pov James

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Seus olhos castanhos intensos,
ocultos por grandes armações,
como se fossem protegidos de todo o mundo
e quem os vissem despidos fosse privilegiado.
Estou deitado ao seu lado,
você me encara, o olhar desprotegido,
todo meu, todas as noites.
E então eu acordo, sozinho, e quando te vejo,
seus olhos estão protegidos de mim,
como sempre estiveram, inalcançáveis.

R.A.B.

Leio o poema pela décima vez.

Quando Regulus saiu, notei que um papel havia caído de seu caderno. Tentei ir atrás dele, mas simplesmente congelei, minha curiosidade me matando aos poucos. Não resisti.

Me sinto uma pessoa horrível, explorando as entranhas de Regulus. É tão íntimo, mas algo dentro de mim apenas sorri.

E ele estava certo, não são poemas bonitos. É triste e é sobre mim, o que revira meu estômago, porque eu nunca imaginei que pudesse fazer Regulus se sentir dessa forma.

Mas há uma beleza nisso, de qualquer forma, porque estou na cabeça de Regulus e ele quer me ter. Ele poderia, se me dissesse.

Veja, desde aquela noite em sua casa, alguns meses atrás, eu deixei de ver Regulus como irmão de Sirius e passei a vê-lo como alguém. É ridículo, porque ele sempre esteve lá, mas agora eu finalmente o vejo.

Regulus é intrigante, o total oposto de Sirius. Ele é tímido, recatado e está sempre impecável, enquanto Sirius é extravagante e tem um estilo próprio e bagunçado, sempre lutando contra nosso uniforme. Regulus parece ser o tipo de pessoa inalcançável.

Mas dá pra ver que eles têm o mesmo sangue, os dois são de tirar o fôlego, uma beleza única que agora consigo ver em Regulus também.

Estou na aula agora, ainda encarando o poema. Sirius já me perguntou o que é esse papel mais de dez vezes, eu não vou dizer.

Ainda me sinto mal por roubar isso. Bem, eu não roubei, ele caiu em minhas mãos, mas eu entendo que eu não tinha direito nenhum de ler, mesmo o poema sendo sobre mim mesmo.

Não sei se eu deveria devolver. Na verdade, eu deveria, mas não sei se consigo. É um pedaço de Regulus que tenho, o único, como se eu estivesse começando agora a resolver esse mistério. Na verdade, sei que se eu devolvesse o poema, Regulus nunca mais falaria comigo, então eu preciso fazer alguma coisa antes de isso acontecer. Preciso fazer ele ver que temos uma chance.

Não que eu não desse em cima dele antes, mas agora posso ser mais descarado quanto a isso. Pego um pedaço de papel, escrevo a primeira coisa que vem em minha mente e enfio em seu armário no intervalo.

Poetry - starchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora