Prólogo

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O som da água batendo na piscina ecoava pelas paredes do ginásio, cada gota soando como um eco distante de um sonho que agora parecia inatingível

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O som da água batendo na piscina ecoava pelas paredes do ginásio, cada gota soando como um eco distante de um sonho que agora parecia inatingível. Dandara, de pé ao lado da piscina, sentia o peso da realidade pressionando seu peito, tão forte quanto o dia em que ouviu o estalo seco em seu joelho. Aquela manhã começara como tantas outras, com o frio da madrugada acariciando sua pele, a ansiedade pré-treino revirando em seu estômago, e a visão da piscina que sempre a acalmava.

Ela fechou os olhos, tentando apagar da memória o momento exato em que tudo desmoronou. Em vez disso, as imagens voltavam com clareza dolorosa: a dor intensa, a queda, os gritos abafados dos colegas de equipe. A lesão não fora apenas física; ela tinha destroçado o coração de Dandara, roubando-lhe o sonho pelo qual havia lutado durante toda a vida.

Sentada na arquibancada, semanas após o acidente, Dandara ainda não conseguia acreditar no que havia acontecido. O médico havia sido claro e direto, como se estivesse dando uma notícia rotineira. "Ruptura de ligamento cruzado anterior. Cirurgia necessária. Recuperação mínima de um ano." Aquelas palavras ecoavam na sua mente como um veredito final, encerrando seu sonho de competir nas Olimpíadas de Paris 2024.

Ela suspirou, sentindo a dor familiar no joelho, agora em fase de recuperação após a cirurgia. Mas a dor física era apenas uma sombra diante do vazio que tomava conta dela. Com os olhos marejados, Dandara observava os outros nadadores treinando. Aquele cenário, que antes a enchia de vida, agora parecia distante, como se fosse uma história de outro alguém, de uma Dandara que ela não reconhecia mais.

Ela estava perdida, sem rumo, até que uma ligação inesperada balançou seu mundo.

Era uma tarde qualquer, em meio à sua recuperação, quando o telefone tocou. Dandara, sem grandes expectativas, atendeu. Do outro lado da linha, uma voz profissional, mas calorosa, se apresentou como Ana Paula, produtora da Globo. O nome despertou imediatamente a atenção de Dandara, que sentiu o coração acelerar levemente. O que eles poderiam querer com ela, uma nadadora afastada e esquecida pela mídia?

"Dandara, nós estamos acompanhando a sua recuperação," Ana Paula começou, com a voz calma, mas carregada de uma intenção que Dandara não conseguia ainda decifrar. "E sabemos o quanto essa lesão foi devastadora para você e sua carreira."

Dandara prendeu a respiração, a ansiedade crescendo a cada palavra.

"Mas queremos te oferecer uma oportunidade," Ana Paula continuou, deixando uma pausa calculada antes de continuar. "Estamos te convidando para ser comentarista das Olimpíadas de Paris 2024."

O silêncio preencheu o espaço entre as duas, enquanto Dandara tentava processar o que acabara de ouvir. Ser comentarista? Em Paris? Nas Olimpíadas que ela tanto sonhou em participar como atleta? O gosto amargo da frustração se misturava a uma sensação inesperada de curiosidade.

"Eu... não sei se posso..." Dandara murmurou, tentando encontrar as palavras certas para expressar o turbilhão de emoções que sentia. Ela queria estar lá, mas não assim, não dessa forma.

"Eu entendo, Dandara," a produtora interveio, com um tom compreensivo. "Mas não estamos te pedindo para abandonar seus sonhos. Queremos que você traga sua paixão, sua experiência como atleta, para um novo papel. E você não estará sozinha. César Cielo será seu parceiro nessa jornada."

O nome de César Cielo atingiu Dandara como um soco no estômago, mas ao mesmo tempo, como uma mão estendida na escuridão. César Cielo, o ídolo que ela admirava desde menina, o campeão que a inspirara a entrar na natação. A ideia de trabalhar ao lado dele fez seu coração acelerar. Poderia isso realmente funcionar? Poderia ela encontrar uma nova forma de realização ao lado de alguém que representava tanto para ela?

"Eu... preciso de um tempo para pensar," Dandara finalmente disse, a voz embargada pela mistura de emoções.

"Claro, compreendemos perfeitamente," respondeu Ana Paula. "Mas saiba que acreditamos em você. Essa pode ser uma chance de mostrar ao mundo o quanto você ainda tem a oferecer, Dandara."

Após desligar o telefone, Dandara ficou em silêncio por um longo tempo, encarando o vazio à sua frente. A proposta da Globo era uma reviravolta inesperada. A perspectiva de estar nas Olimpíadas, mesmo que de outra forma, ao lado de César Cielo, era ao mesmo tempo atraente e assustadora.

Ela sabia que precisava decidir, mas antes disso, tinha que confrontar o que aquela proposta significava para ela. A aceitação poderia ser um sinal de que estava desistindo definitivamente do seu sonho original? Ou seria um novo começo, uma chance de se reinventar?

Com o coração pesado e uma leve centelha de esperança, Dandara percebeu que, independentemente da escolha que fizesse, ela estaria dando um passo à frente – e talvez, só talvez, esse novo caminho poderia levá-la a uma nova forma de felicidade.

Sensations- César CieloOnde histórias criam vida. Descubra agora