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Estou no quarto há horas, não sei a exatamente quanto tempo estou aqui desde que subi correndo, após aquela cena vergonhosa na sala.

Simon e eu nos conhecemos na escola, éramos amigos inseparáveis, eu, ele e a Chiara formávamos um excelente trio. Íamos a corridas clandestinas, passeávamos juntos. Não sempre, apenas quando eu conseguia engabelar o meu pai a me autorizar sair ou quando saía escondida, isso foi a maioria das vezes.

Simon era um dos melhores nas corridas de carros, nunca consegui vencer dele, e ele sempre ganhou todas as que eu vi.

Ele era uma pessoa divertida, a Chiara sempre incentivou um possível relacionamento entre a gente,
mas eu sempre me esquivei. Éramos bons amigos, o meu pai nunca permitiria que nós nos relacionássemos, tirando o fato que ele não sabia que eu tinha contato com o Simon.

Ele investiu algumas vezes, até me deu algumas cantadas, mas quando viu que não teria a reação desejada minha, ele parou e começou a ficar indiferente comigo, mesmo eu explicando a minha situação, e foi naqueles dias que ele desapareceu. Nunca mais o vi e nem soube informações dele, até agora.

Eu não sei como reagir, a minha cabeça está um turbilhão de sentimentos confusos, ao mesmo tempo que eu gosto de Simon, os meus sentimentos não são iguais aos que eu tinha antes.

Antigamente, eu teria me arrependido de rejeitá-lo, como fiz hoje, mas agora, eu simplesmente não sei o que estou sentindo. É como se o efeito de Matteo ter entrado na minha vida estivesse fazendo tudo virar de cabeça para baixo. Não sei se ele me causou traumas em excesso, ou se simplesmente eu me sinto ligada a ele de alguma forma que não deveria.

O nosso casamento aconteceu de uma forma um tanto inusitada, eu não o conhecia, não me recordava de já ter ouvido falar nos Montanari, e de um dia para o outro soube que iria ser a esposa de um. No primeiro momento a minha reação de fugir foi instintiva. Quando ele me encontrou, que tivemos a oportunidade de nos ver mais de perto, o meu coração acelerou, e não era só medo que havia ali, havia algo mais.

Ele me prendeu, me molestou, mas ainda assim, não consegui odiá-lo da forma correta, era como se sempre fôssemos atraídos um para o outro. A forma perigosa dele de ser era o que me intrigava.

E hoje o desconforto que senti, era como se eu estivesse traindo-o. Natalie, você é tão burra, ele já te traiu!

Não sei porque, mas a minha cabeça me condena se algum homem entrar nela, que não seja o Matteo Montanari, e isso está acabando com a minha sanidade. Temo que acabe comigo também.

Com esse turbilhão de pensamentos, adormeço.

*

Os dias passam como um furacão, Simon não tentou mais nada do tipo e estamos bem, de repente já faz uma semana que estou na casa dele.

Ouço leve batidas na porta e me desperto rapidamente.

— Quem é? — falo me sentando na cama, ainda sonolenta.

— Sou eu, o Simon!

— Pode entrar! — falo e ele entra, coço os meus olhos para ver melhor.

— Você não deu notícia por horas, fiquei preocupado e resolvi vim conferir se a senhorita está viva. — fala em divertimento se aproximando e sentando ao meu lado, na cama.

— Ah! Desculpa! — falo embasbacada — Não percebi que dormir tanto!

— Não se preocupe, principessa! Só estou brincando. — de novo aquele apelido que só o Matteo me chamava, parecia tão errado saindo dos lábios de outra pessoa.

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