciosos, me beijou da mesma forma agressiva de antes. Não vou contar o que fizemos depois disso, são "coisas de adulto" que você não precisa saber! No futuro talvez eu me arrependa de ter cedido de forma tão fácil, mas naquele momento era tudo o que eu precisava.