FLORESCER - Imagine Izana Kurokawa

2. Borboletas

NO MESMO HORÁRIO, na semana seguinte, outra vez o ônibus particular da E.I.M parava em frente ao Centro de Detenção Juvenil, despejando alunos voluntários de idades variadas e seus professores.

Você desceu tentando disfarçar a empolgação para ver a reação de Izana ao descobrir que teve as palavras levadas a sério. Desta vez nem sequer prestou muita atenção nos procedimentos de entrada, as orientações e os planos do dia no breve encontro com coordenadores e demais responsáveis, e apenas dirigiu-se assim que pôde para o espaço de recreação interno, escolhendo o mesmo cantinho acolhedor da semana passada. Você deixou sua bolsa escolar de lado após pegar a caixa de mochis e a repousou em cima da mesa à sua frente, quase como uma espécie de apresentação para ele.

Respirou fundo e o aguardou pacientemente pelo que pareceram alguns poucos minutos.

- Eu espero que você não tenha esquecido do meu chá.

Você riu com o nariz antes de se virar e encarar Izana sendo acompanhado pelo mesmo guarda sério da outra vez, que apenas acenou com a cabeça para você e impulsionou o menino para frente de leve, murmurando um "comporte-se" antes de se virar e deixá-lo com você.

Você acenou para ele e se inclinou para puxar sua garrafa térmica de dentro da bolsa, se livrando do lenço ao redor dela que protegia a bolsa da umidade; Isso claro, enquanto Izana contornava a mesa para sentar à sua frente.

- Pois bem, senhor, permita-me verificar o pedido: Mochis salgados e doces, acompanhado por chá verde gelado com cinco ou seis pedras de gelo. - Empurrou o "pedido" para ele, ainda se dando ao trabalho de tirar a tampa da caixa como uma verdadeira chef gourmet faria para apresentar sua criação. Izana olhou para aquilo tal qual um gato mimado julgando a aparência da sua comida. - Infelizmente o serviço terá que ficar devendo o jarro de vidro por razões da minha mãe não deixar eu trazer, mas ainda assim, espero que esteja do seu agrado.

- Heh, eu nem consigo imaginar o motivo dela não deixar você trazer algo assim para um reformatório... - Ele jogou uma das pequenas massas circulares dentro da boca e mastigou num entusiasmo contido.

Obviamente, não era todo dia que ele teria a oportunidade de comer algo que realmente gostasse. - E caramba... aquilo estava delicioso!

A textura macia e pegajosa do arroz se misturou perfeitamente com o recheio de feijão azuki, ambos tão suaves que era inevitável a sensação de estar salivando enquanto mastigava.

- Ah, eu deixei um palito dentro, se quiser, sabe... - Você gesticulou como se enfiasse um palito invisível em algo, apesar dele já estar no terceiro mochi.

- ...É claro que deixou. - o delinquente orgulhosamente jogou para debaixo do tapete a afobação e limpou a garganta antes de dar algum veredito. - Bem, não é tão ruim. Até que dá para comer.

- Ah... verdade? Bom, então eu posso fazer melhor da próxima vez, você não precisa comer esses. - O meio sorriso sarcástico nos seus lábios aumentou quando mãos rígidas e um pouco maiores que as suas impediram sua tentativa de pegar a caixa de volta. - O que? Pensei que não estavam lá aquela coisa.

Ele apertou os lábios e teve dificuldades em formular a próxima frase.

- Estão deliciosos. Me devolva... ugh, por favor? - O garoto pronunciou a última parte como se doesse.

Seu sorriso suavizou e você fez que sim com a cabeça, o que levou-o olhar para baixo um pouco encabulado antes de soltar as suas mãos. Em seguida, ele arrastou a caixa de volta para si mesmo e pegou o palito que você apontou, escolhendo os salgados primeiro.

Aquela cena fez com que você inevitavelmente o assemelhasse com Rokuro quando este era teimoso em admitir que cenouras não eram a pior coisa que ele já colocara na boca. Claro, seu irmãozinho definitivamente não falaria com você como Izana fala, mas se agir como um menino mimado era tudo o que ele poderia fazer, então estar com ele não era nada mais do que ter um segundo Rokuro para lidar.