Chapter 3

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Emma já estava trancada em casa a quase uma semana, as palavras que ouviu de Satoru ecoando pela cabeça dela como uma maldição.

Não tinha como ele estar certo. Ela não era mesquinha... talvez um pouco, claro, mas não era tão mesquinha assim... ou era? Seria ela tão mesquinha ao ponto de ser hipócrita com a própria melhor amiga?

Ela havia passado boa parte de seus dias andando de um lado para o outro na mansão onde residia, e percebeu tarde demais que esses passos incessantes saíram do conforto e segurança de sua casa, seguindo para a casa do duque... ou melhor, a casa de Louise.

Emma bateu na porta incessantemente, as bochechas infladas e o pé batendo de forma ansiosa no chão de concreto, o barulho tão alto que começava a criar algum tipo de melodia frustrada.

Quando a porta finalmente abriu, Emma se enfiou para dentro da casa sem nem esperar ser convidada, correndo para o ateliê de Louise, a encontrando lá, costurando, como sempre.

- Lou! Você me acha mimada? Ou mesquinha? Ou hipócrita? - Emma cruzou os braços, as bochechas assumindo um tom rosado, resultado do esforço que ela fez para chegar naquela casa a pé.

- Quer a resposta que você quer ouvir, ou a que pode potencialmente acabar com a nossa amizade? - Louise riu, desviando o foco do tecido que costurava, se virando no banco para encarar Emma, levantando uma sobrancelha para a aparência frustrada da melhor amiga.

- Eu quero a verdade! - Emma bateu o pé, bufando feito uma criança, adentrando o ateliê e fechando as portas, tornando a conversa privada.

- Sim, você é tudo isso aí - O tom de Louise era calmo, quase maternal, enquanto a mulher se levantava e atravessava o cômodo. - E por favor, fale baixo, a Stella tá dormindo... - Louise riu fraco, apontando para um carrinho de bebê perto da janela, onde a adição mais recente da família dormia tranquilamente.

- Eu sabia que a máquina de costura ia virar canção de ninar para ela - Emma riu, se aproximando do bebê adormecido, passando as mãos delicadas pelas bochechas macias da criança. - Pera... você acabou de dizer que eu sou mimada?

- É mimada, e hipócrita, arrogante e às vezes um pouco mesquinha - Louise sorriu - Você me pediu pra falar a verdade.

- É! Mas eu achei que você fosse me apoiar! Não confirmar minhas paranóias - Emma fez um beicinho, revirando os olhos enquanto movia vagarosamente o carrinho de bebê, como se tentasse manter as mãos ocupadas.

- Não tô entendendo porque tá tão incomodada com isso agora - Louise cruzou os braços, levantando uma sombrancelha. - Você nunca ligou pra essas coisas... mas isso... isso é só quem você é, Você é humana e... todos os humanos têm falhas. Isso só faz de nós quem somos, e cabe a nós decidir se deixaremos ou não que essas falhas nos definam.

- Você virou mãe e ficou irritantemente sábia - Emma revirou os olhos, rindo fraco - Odeio que você virou a racional da nossa dupla.

- Eu sempre fui a racional da nossa dupla - Louise riu, fingindo estar ofendida.

- Você engravidou antes do casamento - Emma levantou uma sobrancelha segurando a risada.

- É diferente! É o Shouta... ele não faz mal pra uma mosca e, mesmo depois que aquilo aconteceu, dava pra ver que ele tava se segurando pra não me arrastar pra igreja, ele só não fez isso porque sabia que eu ia ficar muito puta com ele - Louise riu, se sentando à beira da janela, tomando o lugar de Emma para balançar levemente o carrinho, sorrindo com a vista da filha adormecida.

- Tem razão... - Emma sussurrou, permanecendo de pé ao lado do carrinho. - acha que eu vou ter isso um dia?

- O que? - Louise voltou a olhar para Emma, o olhar parecendo preocupado.

- Tudo isso... uma casa pra cuidar... um título... um marido... filhos... - Emma suspirou. - uma vida.

- Você tem certeza que não tá muito focada nisso? - Louise franziu o cenho, o olhar preocupado procurando qualquer indício de tristeza no olhar tempestuoso de Emma. - casamento não é tudo na vida, Emma.

- pra mim é - Emma rebateu.

- Não deveria ser - Louise disse cansada, ela sentia como se elas já tivessem tido aquela conversa milhares de vezes, o que, no fundo, era a verdade. - tem mais na vida do que só... casar e... ter filhos. Emma, você é rica, é uma garota bonita... pode fazer o que quiser da vida. Tente viajar, que tal? Conheça o mundo! Estude uma língua nova, aprenda uma profissão... às vezes você age como se só servisse para cuidar de uma casa, de um marido e de filhos...

- Louise, isso funcionou pra você e eu fico feliz. Mas não é o que eu quero! - Emma disse cansada - Eu quero me casar e ter filhos! Muitos deles! Igual a você e o Shouta, quero viver assim, acordando todos os dias com o choro do meu bebê e com o som de no mínimo mais quatro pares de perninhas correndo pela casa.

- Isso é o que você quer ou o que seus pais queriam pra você? - Louise disse num tom firme, o olhar intenso, embora cheio de afeto.

- .... É o que eu quero... claro. Mas também é o que meus pais queriam e... eu quero honrá-los - Emma pareceu desconcertada, se encolhendo e desviando o olhar.

- Você não deve nada a eles. Emma... desculpa falar assim, mas fazem anos que eles não estão mais aqui... acho que... já tá na hora de você viver a sua vida, e não a vida que seus pais queriam que você vivesse - Louise largou o carrinho de bebê, se levantando para segurar o rosto de Emma. - Tá na hora de crescer, Emma. Você não é mais uma criança. É uma mulher. Uma mulher linda, forte e independente... que com certeza não precisa de homem nenhum pra ser feliz. E eu não tô dizendo que você não pode sonhar em se casar e ter filhos... só não quero que você fique agindo e pensando como se essa fosse a sua única opção, entende?

- você.... Tá muito racional pro meu gosto - Emma segurou a risada - a Louise que eu conheço ia me dar um tapa no rosto, me dizer pra acordar pra vida e pra eu queimar meus sutiãs em protesto contra o patriarcado que me fez pensar dessa forma...

- eu.... Ia chegar nessa parte. Mas chega de conversa. Você vai ficar pra jantar, aproveita e vê o Satoru já que vocês andam tão... juntinhos - Louise riu, se virando para o carrinho de bebê, pegando Stella nos braços, tomando cuidado para não acordar a criança. - Eu tenho que pôr a Eri no banho, ajudar o Shinso com as aulas de gestão, por essa coisinha fofa na cama e garantir que o Izuku e o katsuki não mataram um ao outro na minha ausência... minha vida não é tão fácil assim, ter vários filhos é pedir pra ter cabelos brancos mais cedo.

- Não sei, me parece um caos aceitável - Emma riu - quer ajuda?

- Não... eu dou conta. Você pode ficar à vontade, já é de casa. Só... pensa no que eu disse, ok? - Louise sorriu, procurando por algum tipo de afirmação nas feições de Emma.

- Claro... sargento - Emma segurou a risada, abrindo as portas do ateliê para que Louise passasse.

- Não... você também não! Que apelido ridículo... O dia que eu pegar o Satoru... ele vai ver quem é a sargento - Louise grunhiu antes de rir, balançar a cabeça e se despedir de Emma, saindo do ateliê e seguindo pelo corredor, deixando Emma sozinha para refletir sobre a conversa delas.

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⏰ Última atualização: Aug 27 ⏰

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My Beautiful Diamond - Satoru Gojo Onde histórias criam vida. Descubra agora