Céu estrelado

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As luzes amarelas iluminavam o céu do antigo quartinho de ferramentas, as almofadas jogadas no chão formavam uma espécie de cama para os adolescentes deitados ali, no fone compartilhavam uma música do Coldplay. Kelvin estava deitado de bruços se apoiando no antebraço e Ramiro estava de barriga para cima encarando o céu estrelado.

— Você acha que vamos ficar assim pra sempre? - Kelvin perguntou enquanto tocava os dedos do outro com as pontas dos seus.

Ramiro encarou aqueles olhos grandes e amendoados enquanto a melodia chegava em sua orelha esquerda “and you know, for you, I’d bleed myself dry”.

— Não sei - foi sincero —, tento não pensar tanto no futuro.

— Por que não?

— Você pensa? - Kelvin assentiu e riu.

— Eu sou ansioso, penso muito sobre tudo o tempo todo. É uma droga.

— Tudo sempre muda, então não faz diferença, eu acho… eu tento não antecipar as coisas e sofrer com isso. - O ruivo murmurou e Ramiro entrelaçou seus dedos. — Mas… eu iria gostar de ficar assim com você pra sempre. - Kelvin rolou os olhos com o sorriso ladino surgindo em seus lábios.

— É mesmo?

— Uhum.

Ramiro os girou nas almofadas ficando por cima dessa vez, suas mãos ainda entrelaçadas no alto da cabeça do ruivo, o olhar que compartilhava o sorriso de seus lábios. Suas bocas que como imãs, se juntavam em selinhos encaixados, em meio a sorrisos que iam se acalmando conforme suas línguas se reconheciam e se adoravam. Kelvin levou sua mão livre ao pescoço do outro e enterrou suas unhas no começo da nuca adentrando os cachinhos e tornou a descer, raspando suas unhas fortemente na pele exposta. Ramiro estremeceu e se afastou de imediato.

— Eu já vou. - Disse ele ofegante e se sentando.

— Tudo bem? - Kelvin perguntou meio confuso e também se sentando.

— Sim, eu só… tenho que ir. - Disse fugindo do olhar do outro e se levantando. — Er… Tchau.

— Ei, espera. - Kelvin levantou e o alcançou. — Me avise quando chegar, ta?

Ele murmurou um “ta” e selaram seus lábios rapidamente antes de Ramiro ir embora praticamente correndo. Kelvin guardou as coisas pensando no que poderia ter causado aquela reação em Ramiro e não fazia ideia do porque ele foi embora daquele jeito. Ele voltou para dentro no momento em que recebeu uma mensagem de Ramiro avisando que já tinha chegado em casa. Logo adormeceu. Ramiro por sua vez tomou um banho gelado e demorado antes de enfim ir dormir.

Sexta feira
09:42 am.

Kelvin estava animado, sempre assistia aos jogos por querer ser da comissão dos eventos e cobrir a matéria para o jornal na escola. Queria cursar jornalismo e achava que isso ajudaria de alguma forma. Ter experiência para falar em frente as câmeras, apesar de gostar mais do entretenimento do universo pop e não dos esportes em si, qualquer coisa que pudesse aparecer ligado a escola ele estava lá. Filmando, falando com a galera e escrevendo para o blog do jornal. Graça era a âncora junto com Daniel, eles ficavam bonitos nas câmeras, e funcionam bem juntos.

Agora, como combinado anteriormente com seus amigos, estavam todos na casa de Caca, enfurnados especificamente no seu quarto enquanto o mesmo maquiava Berenice. Kelvin estava sentado na cama pintando a unha do seu dedo mindinho de preto, enquanto Ina colocava alguma música da Beyoncé para tocar.

— Amigo, posso te perguntar uma coisa? - Caca perguntou levantando o olhar brevemente antes de voltar a colorir o rosto da amiga com tinta amarela.

— O que? - Kelvin perguntou soprando a unha, Iná sentou em sua frente e esticou as mãos. — Não vou pintar suas unhas não, querida.

— Nossa, mas não faz uma pra Deus ver, hein?! Ingrato. - Ela reclamou tomando o esmalte da mão do ruivo.

— Então, - Caca tornou a falar —, você tá ficando com alguém?

— Como assim?

— Ficando ué, beijando, saindo, namorando, de rolo, trocando salivas etc.

— Por que?

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