PARTE 7

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Was I stupid to love you?

Was I reckless to help?

Was it obvious to everybody else

That I'd fallen for a lie?

NO TIME TO DIE - Billie Eilish


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Os rostos eram totalmente desconhecidos. As armas, tão familiares, eram apontadas para mim em vez de por mim. Um deles, um sujeito que eu não reconheci, mas que parecia ser o líder da missão, me abordou, ordenou que eu me rendesse e anunciou que eu estava sob a custódia do Conselho da Paz por violar a harmonia da cidade, assassinar companheiros da mesma espécie e colocar vidas humanas em risco. 

Ri perante a última acusação. Somos vampiros, eu quis retrucar, nossa mera existência já é um risco a toda a humanidade.

Sem resistência, fui algemada e colocada num carro blindado, vigiada a cada instante da viagem de horas até a sede da Morada da Lua Minguante. O trajeto fez memórias retornarem com força — e só então me dei conta do quanto eu havia mudado. A perspectiva de tempo sem um relógio é uma coisa traiçoeira. Eu não fazia ideia de quanto tempo havia se passado desde que me separei de meu mestre, mas, se tivesse que estimar pela maneira como me sentia, eu diria que meia vida havia transcorrido. Existia uma evidente separação entre quem eu fui antes daquela fatídica noite e quem eu era agora. 

E, no meio de tudo, como agente fundamental para minha transformação, estava Qimir. 

Ele era como a minha própria cicatriz — estava marcado em mim para sempre, de uma maneira que jamais conseguiria apagar mesmo que quisesse. Fiz uma prece tola ao Destino. Por favor... coloque Qimir no meu caminho outra vez. Não importa como. Coloque ele do meu lado, onde sinto que ele pertence.

Fui levada à área de contenção — porque não usávamos a palavra "prisão" na sede da Morada — e colocada numa cabine de autoavaliação — porque "cela" era inadequado para pacifistas. Era... ridículo. Só agora eu percebia as inúmeras pequenas hipocrisias que compunham o estilo de vida medíocre e pretensioso dos vampiros a quem eu sonhava me juntar.

— Seu caso será levado ao Conselho e julgado — disse o líder da missão, olhando para mim como se eu fosse um inseto.

— Quando?

Ele fechou a porta da cabine sem responder.

— Solicito uma audiência com Sol! — gritei, batendo no metal envelhecido.

— Líder Sol já foi informado da sua chegada.

Congelei. Sol já sabia que eu estava ali? Encolhi-me num canto da cabine e abracei os joelhos. Comecei a me preparar para reencontrar meu mestre, para explicar minha situação e para fazer o mais desesperado dos apelos: a súplica por minha libertação. Ou, na pior das hipóteses, para que me deixassem viver. Eu encontraria uma maneira de fugir mais cedo ou mais tarde.

SANGUE DO MEU SANGUE | OSHAMIR fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora