Como Beijar Garotos {Tradução- Hiatus}

Extra: James

Snape foi o pior.

Ele era feio, viscoso, fedia e sempre andava perto de Lily. Era como ver uma flor desabrochando de uma pilha de esterco de vaca. E James - James era um bom menino, todos diziam isso a ele, seus pais, seus parentes, até mesmo o diretor Dumbledore, que frequentemente vinha só para brincar com ele quando criança, tinham dito isso a ele.

James foi criado com uma dieta de contos de fadas e lendas heroicas. Um cavaleiro de armadura brilhante que derrota o dragão maligno para salvar a princesa, um príncipe que se prova digno de seu reino ao desembainhar uma espada poderosa e salvar seu povo, livros nos quais ele se aprofunda desde a infância, isso era tudo o que ele queria ser.

James partiu para Hogwarts com a intenção de se tornar um herói, e vejam só, bem ali na frente de seus olhos estava a primeira missão que ele deveria embarcar. Uma princesa com cabelos ruivos e olhos verdes que envergonhavam até a grama mais fresca e as árvores mais viçosas, um sorriso que parecia iluminar o compartimento como o próprio sol. E ao lado dela, um bruxo das trevas maligno, curvado com seu capuz puxado sobre a cabeça, os fios pegajosos e oleosos de seu cabelo grudando em seu rosto, lisos e sem volume, sua pele era seca e pastosa, seus dentes amarelos e seu nariz longo e torto, assim como aquelas mulheres malignas dos contos trouxas.

James soube naquele momento que tinha que salvar Lily do malvado e feio Snivellus. E ele tinha certeza de que Snape era mau! Por causa da maneira como seu corpo tremia como se estivesse resfriado, por causa da maneira como sua cabeça parecia fofa e tonta, por causa do buraco sem fim que se formava em seu estômago como se fosse engolir seu coração. Medo e ódio, isso deve ser, o que mais poderia ser? Sirius, seu melhor amigo, seu irmão de outra mãe, também concordou com ele. A coisa da Sonserina foi apenas o último prego no caixão, selou o acordo. Então James teve que lhe dar uma lição.

Começou como brincadeiras realmente inofensivas, despejando água, colocando almofadas de bum sob seu assento, detonando bombas de esterco quando ele ia ao banheiro. Então continuou aumentando, junto com aquele sentimento. Toda vez que James olha para ele, aqueles sentimentos só pioram e pioram, de um pequeno buraco para um monstro furioso que tinha montado acampamento em sua barriga inferior.

Então isso virou roubo de penas, rasgar vestes, depois virou empurrá-lo de escadas e se meter em brigas. Quanto mais Snape olhava para ele, mais esse sentimento crescia e mais irritado ele se sentia.

Então houve aquele... incidente. Ele ainda se sentia mal sobre isso, Moony estava tão perturbado e o diretor balançou a cabeça e Snape-

Snape olhou para ele como se ele fosse algum tipo de monstro.

James não entendeu, ele fez bem. Foi ele quem arrastou Snape para fora daquele túnel, seu coração estava martelando em seu peito enquanto Snape olhava para ele com tanto alívio e aquele buraco finalmente tinha sumido, substituído por essa sensação avassaladora de estar cheio, como se seu coração estivesse "fazendo truques" em seu peito, como se tudo no mundo estivesse certo como deveria estar.

Mas agora? Era pior, meu Deus, era pior. Aquele olhar que Snape lhe deu destruiu qualquer alegria que ele sentia, era como se um balde de água gelada fosse jogado nele depois que ele tinha acabado de se arrastar para a cama todo gostoso e aconchegante.

E então a raiva retornou. Tudo bem, Snape não quer sua ajuda, como esperado de um bruxo das trevas chorão e viscoso. Quem iria querer ajudá-lo de qualquer maneira? Ele deveria voltar para seu dormitório e tomar um banho para lavar todo o lodo que aquela maldita bola de graxa deixou nele quando se agarrou aos seus braços.

Tudo bem, ele pode ignorar, mesmo que a comida tenha gosto de cinzas em sua boca e ele sinta náuseas sempre que avista o corvo. Estava tudo bem, estava sob controle, não havia nada de errado.

Então um dia Moony voltou todo vermelho e enrolado no chão do banheiro e Padfoot teve que trocar de calça no meio do dia. E James sabia que algo estava acontecendo. Aquele maldito idiota não conseguia deixá-lo em paz, então ele mirou em seus amigos, ele não esperava nada menos.

E então - e - isso.

Que.

Deus, o que foi isso?

O gosto metálico do sangue de Snape ainda estava em sua língua, misturado à saliva. Sua virilha doía pelo golpe que recebeu, e ali estava ele, esparramado no chão, ofegante e olhando para longe.

Não era isso que deveria acontecer, meu Deus, o que-...

Moony, Padfoot e Wormtail o encontraram assim, lambendo os lábios repetidamente enquanto repensava todas as suas escolhas de vida. Eles tiveram que carregá-lo sobre os ombros para encontrar Madame Promfrey, que o repreendeu sobre lamber os lábios e secá-los.

“Almofadas…” James resmungou. Sirius se virou para ele com preocupação nos olhos.

“O que foi, Pontas?”

“Você acha…” James lambeu os lábios novamente, ele não conseguia parar de fazer isso, “Você acha que eu poderia falar com Snape depois disso?”

“... Acho que não, Prongs.”

Ele não conseguia explicar, mas James acha que Sirius apenas olhou feio para ele.