INTRODUÇÃO

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North-Polén, ainda North-Polén, só vento, poeira e pó, como dizia meu falecido tio, que morreu de embriaguez há vários anos.

Enquanto arrumo minha mochila para a última aula do ano, meu irmão Jonas, que tem dificuldades para andar, me apressa no cômodo de baixo, junto com minha avó, Dona Glória.

— Rápido para pilotar um carro, lento demais para se arrumar — diz ele, super irritado.

Deixa eu descer logo, antes que ele venha “correndo” me buscar aqui em cima, dou uma última olhada para tv, pois estava assistindo um vídeo do meu pai em uma corrida a vários anos atrás, antes de seu falecimento.

Deixa eu descer logo, antes que ele venha “correndo” me buscar aqui em cima, dou uma última olhada para tv, pois estava assistindo um vídeo do meu pai em uma corrida a vários anos atrás, antes de seu falecimento

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Desço apressado, cheio de vontade de comer um tradicional bolo da minha vozinha.

— Nem pensar, se come no caminho para o colégio! Hoje é o último dia e tenho que entregar um trabalho de ciências e tecnologias, não podemos faltar. — diz Jonas, colocando um pedaço de bolo em minhas mãos.

— Calma, meninos, tomem cuidado. Jonas, não dirija com pressa, pode ser perigoso. Eu vou para a igreja e volto tarde hoje, não esperem por mim. — diz ela, dando um gole no cházinho em suas mãos.

— Vamos logo, Daniel, eu vou me atrasar, mano.

— Calma, vai entrando no carro que já estou indo, pô. Deixa eu tomar um cafezinho. — insisto, sentando à mesa e enchendo meu copo de café, mas pensando bem, melhor não abusar. Hoje estou de carona e vou no carro adaptado dele.

— Ok, mané, vamos logo!

Chegando na escola, Jonas joga suas muletas para fora do seu velho chevrolet. Mesmo com dificuldades, salta do carro e aperta o passo para chegar na aula. Fico impressionado, meu irmão com apenas 17 anos é muito inteligente e esforçado. Apesar do problema nas pernas, nada o impede de chegar em seu destino, com cabelos curtos e corte militar, sempre bem aparados. Seus olhos são castanhos claros, realçados pelos óculos de armação preta que ele usa, nasceu com mobilidade reduzida e anda de muletas, mas há uma esperança: uma cirurgia que custa mais de 1 milhão de dólares poderia permitir que ele voltasse a andar, extremamente resiliente e otimista, tem um senso de humor afiado e adora contar piadas para animar os amigos. Sua paixão por computadores e programação é evidente, e ele frequentemente é visto com um laptop, trabalhando em seus projetos de codificação.

Também é um grande fã de jogos de videogame e está sempre atualizado com as últimas novidades do mundo da tecnologia. Além disso, Jonas participa de um clube de programação na escola que ele mesmo criou.

Saindo do carro, procuro por Cubos, meu melhor amigo gordinho e meu engenheiro mecânico nas corridas. Não demora muito e logo ele chega em sua moto Harley Davidson antiga. Essa moto é como se fosse um verdadeiro filho para esse gordão.

— E aí, gordão, bem-vindo ao último dia de aula para mim e ao último dia de trabalho para você. — digo, sorrindo e fazendo um cumprimento que só nós sabemos.

— Fala, belo, como você tá? Deixa eu te falar, dei um jeito no motor do Mustang, mas você precisa fazer o teste. Acho que ele aguenta firme nessa penúltima corrida e vamos ser os grandes campeões da temporada.

— Vamos detonar nessa última corrida, graças aos seus chicletes e fita "gomada" nos motores.

— Hehe, engraçado… — Cubos ri, esse é o apelido do gordão porque seu cabelo fica quadrado quando penteado para cima, hilário.

Eis que meu rival nas pistas, Pirão, se aproxima nos empurrando. Hehe, outro apelido engraçado, né? Mas não julgue, o cara é alto, forte e intimidador, bem parecido com aquele ator Michael B. Jordan, não sei se você conhece?

— E aí, segundo colocado, preparado para permanecer na liga de bronze? — diz ele, nos intimidando.

Cubos toma a frente e, nervoso, responde à provocação:

— Me diz você, que é acostumado a ficar nessa posição. — Eu seguro no braço dele e digo: — Relaxa, mano, vamos resolver isso na próxima semana, resolvemos na pista.

Então Pirão se retira dali rindo com seu capacho, que se chama Laérte.

— Minha vontade é de arrebentar a cara desse mané.

— Não vale a pena, gordão. Na corrida ele vai ver quem vai ficar em segundo lugar. — digo para tranquilizá-lo.

— Bom, alguém vai ter que ficar em segundo lugar, né? Porque é óbvio que nessa corrida eu vou chegar em primeiro. — Quem diz essas palavras é Renata Ray, se aproximando de nós. Ela nos cumprimenta e dá um beijo no rosto, sendo o meu um pouco mais demorado.

— Você está bem, Ray? — pergunto, me afastando.

— Estou. Pirão estava provocando vocês novamente?

— É um idiota. — diz Cubos rapidamente.

— Relaxa, hoje é nosso último dia de aula, vamos estar livres dele. Só temos que enfrentá-lo nas pistas, né?

Renata Ray é uma garota incrível. Há umas duas semanas, nós não éramos tão amigos, apenas conhecidos, mas nessas últimas semanas ela tem se aproximado muito da gente. Não sei bem o porquê. Até que temos bastante coisa em comum. Ela é uma ótima pilota, está entre os três melhores na liga de bronze, junto comigo e o Pirão.

— Bom, meninos, deixa eu correr para a aula. Beijos, beijos. — diz ela, abrindo a porta de entrada da escola. Mas, rapidamente, quem sai por ela é Taynara, a garota mais linda de North-Polén. Enquanto ela passa, fico olhando em seus lindos olhos e, como um milagre, ela sorri para mim.

Ela se vai e rapidamente me viro para Cubos:

— Você viu isso, gordão? Ela sorriu para mim. — digo, encantado.

— Não se anima não, cara. Ela namora aquele playboy lá, o Brian. Você é caminhão pequeno perto dela.

— Ah, valeu, amigão. Porque se não passa um rodo nesse chão logo, está imundo.

— Eita, não precisa esculachar, né? Mas esse chão não dura um dia limpo também, hein? Que lástima. — ele diz, saindo e indo para a dispensa da escola.

Cubos não estuda mais, ele apenas faz bico na escola como auxiliar de limpeza. Na liga de bronze, mais gastamos dinheiro do que ganhamos. Nosso carro custa caro para se manter, por isso, pegamos qualquer oportunidade de ganhar um dinheiro extra, seja consertando carros na minha garagem, limpando, fazendo bicos em festas e eventos, vendendo doces da igreja, qualquer coisa. Dinheiro mantém nosso sonho vivo de sermos uma grande equipe automobilística e correr em grandes campeonatos, talvez, viajando pelo mundo, tenho a chance de encontrar o amor da minha infância, que saudades desse tempo.

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