Capítulo 2

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 Nos dias que antecederam sua viagem para Paris, Dandara se dedicou a se preparar para o novo desafio que a aguardava

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Nos dias que antecederam sua viagem para Paris, Dandara se dedicou a se preparar para o novo desafio que a aguardava. A rotina de treinos intensos foi substituída por um mergulho profundo em estudos e análises das competições passadas, algo que ela nunca havia feito com tanta atenção. Como atleta, sempre esteve imersa no calor do momento, focada em sua própria performance. Agora, precisava adotar uma nova perspectiva, analisando cada movimento, cada virada, cada detalhe técnico com olhos críticos e uma mente afiada.

A sensação de ansiedade que sentia pela mudança iminente era intensa, mas a expectativa de trabalhar ao lado de César Cielo dava-lhe um impulso extra. Ele sempre fora seu ídolo, e agora, além de comentarista, ele seria um mentor, alguém que poderia guiá-la nesse novo caminho.

O dia do embarque chegou e, ao se despedir da mãe no aeroporto, Dandara sentiu um aperto no peito. O abraço apertado que trocaram não precisou de palavras para expressar todo o apoio e amor que sempre haviam compartilhado. A mãe, com lágrimas nos olhos, sussurrou: "Estou muito orgulhosa de você. Vai lá e mostra ao mundo a força que você tem."

Durante o voo, Dandara tentou relaxar, mas sua mente não parava de correr. Estava prestes a entrar em um mundo completamente novo, e a insegurança tentava, a todo momento, tomar conta de seus pensamentos. Mas, quando o avião começou a descer em direção à cidade-luz, uma calma inesperada tomou conta dela. Ela estava preparada para o que viesse. Podia sentir o frio na barriga, mas ao mesmo tempo, havia uma chama dentro de si que parecia queimar mais forte do que nunca.

Paris a recebeu com um céu azul, e a cidade estava tão vibrante quanto ela sempre havia imaginado. Ao sair do aeroporto, Dandara foi recebida por uma equipe da Globo que a levaria ao hotel. Enquanto o carro passava pelas ruas históricas, ela olhava ao redor, absorvendo cada detalhe – as pessoas, as construções, a energia única que emanava daquela cidade.

No hotel, Dandara finalmente conheceu César Cielo pessoalmente. Ao entrar na sala de reuniões, sentiu o coração acelerar. Ele estava de pé, ao lado de Ana Paula, conversando de maneira descontraída. Quando a viu, ele sorriu e estendeu a mão.

"Finalmente nos encontramos, Dandara. É um prazer ter você ao nosso lado. Tenho certeza de que faremos um ótimo trabalho juntos."

A voz calma e segura de César Cielo ajudou a dissipar parte de sua ansiedade. O ídolo que ela sempre admirou agora estava ali, disposto a guiá-la nesse novo desafio. Durante as horas que seguiram, eles discutiram as expectativas para a cobertura das Olimpíadas, trocaram ideias sobre os melhores ângulos de análise e até compartilharam histórias de suas jornadas no esporte.

Após algumas horas de reunião, quando a discussão se tornou mais informal, Cielo olhou para Dandara com uma expressão mais séria, mas acolhedora.

"Você sabe, Dandara, a transição de atleta para comentarista é um desafio diferente. Não é só sobre técnica, é sobre compreender o espírito do que acontece na piscina e conseguir traduzir isso para quem está assistindo em casa. Você vai precisar encontrar a sua própria voz nesse processo. O que você sente sobre tudo isso?"

Dandara hesitou por um momento, antes de responder, tentando encontrar as palavras certas. "Eu... às vezes me pergunto se estou realmente pronta para isso. Sempre estive do outro lado, nadando, competindo. Agora, de repente, preciso observar, analisar... Tenho medo de não conseguir ser tão boa quanto os outros esperam."

Cielo sorriu, uma expressão de compreensão no rosto. "Eu entendo esse medo. Eu senti o mesmo quando comecei. Mas você tem algo que muitos não têm – a experiência de quem já esteve lá, no calor da competição. Isso te dá uma perspectiva única, uma autenticidade que o público vai perceber e valorizar. Não subestime o que você já conquistou. E mais importante, lembre-se de que você não precisa ser perfeita. O que faz a diferença é a paixão que você traz, a forma como você se conecta com as pessoas que te ouvem."

Essas palavras ressoaram profundamente em Dandara. Ela percebeu que essa nova jornada não era sobre substituir o que ela havia sido, mas sim sobre somar, sobre construir algo novo em cima da fundação que ela já tinha. Havia uma liberdade em saber que poderia trazer suas próprias experiências e sua própria visão, e que isso era tão valioso quanto a perfeição técnica que sempre buscou.

Quando a reunião terminou, Dandara sentiu-se mais confiante do que nunca. A caminhada de volta ao quarto do hotel foi um momento de reflexão. O futuro era incerto, mas pela primeira vez, ela sentiu que o caminho à frente era repleto de possibilidades e não de limitações.

Naquela noite, ao deitar-se na cama e olhar para o teto, Dandara não conseguiu conter um sorriso. Ela estava em Paris, prestes a viver uma das experiências mais transformadoras de sua vida. E, embora o caminho até ali tivesse sido cheio de dor e incertezas, ela agora via que tudo fazia parte de algo maior. Talvez o destino tivesse planos diferentes para ela, mas isso não significava que eram menores. Estava pronta para enfrentar o novo desafio e fazer história de uma forma completamente diferente do que havia imaginado.

Sensations- César CieloOnde histórias criam vida. Descubra agora