I don't get this song

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06/04/2012

POV TAYLOR

Eu sabia que deveria estar de pé, o claro vindo de detrás da cortina me avisava que passou da hora de levantar, mas o peso na minha cabeça me dizia que eu não conseguiria. O travesseiro manchado me lembrava que fui dormir sem tirar a maquiagem do dia anterior e o cheiro de álcool no quarto me lembrava da ligação de ontem. A ligação dele.

Era a primeira vez que ele me ligava desde o término. Eu não queria atender, não deveria atender, mas atendi. Claro que eu atendi, eu sempre atendia quando ele ligava. 

Uma batida errada no oi, uma angústia gritante no como você está, uma saudade ardente na risada, uma lágrima no sinto saudades, um soluço no vem aqui em casa, um coração estraçalhado no tchau. 

Saudades no primeiro gole, tristeza no segundo, angústia no terceiro. Raiva ao fim da primeira taça. Dor ao virar a bebida pelo gargalo, choro a primeira tecla do piano pressionada, rouquidão a primeira palavras saída de sua boca. Ódio ao final da música, fúria ao fim da primeira garrafa, ferocidade no barulho da rolha saindo, repulsa ao segundo gole. Angústia no terceiro, tristeza no quarto, saudades no quinto. 

Tudo me levava de volta para aquilo, saudade.

Ao virar para o lado e dar de cara com o violão e o diário sorrio, é claro. São durante as crises que as letras vem. O coração partido é o que mantem a minha carreira, lembro mais uma vez.

A tristeza pode ser muitas coisas, a decepção pode ser muitas coisas, mas nada como esses dois sentimentos para despertar a criatividade, a ganancia, o ódio. A produtividade.

O primeiro passo no chão de madeira gelado me faz quere correr de volta para o edredom e me esconder do mundo real. E é nessas horas que eu odeio a vida de adulta. 

O celular vibrando me trouxe de volta a realidade, mas ao mesmo tempo me despertou um arrepio pelo corpo inteiro. Toda vez que toca, eu acho que é ele, e então me decepciono quando não é e me apavoro quando é. Ou seja, não tem resposta certa.

Mas acho que meu apavoro vai ter que ficar pra outro dia, já que nesse momento é apenas meu agente me fazendo questão de lembrar que tenho que estar no estúdio as 14:00.

O caminho até a cozinha parece mais longo do que o normal, mas isso é porque eu sei que a realidade da última noite vai me alcançar assim que chegar ate lá. Dito e feito, as garrafas em cima da bancada, papeis em cima do piano, uma taça na beirada do mesmo, me lembrando que mesmo na angústia, a música me traz de volta.

Ao sentar na frente do piano alguns sentimentos percorrem minha cabeça. A letra de uma das músicas ali me lembra de ontem. Algo sobre calcanhar de Aquiles e armaduras caindo me lembram do dia anterior, me lembram de quem devia estar esquecido. Por outro lado, a letra sobre olhos verdes, sardas e risadas me levam a uma semana atrás, quando pela primeira vez eu tinha passado horas sem me lembrar de Jake, me concentrando apenas no momento. 

É aquela melodia que resolvo tocar, dedilhando as teclas até encontrar algo que faça sentido, cantando as frases até conseguir completá-las. Até ser invadida por sentimentos bons e memorias felizes que compartilhei com um garoto que nunca mais conversei. Até sentir o sorriso aparecer em meu rosto.

- Que susto Meredith- Disse em voz alta ao sentir a gata se esfregando em minha perna. Alguns assumiriam que ela esta pedindo por carinho, mas a conheço o suficiente pra saber que isso é apenas fome, não demorando a atender o pedido da alteza. 

O dia já tinha começado péssimo, eu não precisava viver mais um segundo dele pra saber que seria nesse ritmo até que o relógio bata meia noite. 

O ovo caiu com casca na frigideira, o leite? estragado, as torradas? queimaram. Bom, é um sinal divino para permanecer em jejum aparentemente. 

Always us ( nova versão )Onde histórias criam vida. Descubra agora