Crônica De Luz Eterna

Capítulo 6: O voo

- Q, quem é você?

- É um prazer finalmente conhecê-la, meu nome é Rovald, gigante rovald! - deu uma risadinha.

- Pra onde elas foram? As fadas? - perguntou rapidamente.

- Partiram de manhã.

- Pra onde?

- Para as montanhas brancas, lá receberão suas asas.

- Entendi.- disse.
Veio me avisar?

- Sim, e mais uma coisa, você vai vir comigo em uma viagem.

- Viagem? Pra onde? - perguntou surpresa.
- Você verá. - Disse começando a entrar na casa. Ela tomou um susto mas conseguiu se desviar colocando as costas na parede ao lado. Não iria se machucar de qualquer jeito foi só instinto.

- Sabe se as fadas fizeram chimanti?
- Que isso? - perguntou ela.
- Deixa pra lá - respondeu.

Ele começou mexer no armário das meninas. A garota o observava fixamente. Por dentro estava feliz em saber que finalmente sairia daquela casa escura e não estaria mais sozinha.

Ele procurava e procurava. Fuçava o negócio inteiro, cheirava as vasilhas, jogava elas no chão mesmo. "Porque ele tá bagunçando?" Pensou ela. "Tá procurando alguma coisa?"

Alguns segundos depois pegou uma vasilha de metal ou algo do tipo que havia tirado de lá de dentro e colocou no chão. Logo após mais alguns retirou uma vasilha das de madeira e foi em direção a mesinha que era de preparar comida. Ele colocou água, usou o forno para esquentar, e uns minutos mais tarde sentou no sofá e começou a tomar aquilo que havia preparado.
- Já vamos - disse.
Lyra se aproximou do sofá e sentou no chão ao lado dele, perto da parede distante da porta. Nunca teria coragem de ficar perto da porta naquela hora da noite. Não fechou a ela por precaução, ainda não confiava cem por cento no gigante, embora estivesse se sentindo mais segura do que apreensiva.
- Que cê tá tomando? - perguntou Lyra.
- É uma bebida bem quentinha pra deixar mais acordado e esquentar nesse frio.

Ficaram ali em silêncio por uns seis minutos.

Só se ouvia o crepitar das fagulhas da lareira, e o vento lá de fora.

De repente Rovald colocou a vasilha no chão ao pé do sofá e se levantou.

Se dirigiu até a porta.

- Bora! - pronunciou.

Lyra sem exitar caminhou rápido para fora.

O gigante mexeu em uma grande bolsa de couro marrom meio escuro que ficava em sua cintura, só de olhar parecia ter muitas mas muitas coisas ali dentro, de um dos bolsinhos que haviam nela, na parte da frente, um em cima do outro, retirou uma chave no formato parecido com a de um coração, quase como um triângulo invertido com vários desenhos rudimentares e fechou a porta da residência.

Ele virou para o lado e caminhou em direção a algo muito grande, era um bicho peludo que lembrava um urso só muito mais peludo.
Ele subiu nele, logo em seguida disse, - vou colocá-la em cima dele - e pegou a menina com as mão e a posicionou em cima da criatura atrás de suas costas.
Essas cordas vão protegê-la do vento, de repente várias surgiram amarrando a forte e prendendo-a.
Era meio desconfortável.

- Vai! - Gritou ele, sem nenhuma aviso, Lyra sentiu uma pressão enorme e quando viu, já estavam no ar, e o vento soprava ameaçadoramente.

Ao olhar para baixo via apenas a grama escura quase preta lá de baixo bem, bem distante.

Ela mantinha os olhos fechados, tentava dormir, mas não conseguia. Pensava em coisas aleatórias e às vezes olhava para baixo.

Após uns quinze minutos viu o que parecia ser uma tempestade de areia lá em baixo.
"Será que é o deserto que as meninas tinham falado?" pensou.
- Onde estamos indo? - gritou, mas o soprar do vento era altíssimo.
"Será que ele é amigo delas mesmo?" Veio um medo em seu peito mas pensou bem em tudo que ele falou e em seu rosto bondoso e acreditou que era a opção mais provável. Sabia que era tudo que lhe restava agora.

Lyra fechou os olhos e adormeceu. Não sonhou com nada, apenas adormeceu por umas duas horas.

Quando acordou olhou para baixo, o deserto ainda estava lá.

"Ainda?" Pensou, decidiu dormir de novo, agora por mais tempo para ver se ele sumia. Demorou mais conseguiu.

Por algum motivo ela se sentia muito feliz e ansiosa, talvez fosse a sensação da liberdade que não tinha há muito tempo. Ou esperança de que talvez o lugar onde estavam indo fosse o reino de luz eterna. Por algum motivo queria muito conhecê-lo. Sentia no peito uma vontade grande de chegar nele. Mas não tinha certeza, poderiam está indo para qualquer outro lugar mas sabendo que era logo depois do deserto, o lugar mais próximo mantinha um pouco sua pequena esperança.

Ela acordou. Sentia que havia dormido para caramba agora, mais ou menos umas oito horas. Até esqueceu por alguns segundos o que ia fazer mas depois lembrou de olhar para baixo.

O deserto ainda estava lá.

"AAAAAHHHHHHHHHHHHHH"

Gritou.

Continua...