Energy

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DETROIT, 1994 - JADE KYLIES POV

Eu sou muito idiota mesmo, de onde tirei a ideia de que ele realmente viria?

Fiquei cerca de 3 horas e meia esperando ele na 8 Mile e adivinha só? Ninguém apareceu além de alguns gatos de rua e gente drogada, fechei minha jaqueta e coloquei as mãos no bolso indo em direção a minha casa de volta

- Jade! - Ouvi alguém me chamar e virei

Ele estava ali com um moletom azul marinho e uma cara de cansado, provavelmente tinha vindo correndo até ali como um maluco

- Me deixe adivinhar, outra emergência? - Perguntei arqueando uma sobrancelha

- Desculpa pela demora - Ele disse suspirando 

- Não precisa se desculpar, eu já estou de saída - Falei dando as costas a ele 

- Não Jade espera aí... - Ele segurou meu braço e me fez olhar para ele - Desculpa, eu tive uma... Emergência

- Emergência? Aham ok!

Eminem (como ele mesmo disse para chamar) abaixou a cabeça e passou a mão pela testa provavelmente pensando em uma boa desculpa para não me fazer ir embora

- Podemos conversar? - Falou e me encarou com as aqueles olhos claros que pareciam mudar de cor a cada hora do dia

Normalmente eu iria dar as costas e ir embora, mas parei e pensei naquela típica frasezinha clichê "todos merecem uma segunda chance não é?"

Apenas assenti com a cabeça e ele enfim largou meu braço, não falamos uma palavra sequer apenas caminhamos pelas rua até chegarmos nos fundos de uma loja, com uma escadaria para baixo no que parecia resultar em um porão

- Que lugar é esse? - Foi a primeira frase que falei desde que saímos de onde eu estava esperando

- A loja é de um amigo, ele me deixa usar o porão as vezes - O branquelo disse abrindo a porta e logo acendeu as luzes me chamando para entrar

Era um porão de loja normal, havia uma mesa e um sofá, uma televisão empoeirada e um frigobar com a porta quase caindo

O que me chamou atenção foi uma mesa com vários papéis em cima e uma única caneta preta junto

Me sentei no sofá e ele se sentou na mesa em minha frente passando as mãos pelo rosto

- Olha me desculpa mesmo... Eu sei que foi errado da minha parte - Ele suspirou

- Me trouxe até aqui para simplesmente pedir desculpas? Tá bom desculpa aceitas, posso ir? - Perguntei rindo irônica

- Você tem um humor um pouco ácido, sabia? - Dessa vez ele perguntou rindo

- Meu humor é ácido? - Apontei para mim mesma - É exatamente eu que faço rimas sobre comer a garota dos outros no banco de trás do carro

Ele riu e consequentemente eu acabei rindo também, esquecendo totalmente do fato de que ele me deixou três horas esperando

- Porque você demorou tanto? - Perguntei e ele mordiscou o lábio

- É complicado... - Ele deu de ombros - Para ser sincero não queria te contar sobre isso agora

- Porque não?

- Porque pode estragar nosso lance! 

- E nós temos um lance? - Arqueei uma sobrancelha

- Não sei, temos? - Ele disse com um sorrisinho de canto

A noite se estendeu devagar, tomamos algumas cervejas quentes que tinham naquele frigobar caindo aos pedaços e assistimos filme péssimo que estava passando na televisão

Conversamos por horas e quando mais conversávamos, mais eu via quem era o cara por trás daquela máscara de rimador de freestyle, um cara quebrado por dentro, com uma vida de merda mas que ainda tinha esperança em si mesmo 

- O que é isso? - Perguntei pegando um papel cheio de rabiscos

- São letras de músicas - Ele disse vindo até mim - Digamos que aqui também é meu estúdio as vezes 

Observei a letra escrita no papel e abri um sorriso, ele não era só um branquelo gato, ele realmente tinha talento

 Coloquei o papel na mão dele e sentei na mesa com minha garrafa de cerveja na mão, ele ficou me olhando confuso até eu estender minha garrafa para ele

- Canta pra mim - Falei sorrindo

- Nem pensar - Ele disse rindo 

- Ah qual é? Se você gravar isso, vai viralizar no mundo inteiro, deixa pelo menos eu ouvir a versão acústica antes da sua fama - Estendi a garrafa para ele outra vez 

- Só o refrão - Ele pegou a garrafa

Fiquei o olhando com um sorriso ansioso esperando pelo primeiro verso, ele apenas ajeitou o capuz do casaco e simulou um microfone com a garrafa

"You heard of hell well I was sent from it. I went to it's surface and sentenced for murdering instruments. Now I'm trying to repent from it. But when I hear the beat I'm tempted to make another attempt at it. I'm Infinite"

Ele não apenas cantava, ele me fazia sentir a música nos meus ossos, meu sorriso se apagou e deu lugar a uma expressão de puro choque e surpresa, apenas aquele refrão cantado duas vezes foi suficiente para mim

- Pare de me olhar assim, é esquisito - Ele disse deixando a letra da música ao meu lado

- Você precisa gravar isso! - Falei com convicção 

- Com a vida que eu levo, difícil vai ser conseguir um estúdio que me queira - Ele disse com um certo sarcasmo 

- Que se foda, vamos dar um jeito de gravar isso! - Novamente falei com convicção - Vou te ajudar nessa

Ele não disse nada, apenas sorriu de canto olhando para mim como se tivesse aceitado minha humilde "ajuda"

Como eu iria ajudar? Não sei, mas eu ia! Diferente de muitos, eu enxergava potencial de longe

Marshall e eu ficamos em silêncio, frente a frente nos olhando, até ele tomar atitude colocar a mão na lateral do meu pescoço e acariciar levemente com o polegar

- Posso te compensar pela noite da festa? - Ele perguntou rindo e eu apenas assenti

Ele colou nossos lábios devagar em um beijo com leve gosto de cerveja barata, a mão que estava em meu pescoço novamente me acariciou enquanto a outra mão dele foi de encontro até minha cintura

Correspondi ao beijo na mesma intensidade e levei as duas mãos até seu rosto acariciando o mesmo, as mãos firmes estavam ambas em minha cintura e apertaram firme e fazendo sorrir de surpresa

O rapaz me suspendeu da mesa onde eu estava sentada e sem ao menos separar nossos lábios se encaminho até o sofá, deitando no mesmo e ficando por cima de mim, sem pressa nenhuma como se o a noite houvesse parado apenas para nós ficarmos ali

Senti a mão um pouco gelada adentrar minha blusa e acariciar minha costela subindo lentamente para meu seio direito, involuntariamente acabei por soltar um sorriso malicioso contra os lábios dele 

Deslizei minhas mãos por seu cabelo tirando seu capuz e consequentemente a touca qual ele usava também, nesse momento já estamos começando a ficar ofegantes, com a mão direita comecei a empurrar o casaco de seus ombros

Até alguém bater na porta


Capítulo 7 - Check ✓

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Lose Yourself - EminemOnde histórias criam vida. Descubra agora