Capítulo 8.

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Philipe golpeia o rosto do primeiro infectado que tenta atacá-lo e a criatura recua com a mandíbula quebrada. Em contrapartida, o pedaço de madeira que o jovem usa como arma partiu-se ao meio. Ele se agacha rapidamente e pega a outra parte, segurando uma em cada mão e fica em posição para resistir a próxima investida. No momento em que o zumbi com a cara deformada se preparava para uma segunda investida, o estampido ecoa no beco, sangue espirra em Philipe e a criatura cai aos seus pés com um buraco na nuca. As outras quatro se viram para a rua onde o homem com a PT92 está na entrada do beco pronto para os próximos disparos que, assim como o primeiro, são certeiros e abatem o quarteto da morte.

— Vem, garoto! - acena para Philipe freneticamente.

Ainda em choque, Philipe permanece imóvel encostado à parede, olha para seu salvador a uma distância de cinquenta metros e quando finalmente se move é como se carregasse um peso adicional nas pernas. Ainda trêmulo, vence o medo e segue o homem pela rua. Mais infectados chegam pela esquerda e ele atira novamente acertando três. Aponta para o zafira preto com a porta do motorista aberta, Philipe dá a volta no veículo e abre a porta do carona acomodando-se. O homem entra na sequência e bate a porta. Zumbis se jogam sobre o capô, ele dá partida, engata a marcha a ré e pisa no acelerador derrubando os infectados. Afunda o pé no freio, pisa na embreagem engatando a primeira e acelera novamente indo para frente, desviando dos caminhantes no chão.

— Tudo bem? - questiona olhando rapidamente para Philipe. Agarrado a alça de segurança e com as costas colada no banco, o jovem assente com um movimento rápido de cabeça. — Qual o seu nome?

— Philipe.

— Sou Alexandre.

Fora de perigo e a salvo da morte horrível praticamente certa minutos atrás, Philipe respira fundo algumas vezes e passa a analisar o motorista. Alexandre beira a casa dos trinta anos muito provavelmente, esguio e um pouco acima do peso, sua pele é parda e os cabelos escuros caem sobre a testa e alguns fios chegam a grudar por conta do suor, veste uma calça social cinza e camisa branca do mesmo estilo. Na manga direita há uma mancha de sangue e por baixo do pequeno rasgo é possível ver uma bandagem cobrindo a pele. Desvia o olhar para a .45 no painel.

— Não precisa ter medo. - Alexandre percebe o olhar dele para o armamento.

— Não tenho... Ah... Obrigado por me salvar... - Philipe se enrola nas palavras. — Você tá legal? - aponta para o ferimento no antebraço direito.

— Foi só um arranhão saindo da empresa que trabalho... - desconversa sem desviar os olhos do parabrisas. — O que estava fazendo para acabar encurralado daquele jeito?

— Levei aquelas coisas pro beco para ajudar meus amigos... - Philipe fala e sua expressão muda subitamente ao se lembrar dos outros. — Eles ainda estão na rua, pode ajudá-los também?

— Onde eles estavam quando se separaram?

— Estávamos perto da loja de eletrônicos... Não sei a direção, só sei que corri muito até acabar naquele beco. - Philipe fala claramente confuso.

— Sei onde é. Passei por lá há poucos minutos, estava repleta dessas coisas. - Alexandre fala.

— Pode ajudar eles também? - Philipe questiona com expectativa.

— Vai me desculpar, mas não volto lá. Daqui pra linha amarela é um pulo. - Alexandre se recusa.

— Pare então, eu vou descer. - Philipe diz abrindo a porta.

Alexandre breca o carro no mesmo instante e se inclina sobre o banco do carona, puxando a porta e fechando novamente.

— Você não quer sair desse carro, garoto. Não abra essa porta de novo, ouviu? - Alexandre sibila as palavras com o dedo apontado contra o rosto de Philipe.

Brasil: A QuedaOnde histórias criam vida. Descubra agora