Eu te ensino

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— Caralho o pão! - Kelvin falou alto se levantando e correndo para a cozinha.
Ele desligou o forno imediatamente e tirou de lá a forma com a ajuda de uma luva de cozinha. Ramiro o encarava assim como a mulher que, com uma expressão confusa, ia de um adolescente a outro.

— Hm… oi querido. - Disse ela em cumprimento a Ramiro e logo se virou para seu filho. — Kelvin?

— Ah… oi mãe. - Disse o menino ainda concentrado em abanar a fumaça que saia de seu pão. — Olha, não tá tão torrado, acho que ainda dá pra salvar… ai que droga, não acredito que deixamos queimar.

Ramiro se sentiu tímido por um segundo e se levantou enfiando as mãos nos bolsos.

— O que vocês estavam fazendo? - Ela perguntou meio desconfiada olhando ao redor.

— Jogando… - Ramiro falou apontando para tv.

— Cozinhando - Kelvin respondeu ao mesmo tempo. — Quer dizer, eu queria pão e assei alguns, mas esse aqui a gente esqueceu e bom queimou um pouco. - Ele riu nervoso olhando sua mãe. — Nossa… você chegou cedo?! - Que droga, completou em pensamentos.

— Hm… - Ela apertou os olhos deixando a bolsa em cima do sofá, Ramiro suava frio com o olhar da mais velha. — Jogando né… sei… só os dois? - Ela apontou de novo de um para outro e se virou para Ramiro o analisando. — E sua irmã Ramiro, tá aqui também?

— É… - Ramiro começou mas foi logo interrompido.

— Não né, mãe! Que ideia. - Kelvin negou imediatamente enquanto abria as janelas.

Dona Ana não pode deixar de perceber como ele falou, como se o que tivesse dito fosse a coisa mais absurda do mundo. Ela arqueou as sobrancelhas e semicerrou os olhos em seguida.

— Ela não é sua amiga? - Perguntou num falso tom de inocência.

— Mãe! - Kelvin falou travando o maxilar, sentindo seu rosto queimar e um misto de vergonha o inundar. Ele quase implorava com os olhos para ela parar de falar. — É claro que ela é minha amiga, mas…

— Ahram… - A mulher murmurou. — Mas hoje não, que ideia, né?

— Mãe! Por favor. - Disse sem mover os lábios e apertando os dentes um no outro. — Meu Deus, que vergonha. - Kelvin sussurrou cobrindo o rosto com as mãos.

— Só estou tentando entender essa nova dinâmica. - Ela novamente apontou de um adolescente para outro várias vezes.— Até ontem estavam gritando um com o outro… né Ramiro?

— Si-sim… sim! Eu acho. - Ele gaguejou e coçou a nuca se recompondo rapidamente. — Quer dizer, nós nos resolvemos. Estamos de boas de novo.

— É eu to vendo… que bom, que bom meu filho…

Kelvin contornou o balcão e andou até Ramiro segurando sua mão num gesto sem pensar. Ramiro agora podia ver o rosto do mais novo completamente corado, o que o fez soltar um risinho anasalado e relaxar os ombros.

— Rams, acho… - ele falava meio incerto e Ramiro apertou a mão dele o encorajando —, quer assistir a série lá no meu quarto? - Ramiro concordou com a cabeça e um sorriso de canto começou a brotar em seu rosto, mas logo ouviram a mulher pigarreando e voltaram a atenção a ela, soltando as mãos.

— Quer dizer, tudo bem tia Ana?

A mulher cruzou os braços, torceu o nariz e espremeu os olhos antes de balançar a cabeça em concordância.

— Hm… Tudo bem… vão lá… - Kelvin soltou o ar que estava prendendo e segurou novamente a mão do Ramiro, o puxando levemente para irem logo antes que a mulher falasse outra coisa.

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