Irina acordou cedo no dia seguinte, com o coração ainda pesado pelos sentimentos confusos que a perturbavam desde a noite anterior. Vestiu-se com cuidado, escolhendo um vestido simples, mas que valorizava suas curvas. Seu pai sempre dizia que ela deveria se orgulhar de sua beleza, mas Irina sabia que isso também a tornava alvo de inveja e desprezo, especialmente por parte da suprema.
Ela suspirou fundo, filhotes de lobo já estavam a todo vapor, brincando na grama e disputando quem era o mais forte. Irina sorriu ao vê-los, lembrando-se de quando também era uma filhote cheia de energia e sonhos.
Caminhando pela trilha que levava ao palácio, Irina encontrou alguns membros da alcateia, que a cumprimentaram com sorrisos e acenos. Ela sempre foi bem vista entre os lobos, mas sabia que o respeito deles vinha não só de sua aparência, mas também de sua habilidade como caçadora. Entretanto, aquele era um mundo onde a aparência ainda importava muito.
Ao chegar ao palácio, uma enorme construção de pedra que contrastava com a simplicidade das casas de madeira da alcateia, Irina foi recebida por uma das servas da suprema, uma mulher magra e de olhar severo.
- A suprema está esperando você no salão principal - disse a mulher, sem sorrir, indicando o caminho com um gesto brusco.
Irina assentiu e seguiu o corredor de pedra, que estava decorado com tapeçarias ricamente bordadas, representando cenas antigas de batalhas e momentos importantes da alcateia. Seu coração batia mais rápido a cada passo, o eco de seus sapatos de couro batendo ritmicamente contra o chão frio.
Ao chegar ao salão principal, avistou Lili sentada em um trono imponente de madeira escura, adornado com peles de lobo e detalhes em ouro. A suprema estava com um vestido longo de seda, seus cabelos loiros caindo em cachos perfeitos sobre os ombros. Ela segurava uma taça de prata, girando-a distraidamente entre os dedos enquanto observava Irina se aproximar.
- Chegou cedo, cadela - Lili disse, com um sorriso frio. - Isso é bom. Vamos precisar de muita dedicação sua hoje.
Irina forçou um sorriso, inclinando levemente a cabeça em respeito.
- Estou pronta para ajudar no que for preciso, suprema.
Lili levantou-se do trono, caminhando ao redor de Irina com a graça de uma predadora avaliando sua presa.
- Temos muito trabalho pela frente, Irina. Precisamos reorganizar o salão de banquetes e preparar os aposentos do supremo para uma visita especial que ele receberá em breve.
Irina tentou esconder a tensão que sentia ao ouvir sobre a visita especial. "Quem será essa visita?" Ela se perguntava, mas manteve o rosto neutro.
- Entendido. Vou começar agora mesmo.
Lili parou bem à frente de Irina, seus olhos estreitando-se em desconfiança.
- Não pense que não percebi o jeito como olha para o supremo, Irina. Eu conheço essa expressão - disse, com uma voz baixa e perigosa. - Fique longe dele. Ele já tem uma companheira, e você não é nada além de uma serva aqui.
Irina sentiu o sangue gelar. Ela sabia que Lili era uma mulher perigosa, capaz de qualquer coisa para manter seu status. Mas ela não podia deixar transparecer o medo.
- Eu não faria nada que desonrasse a alcateia, suprema. Só quero cumprir meu dever.
Lili soltou uma risada curta, que ecoou pelo salão vazio.
- Veremos. Agora vá. Comece pelos aposentos dele. E lembre-se, qualquer erro e será punida.
Irina assentiu e se retirou rapidamente do salão, sentindo o peso do olhar de Lili em suas costas. O palácio, que sempre foi um símbolo de poder e segurança para sua alcateia, agora parecia mais um labirinto de perigos, onde cada passo poderia ser fatal.
Ao chegar aos aposentos do supremo, Irina parou diante da porta pesada de madeira esculpida com símbolos antigos. Respirou fundo antes de empurrá-la, tentando acalmar os nervos.
O interior era espaçoso, mas simples, como se o supremo preferisse funcionalidade ao invés de luxo. Havia uma enorme lareira no canto, com peles de lobo espalhadas no chão e uma cama imensa, de madeira escura e lençóis de linho. No centro do quarto, sobre uma mesa de pedra, um mapa da região estava estendido, com anotações feitas à mão e pequenos objetos de guerra organizados em volta.
Irina começou seu trabalho, organizando o quarto com cuidado, mas não conseguia deixar de sentir uma estranha conexão com o lugar. Era como se a presença do supremo estivesse impregnada em cada objeto, em cada detalhe. Ela queria saber mais sobre ele, entender o que o tornava tão inacessível, e por que seu coração insistia em bater mais forte toda vez que pensava nele.
Enquanto terminava de organizar os aposentos, uma fragrância familiar invadiu suas narinas. Lírios. Alguém estava se aproximando. O coração de Irina acelerou. Ela se virou e encontrou o supremo na entrada do quarto, observando-a em silêncio.
Ele estava em sua forma humana, alto e imponente, com aqueles olhos vermelhos que a perturbavam tanto. Seus cabelos negros caiam em ondas desordenadas sobre os ombros, e sua expressão era difícil de ler.
- Irina - ele disse, sua voz grave reverberando pelo cômodo. - O que está fazendo aqui?
Ela sentiu suas mãos tremerem levemente enquanto respondia.
- A suprema me pediu para organizar seus aposentos, supremo. Estou apenas cumprindo minha tarefa.
Ele deu um passo à frente, seus olhos penetrantes não desviando dos dela.
- Isso é tudo?
Irina engoliu em seco, sentindo a tensão no ar. Ela sabia que estava pisando em terreno perigoso.
- Sim, supremo. Apenas isso.
Ele não respondeu de imediato, mas continuou a observá-la com aquele olhar intenso que fazia sua pele arrepiar. Por um momento, Irina pensou que ele podia ouvir seus pensamentos, sentir seus sentimentos confusos.
Finalmente, ele se afastou, caminhando em direção à mesa onde o mapa estava estendido. Ele olhou para o mapa, mas parecia perdido em seus próprios pensamentos.
- Vá. E não se envolva em assuntos que não são referente as caçadas, Irina.
Ela assentiu rapidamente, fazendo uma reverência antes de sair do quarto, seu coração ainda batendo descontrolado. Ao fechar a porta atrás de si, sentiu as pernas tremerem.
"Por que meu coração insiste em amá-lo?", ela se perguntou novamente, lutando para manter a calma enquanto se dirigia ao próximo local de trabalho. Sabia que aquele sentimento era perigoso, mas também sabia que era algo que não podia simplesmente apagar.
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Supremo Alpha: entre o amor e ódio
LobisomemQuão longe um amor pode te levar? Amar alguém que te odeia e despreza profundamente. Sofrer por alguém que já tem outra pessoa. Irina carrega essa dor. Ama o seu supremo, mas ele já tem uma companheira, e a única coisa que ele sente por Irina é um p...