Capítulo 5: Perguntas

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Quando Lyra acordou tudo estava em silêncio, não havia nem vento. Nunca presenciara uma manhã tão calma. Quando levantou da cama percebeu que as meninas já haviam levantado então foi procurá-las.

Na sala não tinha ninguém. - Fen! -chamou, mas não obteve resposta.
- Betsky! - pronunciou em alta voz. Também nada.

Já que elas não estavam em casa resolveu fuçar o armário para ver se encontrava algo de comer, mas depois de abrir uma das portinhas ficou com medo. Não conhecia nada daquele mundo, não saberia o que podia comer e o que não. Tudo era muito desconhecido e estranho, isso a deixou com raiva. Sabia que demoraria muito tempo para conhecer tudo daquele universo. Tinha certeza que Fen não se importaria em responder todas as suas perguntas.

Ela foi até a porta e olhou a paisagem que parecia a observar de volta. Um belo dia, um dia deslumbrante. Pensou em sair mas de repente lhe veio algo em mente, a curiosidade a atingiu. Sua avô sempre descrevia o mundo do outro lado do rio como algo místico, por isso sua desconfiança por tudo, e naquele momento ela queria explorar, resolver não sair, queria ver tudo que de diferente que podia.

Foi até o quarto das meninas, tinha um baú perto da cama que elas dormiram juntas. Tentou abri-lo, "droga" estava fechado. Foi até o armário perto da janela, que estava aberta. Conseguiu abri-lo.

Varias bolinhas pequenas coloridas com formas estranhas. Uma bola de vidro com fumaça branca dentro. Várias agulhas grossas e afiadas que pareciam de chumbo meio claro e com riquinhos do lado que curvavam até a ponta.
Um negócio de espanar feito de um pelo loiro, tinha um cheiro esquisito. Parecia ser de algum animal, um cheiro que lembrava a cor beje e sal amarelo torrado e outras e outras coisas.

Ficou assim a tarde inteira, até que adormeceu ali no chão mesmo.

Quando acordou estava tudo ecuro e azul. Seu peito acelerou. "As meninas!" lhe veio à mente, nunca pensou que sentiria tanta vontade de vê-las um dia.

Infelizmente seu peito parou quando chegou na sala e não viu ninguém. Assustada olhou no relógio da parede acima do armário, ainda era cedo. Rapidamente voltou para o quarto para ver se elas estavam dormindo ali do seu lado. Nada. A não onde elas estão? Cadê elas? Elas não viajariam sem me avisar, já sei, devem ter ido longe ou deve ter acontecido algum imprevisto. Será que deixaram uma carta? Um papel escrito?

Lyra procurou. Procurou no quarto em cima da cômoda, procurou na cozinha mas nada. Não estou entendendo, porque tudo isso? Estou confusa, tudo está muito confuso.

Ela foi pro quarto dormir, pelo menos tentar. Ainda não tinha acabado a noite, quiz esperar até amanhecer, elas poderiam chegar ao amanhecer. Continuou pensando: Mas um dia e meio, na verdade um dia e... Foi então que na hora seu peito acelerou, "esqueci a porta da sala aberta". Levantou correndo mas desacelerou. Poderia ter entrado alguém.

Depois de espiar a sala ainda da porta do quarto ficou um tempo ali dentro escutando se estava tudo em silêncio.

Estava quieto. Olhou mais uma vez a sala e foi correndo em direção a porta. Começou a tentar fecha-la. Haviam vários trincos ainda bem. Fez força. Seu peito acelerava rápido.

Respirou aliviada enquanto voltava correndo para o quarto. Trancou na velocidade da luz a janela também.

Parou para respirar. "Anão" correu novamente. "pode ter outras janelas." Foi até a sala, meio que sabia que no espacinho que dava até a porta do banheiro não teria mas mesmo assim checou. Abriu as cortinas beje. Olhou para os lados. Nada. Resolveu abrir a porta dele só pra conferir. Não conseguiu então deixou para lá. Depois de olhar tudo voltou de pressa para o quarto.

Ufa, Páz...

Deitou. Fechou os olhinhos aflitos e ficou lá de peito para cima. Na hora lembrou de trancar a porta do quarto. Não conseguiria descansar sabendo que estava sozinha naquela casa escura e a porta estava aberta olhando para ela.

De novo se deitou.

Ufa. Se sentia suada e quente, mesmo no frio. Puxou o ar profundo elevando o peito magro.

Sentia-se muito indefesa.

Queria ser mais forte, forte o suficiente e não temer nada daquele mundo.

Forte para ir a qualquer lugar. Poderosa, e mágica. Era isso que queria ser naquela noite.

Não precisar de ninguém, nenhuma menina para se sentir segura.

"DÁHDÁH!!!!"

Um barulho alto. Levantou rápido.
"A porta" lembrou. "E agora???? Não é elas certeza"
"O que eu faço?" "O que eu faço?" Não vou abrir, não vou abrir. É só não abrir

"DÁHDÁHDÁH!!!!"

De novo. "Anãooo!" Não vou abrir! Não vou!

"DÁHDÁH!!!!"

Sai, sai. "Ele vai ir embora, não tem ninguém" Não tem ninguém

"DÁHDÁHDÁH!!!!"

Ela deitou. Colocou as mãos em cima da cabeça, sem tapar o ouvido. Se encurtou de lado na cama.

"DÁHDÁHDÁH!!!!"

- Lyra! - Uma voz grande pronunciou.

Tudo parou.

A noite se acalmou.

Silêncio total.

Respirou fundo.

Ufa.

Puxou ar, parou, e se acalmou.

"Espera" pensou.

Tudo continuou em um confortável silêncio por um tempo.

Calmaria.

Quietude.

"Acabou?" Perguntou-se

- Lyra?!!!!, você está aí? Sou amigo das fadas.

"Fadas?"

Lembrou delas.

- Elas foram para longe, resolveram não te avisar...

São brincalhonas...

A menina foi até a porta e tirou seus trincos.

Abriu...

Era um gigante barbudo com uma face gentil.

Ao ver o rosto dela, sorriu.

Continua...

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