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𖠿 - V

Assim que abriu os olhos, Caleb se assustou com o baque da porta na parede. Tinha dormido tarde e mal havia descansado. Ele e Gael decidiram dormir juntos pela possibilidade de Bárbara aparecer de supetão e atrapalhar os planos do acordo. E ainda que aquela fosse a maior cama que o moreno pudesse ter a oportunidade de dormir, sempre que pegava no sono, ele ou Gael se mexiam e ficavam próximos demais um do outro. Não era problema suas costas se encontrarem nas de seu noivo. Isso seria o de menos, mas Caleb se mexia em direção ao La Tour de frente e o mesmo o abraçava e o sono que o menor tinha era totalmente evaporado. O que deixou o rapaz mais irritado foi que Gael dormia o tempo todo. Não acordou com os empurrões de Caleb, quando o mesmo o abraçava por trás, e quando Ganímedes arranhou a porta e miou as três da manhã.

Para melhorar o humor de Caleb, Bárbara apareceu no quarto batendo a porta com força, após o mesmo ter finalmente adormecido. A mesma parecia ofegante, como se estivesse confusa com algo. Procurava pelo imenso quarto alguma coisa. Gael acordou com os olhos arregalados depois de seu noivo bater em suas costas.

‐ O'Que foi, Bárbara? ‐ Caleb se sentou na cama esfregando as mãos no rosto. A vontade que tinha era de gritar até não aguentar mais. Ou até alguém bater nele para parar.

‐ Porra, mano. Cinco horas da manhã, Bárbara. Puta que pariu, viu. Vai se fuder. ‐ Gael praguejou com as palavras saindo abafadas pelo travesseiro que empurrava em seu rosto.

‐ Desculpa, mas é que bebi um pouco e fiquei meio perdida. ‐ Falou de forma arrastada e piscava os olhos, como se tentassem focar a visão. Caleb bufou todo o ar que tinha nos pulmões e se levantou da cama com certa dificuldade.

‐ Vem. Vou te fazer um suco anti ressaca. ‐ Ao pôr a mão sobre o bíceps da cacheada, a fim de guiá-la à cozinha, a mesma se afastou na mesma hora.

‐ Por quê? Você não gosta de mim... ‐ Caleb franziu o cenho enquanto via a mulher se afastar o olhando dos pés à cabeça. Não tinha paciência para aquela situação e estava se segurando para não estrangular a moça. Pôs os dedos indicador e médio nas têmporas. Uma dor de cabeça terrível estava deixando tudo ainda mais cansativo.

‐ Anda logo, Bárbara... Não gosto de você, mas se eu não ficar bem da cabeça depois de tomar café e dar uma cochilada antes de ir trabalhar, eu mato um. E como eu tô indo fazer meu café, não faz mal fazer algo pra sua ressaca. ‐ Com relutância que Caleb julgou exagerada, a mesma assentiu - Anda, Gael. Hoje é domingo. Você tem gravação, academia, treino e muito mais coisas pra discutir.

Gael gemeu em contestação.

‐ O que tem pra discutir a essa hora, Caleb?

‐ Você disse que quer se casar antes da época chuvosa de Maldivas, então a gente tem que começar a preparar tudo desde agora?

‐ Vocês vão se casar em Maldivas?

‐ Não. A lua de mel. ‐ Gael respondeu se levantando da cama com um topete atrás da cabeça, o fazendo parecer uma calopsita.

Bárbara parou no batente da porta enquanto fitava Gael com um semblante curioso. A olhava seu chefe de cima a baixo, com desdém nos olhos. O jogador, que se espreguiçava, percebeu a situação e ficou irritado, mais do que já estava.

- Qual foi? - Bárbara pareceu voltar a si com um leve susto e concordou com o mesmo. Caleb escutou os dois, mas apenas continuou andando pelo corredor em direção à cozinha. Se caso houvesse uma briga, não queria participar e pensou em se manter o mais longe possível. A última coisa que queria as cinco da manhã era brigar com a assistente de seu noivo.

- Vocês dois transaram ontem? - Caleb travou no corredor chegando na sala. O mesmo sorriu de nervoso com a pergunta descabida, passando as mãos pelos cabelos em nervosismo. No caso de Gael, o mesmo ficou sério enquanto olhava para a cacheada. Sua falta de reação foi pelo choque da pergunta, pois não esperava a pergunta dela daquele jeito, naquela hora e no estado em que estava. O homem bufou e emanou raiva em direção à moça com escárnio aparente.