ATHENA FICOU em casa por três dias, sem querer sair caso alguém aparecesse na sua porta. Ela assistiu filmes, rabiscou ideias aleatórias em cadernos, leu e fez anotações em todos os seus novos livros que haviam sido entregues no início da semana e conversou com algumas pessoas ao telefone. Toda vez que o telefone tocava, seu coração disparava e depois caía, uma vez que descobria que ele não era a pessoa do outro lado da linha. Então, quando o telefone tocou enquanto ela alimentava Benji e ouvia música, ela correu pela sala e pegou o telefone totalmente carregado, atendendo sem nem olhar. "Alô?"
"Athena." Ela franziu a testa enquanto a onda de decepção relaxava a tensão em seus ombros. Dormir parecia uma boa ideia naquele momento. Logo ela percebeu a preocupação que se entrelaçava na voz dele, como se algo estivesse seriamente errado.
"Jake? O que está acontecendo?" ela perguntou, tentando freneticamente ouvir ruídos de fundo. Bem, ele não estava em um hospital, o que era bom.
"Papai," ele pausou. "Ele, uh-" Jake pausou novamente enquanto uma tosse violenta ecoava pelo telefone. Soava tão horrível e doloroso que Athena se encolheu, sentindo uma grande simpatia por Billy.
"Essa tosse não é brincadeira," ela fez uma careta, agora entendendo completamente por que Jake estava tão preocupado. Athena lutou para se lembrar da última vez que Billy tinha ficado doente. Eles haviam trocado cartas de vez em quando, ela as enviava para a casa dele e ele as mandava para o endereço que estava no rodapé da última carta, esperando que ela as recebesse. Em nenhuma das cerca de cem cartas, ele mencionou uma doença. Não que Billy fosse do tipo de reclamar sobre algo assim. Ela se perguntou se isso tinha a ver com o fato de ele não estar mais se transformando.
"Eu sei." Jake suspirou com um barulho que parecia ele passando a mão pelo cabelo.
Ela se enrijeceu, sem querer fazer a pergunta que surgiu em sua mente naquele momento. Mas ela afastou qualquer pensamento negativo e substituiu por esperanças. "É grave?" ela perguntou suavemente, as palavras saindo com dificuldade.
Ele suspirou profundamente e ligou uma torneira, lavando um copo. "Eu não sei. Ele se recusa a ir ao médico."
Ela olhou para o relógio, vendo que a noite estava a algumas horas de distância. Athena não queria correr pela floresta à noite, dado que seria mais difícil ver qualquer atacante. Victoria continuava voltando, como uma mancha que cicatrizava para sempre o rosto de um mortal. Contanto que ela voltasse em três ou quatro horas. Isso era o suficiente. A saúde de Billy era importante e ela precisava estar lá para ele, deixando um bilhete para Jasper, só por precaução, seria suficiente. Certamente?
"Estarei aí em três minutos," ela respondeu, mantendo a voz leve, apesar do pavor que crescia dentro dela. Ela não queria vê-lo doente, doía o suficiente ver as rugas nos cantos dos olhos dele que cresciam à medida que ele sorria. Ela odiava que um dia ele partiria para sempre e não havia nada que ela pudesse fazer para impedir isso. Ele ficar doente era apenas o começo de um ciclo que ela temia desde que soube da notícia de que ele não se transformaria mais, escrito em uma carta. Ele havia decidido no dia seguinte ao encontro com a mãe de Jacob, uma mortal por quem ele acabou se apaixonando. Ela desligou o telefone e pegou o pedaço de papel mais próximo, escrevendo um bilhete que deixou no balcão da cozinha - só por precaução.
Ela correu direto para lá, nem mesmo parando quando encontrou alguns lobos com quem normalmente conversaria. Jake abriu a porta enquanto ela caminhava até a casa, tendo que diminuir o ritmo devido a um batimento cardíaco desconhecido à distância. Com um sorriso tranquilizador para ele, ela entrou no quarto de Billy. "O que aconteceu com você?" ela perguntou suavemente enquanto se sentava na beirada da cama, olhando para a pálida e enfraquecida casca de seu melhor amigo.
Ele sorriu fracamente ao ouvir a voz dela, sentindo-se um pouco mais tranquilo por dentro. "A imunidade do lobo não dura para sempre. Ela desaparece depois de um tempo sem se transformar. Todas as doenças," ele falava devagar e com dificuldade, pausando para deixar sair outra tosse (que fez Jake se encolher). "Que eu já combati estão voltando para me assombrar," ele suspirou, já cansado da doença que ele havia enfrentado por apenas dois dias. "Jake te ligou?"
"Ligou. Ele está muito preocupado," ela suspirou, ouvindo-o bater o dedo contra a mesa de madeira. "Por que não contou a ele?"
"Só por precaução, caso ele se transforme," ele respondeu lentamente, com a voz rouca. Fazia muito sentido. Ele não queria que Jake se preocupasse com eventualmente passar pela mesma coisa se acabasse se transformando, o aniversário de Jake estava chegando também. Billy achava que contar isso a ele só aumentaria o estresse do processo de transformação e ele não queria que seu filho sofresse com coisas que ele poderia prevenir. Então Athena concordou em manter o silêncio.
Cerca de vinte minutos se passaram com conversas suaves, principalmente dela, pois para ele era doloroso falar muito. Durante esse tempo, Athena de alguma forma conseguiu deitar no chão ao lado da cama dele, enquanto procurava padrões no teto. Alguns dos pontos pareciam constelações para ela, mas Billy achava que ela era louca. "Sabe do que eu sinto falta?" ele murmurou, quebrando um silêncio que se formou enquanto Jake atendia a porta da frente.
"Mh?" ela murmurou, meio atenta à conversa que Jake estava tendo com um de seus amigos. Não era que ela fosse curiosa, mas ela tinha ouvido algo preocupante no início e queria checar. A conversa fluía rapidamente entre os dois adolescentes, girando em torno do tema de Sam e seu "bando".
"De você como era antes," ele respondeu e a atenção de Athena foi totalmente capturada. Ela se sentou e virou-se para encará-lo, abraçando os joelhos.
"Eu como era antes?" ela repetiu, levantando uma sobrancelha, confusa.
"Quando você falava corretamente e usava palavras como 'magnífico' para descrever as menores coisas," ele pausou, sorrindo suavemente para as muitas memórias que inundavam seu cérebro. "E o sotaque, ele quase desapareceu agora."
Ela riu suavemente. "Posso trazer essa pessoa encantadora a qualquer momento, se assim desejar," ela falou com um forte sotaque britânico, trazendo de volta como costumava falar instantaneamente - era memória muscular. Ela riu de quão absurda soava para seus ouvidos modernizados e jurou nunca mais falar assim - a menos que fizesse uma viagem de volta à Inglaterra. Mas Billy sorriu ao ouvir o quão familiar soava, a voz se tornando algo que o levava direto ao início de sua vida. Ela deixou o sotaque de lado e continuou com um tom mais sério, "Eu tive que mudar, Billy, você sabe disso."
"Eu sei que você teve, mas não consigo evitar sentir falta de como éramos antes," ele respondeu com o mesmo sorriso, um que despedaçou o coração dela. Soava muito como uma lembrança do passado. Como se eles não tivessem corrido pela floresta juntos ontem. Às vezes, isso parecia para ela - especialmente nos dias mais solitários de sua existência.
"Você tentando me impedir de matar todo mundo?" ela riu, tentando não ser muito barulhenta para não incomodar Jake (que adormeceu no sofá enquanto assistia a um documentário na televisão).
"E das caminhadas pela floresta à noite," ele acrescentou, apenas aumentando o sorriso que crescia em seu rosto.
"Aquelas eram divertidas," ela relembrou, deitando-se novamente no chão de madeira. "Oh! Lembra quando meus olhos finalmente ficaram totalmente dourados, então fomos comemorar e você ficou bêbado," ela riu, lembrando de cada segundo bagunçado daquela noite num instante. Foi tão marcante que Billy dormiu por pelo menos dezesseis horas depois - recebendo uma bronca muito dramática de sua mãe. Oh, como ela sentia falta dela.
Billy permaneceu em silêncio, tentando se lembrar da memória que ela falava com tanto carinho. "Não," ele respondeu simplesmente, com a testa franzida. Athena explodiu em uma gargalhada que doeu em seu estômago, acordando Jake instantaneamente, mas ela não conseguiu evitar. Ela riu tanto que Jake começou a rir, sem jeito, da situação que claramente divertia tanto ela quanto seu pai, a ponto de rirem até sentir dor. Ela momentaneamente esqueceu todo o drama que estava acontecendo no mundo dos vampiros e apenas riu com seu velho amigo, apreciando um pouco mais a sua existência do que antes.
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Writer in the Dark - J. HALE
FanficAthena gostava de apreciar os pequenos prazeres, até mesmo um simples besouro na terra. Afinal, depois de tantos anos de vida, ela não podia deixar de notar as coisas menores. As grandes coisas já não tinham o mesmo impacto. Ela apenas flutuava de u...