O amor em tentação ( O Homem errado 1)

Capítulo 5

Enzo

Dias atuais

Assisto Clara entrar no seu carro e acelerar. Ela é tão boa nisso que, se participasse das corridas clandestinas que eu, Lina e Diego frequentamos, com certeza se sairia melhor do que muita gente que já pratica há anos.

Depois que ela sai do estacionamento, me viro para Lina com um olhar esganador. Se ela não fosse minha irmã e única irmã que tenho, juro que a sufocaria com minhas próprias mãos por se meter onde não foi chamada. Ela é uma enxerida e encrenqueira... mas, se não fosse, não seria minha irmã.

Respiro fundo, tentando me acalmar, e cerro os punhos, descarregando toda a raiva neles. Não quero perder o controle. Lina é minha irmã e Clara é minha obsessão, um amor proibido. Preciso usar a razão.

— Você não sabe a vontade que tenho de matar você — digo irritado.

— É mesmo? Que pena. Você me ama o suficiente para não fazer isso — diz num tom de deboche. Eu a amo mesmo, embora ela me irrite às vezes. Acho que é para isso que os irmãos mais novos servem, para irritar os mais velhos.

— Sua anã! — Digo num tom sério. Ela não gosta desse apelido, mas acabou meio que aceitando.

— Não sou anã — rebate brava. Dei esse apelido a ela quando criança por ser muito baixinha.

— É sim... você e aquela sua amiga — digo apontando na direção de onde Clara saiu — são... são... são...

Droga.

Não consegui formar uma palavra que definisse as duas anãs da minha vida.

— Mas vem cá, o que deu em você para atacar minha amiga daquele jeito? — Não respondo, e nem sei o que responder a ela. — Ela é amiga da sua.... Não acredito.

Resmunga, cobrindo a boca com a mão como se tivessedescoberto o último mistério do universo. Eu olho para ela, confuso.

— A Clara é a moça por quem você está absolutamente obcecado... meu Deus! — fala incrédula, e eu olho para ela ainda mais confuso. Como ela soube disso? Eu nunca contei para ninguém além do Diego. Pensando nele, ele entra no estacionamento. Só pode ser ele.

Fuzilei ele com um olhar matador...

— Não precisa olhar para ele assim — Lina diz, enquanto Diego se aproxima de nós.

— Não sei do que estou sendo acusado, mas não fui eu — ele se defende, parando ao lado da Lina.

 
Lina é apaixonada pelo Diego desde os seus quinze anos. Quando descobri isso, fiquei muito furioso e confrontei meu amigo. Porém, na época, ele disse que não estava interessado e via ela como uma irmã, e que nunca teria nada com ela.

Conforme os dias e anos passaram, Carolina cresceu e se tornou uma mulher belíssima. Hoje, não tenho certeza se meu amigo vai ficar longe dela. Sem contar que a própria Lina tem feito de tudo para esbarrar com ele e chamar sua atenção. Ela pensa que eu não sei que ela faz de
tudo para aparecer onde ele está, mas eu sei de tudo. Eles são adultos, porém a ideia de alguém com o mesmo comportamento que o meu com a minha irmã não me agrada. Para variar, esse alguém é o Diego.

— Lembra daquela vez que eu dormi na sua casa? — pergunta ela.

— Você já dormiu várias vezes no meu apartamento — digo.

— Aquele dia... aquele que... uh... você sabe — aceno que sim com a cabeça. O dia que encontrei ela tentando abrir a porta do quarto do Diego. Minha irmã é impossível!

— Lembro! O que tem esse dia? — pergunto. Para quem não sabe, eu tenho uma voz grossa e assustadora.

— Então... quando você e o Diego conversavam assistindo futebol, ouvi você contando a ele que se apaixonou pela amiga da sua namorada no mesmo instante que colocou os olhos nela... eu não acreditei muito nisso, porque, para mim, isso é coisa de filme ou daqueles livros de romance clichê.

— Termina, Lina — ralho impaciente.

— E teve outro dia que vocês estavam almoçando em casa da mamãe. Ouvi quando você disse que ela se tornou seu pensamento favorito, que ela não sai da sua cabeça e tudo mais. — Comenta. — Mas também não acreditei, mesmo você falando com tanta veemência, porque
você sempre consegue a mulher que quer, só que agora eu acredito. Pelo jeito que você agiu possessivo, lamento informar que você está horrivelmente encantado. — Como se fosse novidade.