pov Regulus

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Sua pele é um lembrete de que o sol tem os seus favoritos.
Ele é quente, como se cada raio emanasse de si,
Eu sou frio, repelindo todos eles.
Eu não queria repeli-los.
Queria que nossas peles dançassem juntas:
O encontro do sol e da estrela.
Mas isso não é possível,
porque sempre que a estrela chega ao céu,
o sol já está longe demais, indo pra casa.
As lágrimas caem no papel e a estrela está
chorando novamente por algo que ela nunca poderá ter.

R.A.B.

— Regulus, Regulus, Regulus. Sempre tão preso em seus poemas — levanto meu olhar e vejo James escorregando na parede ao meu lado. Fecho meu caderno abruptamente, com medo de que ele veja algo.

A verdade é que, no final, tudo é sobre James Potter. Sempre é.

É até ele que minha mente vai quando me permito escrever sem pensar demais, o que é irônico, porque isso mostra que eu penso demais nele, o tempo todo.

— Oi, James — respondo, porque realmente não tenho pra onde fugir.

James e eu nunca fomos próximos de fato. Ele é melhor amigo do meu irmão, e isso nos fez sermos obrigados a conviver de alguma forma.

Não éramos absolutamente nada até que um dia ele foi dormir na minha casa e ele e meu irmão me convidaram pra ver filme com eles.

Enquanto Sirius apagou nos primeiros quinze minutos de filme, conversamos a noite toda sobre todo assunto possível. Conversar com James é simplesmente fácil, e isso só torna tudo mais difícil.

Agora somos amigos, eu acho. De alguma forma, ele sempre acaba vindo até mim, e eu aprecio isso mais do que gostaria de admitir.

O problema é que, mesmo antes disso acontecer, James já estava em metade do meu caderno de poesias. Sempre foi sobre ele.

— Me conte, Reggie, você já escreveu sobre mim? — ele pergunta, um sorriso brincando em seus lábios.

— Na verdade, já escrevi, sim — admito, porque mentir não vai me levar a lugar nenhum. Vou continuar escrevendo sobre ele todos os dias.

— E qual é a sensação de ser escrito por Regulus Black? — ele pergunta, curioso.

— Bom, não são poemas bonitos, pra falar a verdade — digo. Tudo que escrevo sobre nós é triste. Afinal, nunca seremos um nós de fato.

— Oh, beleza é algo tão relativo, eu tenho certeza que são sim.

Fico um tempo em silêncio, porque realmente não há o que responder. James está próximo demais e mesmo que eu não goste de admitir, isso parece me deixar burro.

— Vamos, diga uma coisa bonita pra mim — ele continua, inabalável, passando o braço pelo meu ombro — Pode mentir. Diga que você me ama, que não pode viver sem mim. Aposto que tudo fica lindo quando é você quem diz.

— Eu te amo, James Potter. Jamais poderia viver sem você — respondo, e é verdade, mesmo que eu não goste de admitir e tenha que forçar o tom de sarcasmo em minha voz. Viver com James é doloroso, mas sem era mil vezes pior. Ele me encara com um olhar profundo, como se tentasse me ler. Eu sou um diário fechado em mil cadeados.

— Não desminta, sim? Deixa eu acreditar nisso só por um momento — ele se delicia, com uma risada que faz o meu coração parar.

É tudo tão íntimo, estou me afogando e não sei se quero respirar novamente. Eu deixaria todo esse sentimento me engolir. Já deixo.

— O que você quiser, mon amour — digo, porque James já deixou explícito que ama quando eu falo francês. Ele prensa os lábios e sinto que sua respiração falhar. Bom, talvez tenha sido a minha — Agora preciso ir.

— Oh, não vá, me recite um poema, Regulus, me engane com mais palavras bonitas — seus olhos brilham. Penso em qual seria a sua reação se eu realmente lesse um de meus poemas pra ele, com certeza iria assustá-lo.

— Mais tarde, sim? Realmente preciso ir pra aula.

— Você promete? Escreve um poema pra mim até lá? — ele me olha com um sorriso divertido. Seu braço ainda está passando pelo meu ombro. Ainda estou me afogando, sendo puxado pro fundo de um lago.

— Você se acha importante demais, né? — ele é.

— Se você reparasse mais em mim, talvez percebesse que eu valho sua atenção — É quase uma piada de mau gosto.

— Bom, nos vemos mais tarde, Potter. Vou escrever poemas bem tristes sobre você.

— Aceito qualquer coisa — James responde com um sorriso, e eu reviro os olhos antes de pegar minhas coisas desengonçadamente e me levantar, deixando-o sozinho.

Poetry - starchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora