Smoke until you drop

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Assim como um cigarro, a vida chega ao fim, ela se esvair como a fumaça e resta as cinzas que se acolhem ao solo e são deixadas para alimentar os vermes. O cheiro de um cadáver não é tão ruim quando você se acostuma, o fedor das viseras e as marcas de sangue são menos assustadoras quando você já sabe que elas vão sempre te perseguir. Anthony já havia aceitado seu triste destino, desde que pois os pés naquela maldita cidade.

Nova York não é a mesma coisa que o lugar de onde veio, não tem sequer um idioma parecido. Seu coração sempre se apertaria quando viesse a mente as lembranças de uma época mais simples, aquela época em que seu irmão tinha orgulho de si, que sua irmã sempre estava ao seu lado... A época em que a maldita droga não era inalada por aquele canudinho e entrava pelas vias respiratórias, sujando seus pulmões e fodendo sua saúde.

Os olhos azuis já sem brilho desceram em direção ao cigarro em mãos, um de seus braços ainda estava preso pela maldita algema de pelúcia cor de rosa, uma música tocava na boate abaixo de onde estavam, seu companheiro terminava de se ajeitar enquanto cantava ao mesmo ritmo daquele som que fazia sua cabeça girar. Seus olhos já úmidos se apertaram enquanto o platinado engolia a vontade de chorar, ele já era um homen adulto e estava naquele maldito serviço a tanto tempo, mas ele não se acostumava nunca. Aquela maldita dor que lhe atingia o corpo desde que se conhecia por gente seria incômoda se ele simplesmente não tivesse aceitado silenciosamente esses abusos, ele era uma prostituta e transar era o seu maldito trabalho, então que diferença fazia se o desgraçado do cafetão preferia lhe espancar até a quase morte do que uma transa normal como qualquer maldito!.. Mais e claro que Val não pensava em ser como todos, não, na melhor das hipóteses pelo menos 2 garotas e 3 caras sumiriam ainda naquele ano, e também que diferença iria fazer? Durante o dia era um magnata da indústria de cigarros além de ter grandes empresas sobre seu nome era um excelente marido e tinha uma linda filha, mesmo que fosse acusado...

Ninguém ligaria pra uma prostituta, não interessa se ela foi abusada ou não, não faz diferença se ela morre ou está viva em um hospital. Tudo que importa e a maldita glorificação que vem com a mídia quando eles transmitem aquele maldito caso. Por que afinal de contas...

É isso que ele merece por fazer o que fazia...

- Angel cake's? - o apelido foi cantarolando com um tom doce e amável enquanto aquele homen se aproximava de si, Valentino Vellaz, esse era o nome do maldito cafetão. Um sorriso foi forçado enquanto o platinado erguia a face pra encara-lo, Val levou a mão até seu rosto e logo segurou seu queixo enquanto o puxava pelos lados pra ter uma melhor análise dos "estragos" daquela noite. - Ainda está bom, talvez uma base seja suficiente. Bem, você está dispensando por hoje Angel. - O homem afirmou enquanto soltava sua face, seus olhos pinicaram enquanto sentia a garganta formando um nó outra vez, mais mesmo com a indignação e todo o ódio presente ele se forçou a dizer aquelas palavras submissas e tão degradantes:

- Sim, V-valentino...

....
...
..
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Angel deitou-se na cama do quarto daquele lugar, seus olhos azuis estavam vermelhos e inchados de tanto chorar, depois de enfim chegar ao hotel de reabilitação ele já não tinha mais nada do que esconder. Ele finalmente podia desabar, finalmente podia chorar por ser uma maldita cadelinha de brincadeiras que só sabia sentar,rolar e dar a patinha. Com dificuldade sua mão tateou o colchão procurando algo, e logo parou ao sentir uma coisa molhada nela.

- Hey nuggys... - o mesmo chamou e logo o porquinho roncou animadamente enquanto se aproximava de sua face, o pequeno animou então começou a dar lambidas por toda sua face, se a maquiagem não tivesse sido limpa anteriormente durante o banho provavelmente ele iria impedir aquele gesto de carinho, mais sinceramente seu porquinho parecia saber melhor do que ninguém sobre o que ele precisava.

Truth be buried - Huskerdust Onde histórias criam vida. Descubra agora