Capítulo 6

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Enzo

O jantar termina e vamos todos para a sala de estar a assistir a um filme. Tânia senta ao meu lado com a cabeça no meu ombro na ponta do sofá. Na outra ponta está a Clara, deitada sobre o sofá, encolhida com um cobertor e vidrada na TV.

Quando o filme termina, ela se levanta, pega a manta e vai em direção ao seu quarto. Como a Tânia estava dormindo, ela nem se deu ao trabalho de se despedir.

Toco o braço da Tânia para acordá-la. Ela resmunga inteligível, mas acaba acordando.

— Você não vai ficar? — pergunta sonolenta.

— Não, tenho que acordar cedo amanhã para resolver algumas coisas — digo, sabendo que estou mentindo.

— Então, amanhã você almoça comigo — sentencia.

— Ok, amanhã eu almoço com você.

— Ótimo!

— Agora vem, vou levar você para a cama — digo, pegando-a no colo. Vamos até o seu quarto e a deito na cama. Dou um beijo na sua testa. — Bom descanso, linda.

— Obrigada, amor — dito isso, saio fechando a porta. Paro no corredor e encaro a porta à minha frente.

Será que ela já está dormindo? Penso, sentindo uma vontade avassaladora de entrar em seu quarto só para vê-la.

Paro... paro... paro!

Penso... penso... penso!

Bom, já que estou aqui, não custa nada arriscar. Dou alguns passos e estou parado em sua porta. Com lentidão, giro a maçaneta e entro, fechando a porta em seguida. Ando na ponta dos pés para não fazer barulho.

Olho para a cama e ela não está lá. Escuto o som da água e logo percebo que ela está no banheiro.

Sem hesitar, ando até lá. A porta está aberta, então entro. Clara está parada no lavabo, escovando os dentes. Quando termina e se encara no espelho, me encontra lá, olhando para ela.
Clara me olha confusa, mas desta vez não está assustada nem surtando. Ela enxuga os lábios e em seguida coloca as mãos na borda do lavabo.

— Eu não sei o que está fazendo aqui, mas por favor, saia, porque eu juro que vou gritar se você não sair daqui agora — fala calmamente, me encarando através do espelho. Encurto nossa distância, ficando próximo dela.

— Clara, eu só queria conversar com você — digo suavemente.

— Só conversar, prometo.

Sussurro no seu ouvido, fitando-a através do espelho. Clara não grita, fica imóvel me olhando. Então, entendo isso como um sinal de que ela está disposta a ouvir. Desvio meus olhos dos seus e encaro seu reflexo no espelho, vendo suas veias pulsarem e seu peito subindo e descendo. 

Engulo emseco, umedecendo os lábios.

— O que você quer, Enzo? — pergunta, sua voz mais suave, mas ainda cautelosa.

— Eu quero entender por que você está sempre se afastando de mim — respondo sinceramente. — Não quero te assustar, Clara. Só queroentender.

Ela suspira, me encarando com aquele olhar que diz: não é óbvio? Você é namorado da minha amiga!

— Enzo, eu sinceramente não sei o que deu em você. Primeiro aquele comentário na cozinha, depois me atacou hoje mais cedo e agora entra no meu quarto. Mas vou logo avisando que isso não está certo. Nós dois sabemos disso. E você realmente está me assustando. — sussurrou,
desviando o olhar.

Aceno

— Eu sei — concordo, dando um passo para trás. — Mas eu sinto algo por você e não consigo ignorar isso. Você já percebeu isso.

Clara se vira para me encarar, seus olhos refletindo um misto de confusão e curiosidade.

— Enzo, por Deus, não diga essas coisas ... .saia do meu quarto — diz, sua voz cheia de preocupação.

Fiquei parando no mesmo lugar enquanto meus olhos estão fixos nela durante muito tempo. Eu não consigo aceitar que ela também não me quer. Me recuso aceitar isso!

— Clara....— digo, com firmeza. Ela nega com a cabeça.

— Enzo, não....por favor sai!

Eu estava relutante, meus pés não se mexiam. E o seu beijo? Minha mente lembra. No mesmo instante meus olhos caem em lábios.

Eu poderia ignorar essa vontade insana e sair desse quarto, mas eu esperei muito por esse momento. Não posso simplesmente sair assim. Então dei um passo em sua direção, sem pensar muito seguro seu rosto com um pouco de força e selo um beijo. No início ela se debate em protesto, mas aos poucos acaba cedendo correspondendo o beijo.

O amor em tentação ( O Homem errado 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora